Capítulo 1

10 0 0
                                    

Universitários

 "Jovens são complexos. Há os que já nascem com um único objetivo, outros optam por viver da forma que odestino guiá-los."

 A madrugada fria e lúgubre. A melodia das gotas da chuva tamborilando pacientemente na vidraça da janeladaquele quarto. O cobertor azul marinho cobrindo as pernas do garoto. Seus cabelos castanhos são levementeescurecidos que destacam os olhos claros que sob a luz do sol tornam-se balas de caramelos. Baixo e semmúsculos, havia nele uma tatuagem de XXI abaixo da axila, cujo significado somente ele sabia, deixando comque todos indagassem sempre a respeito.Era sua última noite ali e também estava na última página do livro que lia. Quando finalmente terminou, pôs olivro abaixo de seu travesseiro e deitou-se, apagou a luz do seu abajur cinza e esperou. Finalmente o sonochegou.Acordou horas depois. Sentiu o piso gélido quando se esqueceu de deixar suas sandálias ao lado de sua cama,e se irritou novamente com a porta e o som que ela fazia.

 — Essa merda precisa de óleo. — Bufou Colin, coçando os olhos. 

— Igual ao seu pai, sempre acordando de mau humor. — Sua mãe disse-lhe. A mulher estava passando pelomesmo corredor. 

Ele não comentou mais nada depois disso. Tomou seu banho rápido e colocou sua melhor roupa. Certo, nãofoi a melhor. Ele odiava todo esse ritual. Suas camisas geralmente não tinham estampa, adorava a cor azulmarinho, preferia usar sandálias a ter que usar sapatos ou tênis, bermudas xadrez eram suas preferidas, mas nanoite preferia usar calças. Se possível, andaria de cueca durante todo o dia, mas teria que ter seus limitesenquanto morava com seus pais.

— Não está nervoso? — O barbudo indagou bebendo o pouco de café e lendo seu jornal. 

— Não tanto como nos últimos dias, apenas estou curioso. — Respondeu.

 — Em seu lugar eu ficaria nervoso. É uma nova etapa em sua vida e longe de seus pais. Não ache que vai serfácil. 

— De qualquer maneira, você sempre me ensinou a superar meus medos. Tenho que enfrentar tudo sozinho apartir de agora. 

Colin, na frente do seu pai, procurava mostrar uma imagem diferente da que ele era. O garoto é um tantoatrapalhado e sonhador. Mas para seu pai, ele tinha que se mostrar sério e determinado.

 — Sua mãe e eu estamos orgulhosos de você. — O senhor sorriu.

 Ele apenas retribuiu o sorriso.

 — Eu preparei suas malas. Separei suas camisas novas das usadas, também coloquei uma foto de nós trêsentre as roupas.

 Deixei uma quantia de dinheiro bem escondida no último bolso, pra quando você precisar naprimeira semana. Lembre-se, Colin, nada de namorar, se apaixonar ou algo do tipo. Quero que você estude. Ese for transar, camisinha! 

— Advertiu seriamente — Não quero que você acabe com sua vida logo agora. 

— Mãe... — Ele disse revirando os olhos. 

— O que foi? Falei algo errado, Joseph? — Anita indagou para o pai que apenas ria, exibindo os dentesamarelados.

 — Você está constrangendo seu filho. — Ele disse. 

Dona de casa e mãe de um só filho, Anita enxergava seu garoto como uma criança, embora esse já fosse maiorde idade. Vivia correspondendo os seus mimos e comprando-lhe de tudo. Depois de perder seu primeiro filho,seu instinto materno ficou mais aguçado, sendo assim depositava todo o seu amor em Colin, até mais do queem si mesmo ou em seu relacionamento com Joseph.

 — Você é bolsista, qualquer coisa errada, o risco de você ser expulso é grande. Por favor, Colin, comporte-se.Ainda não me adaptei com a ideia de que você vai ter que morar em repúblicas. Tem tantas universidades poraqui e você sabe que poderíamos pagar... — Ela dizia, enquanto entregava as torradas para o filho. 

República de Leões por ThomasOnde histórias criam vida. Descubra agora