. 2 . Mais Fortes Juntos

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Como em praticamente todas as noites anteriores da minha vida – o que não é nem de longe um exagero dizer, porque não tenho lembranças de dormir todas as horas de uma noite inteira sequer, talvez quando eu era uma bebê isso tenha acontecido, mas não lembro dessa época –, e aparentemente essa semana está sendo só um pouquinho pior do que todas as semanas anteriores, estou sem sono algum. É isso o que acontece quando se tem um alto nível de estresse acumulado.

Já que dormir está se mostrando ser uma missão praticamente impossível, resolvi passar boa parte da minha noite de insônia na academia da base.

Estou tentando descarregar toda a minha frustração e energia acumulados em um saco de areia que parece ter o triplo do meu peso, após eu ter completado umas duas maratonas na esteira e fazer inúmeras séries de musculação – pelo menos não posso me queixar da minha stamina, resistência corporal, ela está cada vez melhor e mais alta.

A minha sorte é que a ferida em meu ombro, e as das costas e braços também, já cicatrizou e é isso que está me permitindo treinar hoje. E se a Simmons descobrir que estou fazendo algum esforço, sem seu precioso consentimento médico, ela me mata.

'Se consegue ouvir isso, você não nasceu na Terra'.

A voz de Vartox, naquela mensagem para Supergirl que por um mero e inexplicável acaso eu consegui escutar também, ecoa em meus ouvidos mais uma vez. Sua voz aparece do nada, como se fosse um fantasma me assombrando e me lembrando de que talvez eu não pertença à este planeta.

Essa específica parte da mensagem tem rondado minha cabeça desde o momento em que eu a ouvi. Se repete sempre, como uma música que você não gosta, mas mesmo assim ela fica martelando em seu cérebro constantemente e em um volume alto.

Isso quer dizer que eu não sou humana?

Certo, disso eu meio que já sabia há muito tempo.

Daisy e eu estamos classificadas como meta-humanos: humanos que desenvolveram ao longo do tempo ou nasceram com habilidades peculiares, habilidades sobre-humanas. Em palavras mais simples, temos poderes ou dons, como Hank os chama.

Eu mesma me encaixo na segunda opção. Eu nasci com as minhas habilidades ou como eu particularmente gosto de chamá-las: dores de cabeça imprevisíveis e chutes no saco inusitados – porque meus poderes muitas vezes aparecem e somem do nada.

Desde que me conheço por gente tenho essas habilidades específicas das quais humanos comuns e normais não possuem. Porém se eu fosse algum tipo de alienígena, acho que eu teria percebido em algum momento dessa minha vida.

'Se', dou um soco no saco de areia, 'consegue ouvir isso', mais dois socos seguidos um do outro, 'você não nasceu na Terra', e dou um soco mais forte, fazendo a corrente que prende o saco de areia no teto, ranger enquanto ele se move de um lado para o outro como se tivesse plumas e não muita areia em seu interior.

Se eu fosse uma alienígena Hank saberia disso e me diria. O que venho dizendo para mim mesma nos últimos dias é que ele não esconderia algo sobre mim mesma, de mim e também deve haver algum tipo de código de alienígena entre todos eles.

Mas se eu realmente fosse uma alienígena, explicaria porque eu sabia quem e de onde Hank, ou melhor J'onn, era na primeira vez em que o vi. A pele verde também ajudou a saber que ele era um alien, mas de algum jeito muito estranho eu sabia com toda certeza que ele era de Marte.

E se os meus poderes não forem por eu ser uma meta-humana, mas sim por eu ser uma extraterrestre? E se foi por causa disso que Hank foi até onde Daisy e eu estávamos naquela noite, porque ele sabia que eu não era da Terra e o código alien falou mais alto?

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