Capítulo 3

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Tigres.

 Caine caminhava pelas calçadas da Quadra Nove. Estava pensativo, observando o vai e vem de outros jovenscomo ele. Era seu primeiro ano na universidade, porém, há dois anos morava com o irmão. Diziam queCaine era uma presa fácil, mas tendo um irmão tão respeitado, ele saía das miras daqueles provocadores pornatureza. Mas, como em todo lugar, sempre há aquele que vive a nos atormentar quando nos mostramosvulneráveis a ele. No caso desse garoto, Danion era o provocador. 

Diferente de Sebastian, Caine não nasceu tão ruivo assim. Se bem que não era considerado um. Tinha oscabelos castanho claro. Filho de um pai ruivo e uma mãe loira, dos três irmãos, era o mais novo. É menorque Sebastian, que por sinal é o garoto mais alto da Quadra. 

O sol incomodava naquele fim de manhã. Arrependeu-se por colocar camisa de mangas longas ao sair para auniversidade, pois o tempo, até recentemente frio, mudara dessa forma. Por estar tão próximo da casa, ourepública, largou sua mochila no chão e retirou sua camisa, exibindo os poucos músculos que tinha, amarroua peça em sua cintura e pôs a mochila novamente em suas costas. 

Não esperava acontecer nada até sentir um braço envolver seus ombros. Aquele contato o assustou e ele nãoteve nenhuma reação maior quando ouviu a voz de Danion. Se serpentes falassem, a voz desse erasemelhante, só um tanto mais densa.

— Que belo dia, não? — Perguntou Danion, acompanhando Caine. 

Ele demorou pra responder, ainda pego de surpresa. Porém, acabou cedendo, mesmo trêmulo. 

— Tá calor, não é? — Respondeu, mas teve medo que sua pergunta tivesse soado de forma diferente. 

— Concordo. Eu nunca entendo o tempo mesmo. Mas eu não estou aqui por isso. Você sabe exatamente omotivo de estar assim com você.

— E-eu comprei seus cigarros. — Caine tremeu novamente, tentando enfiar as mãos na mochila.

 — Muito bem! — Ele sorriu — Como prêmio, te levarei até a sua república. Só espero que o babaca do seuirmão não esteja lá.

Danion não gostava de ir comprar seus cigarros, o único lugar que vendia ficava distante. Duas ruas depoisda faculdade. E por pura preguiça, ele forçava os outros a irem em seu lugar. Por exigência, até pedia bebidasquando queria. 

Caine assentiu. Ambos caminharam até a república onde o menor até então morava. Pararam na sombra deuma da árvore, quase sem vida. O menor retirou então os cigarros e os entregou a Danion e em seguida oisqueiro. Estava tão habituado ao fato de Danion esquecer os seus, que sempre carregava um em suamochila.

— Eu vou entrar. — Manifestou-se, finalmente.

 — Não vai. — Danion disse, acendendo o cigarro e encostando-se à árvore. 

— Eu preciso. 

— Eu não tenho ninguém pra conversar hoje, todos estão estudando. Você pode ficar aqui comigo, batendoum papo. Viu que máximo. — Soltou a fumaça no ar e sorriu.

Danion, melhor do que ninguém, sabia do interesse de Caine, mesmo nunca deixando claro. Mas nada faziacom que o maior acabasse cedendo. Achava o outro uma criança perto dele. Por isso abusava da autoridadeque geralmente cabia somente para o menor. Já que se tentasse usar para os demais, com certeza iria acabarcriando confusão, e ele não queria mais inimigos do que já tinha. 

Colin, por sua vez, estava agora saindo do seu primeiro dia de aula. Foi tudo tão mágico, uma aula deapresentação, com diversas histórias sobre a futura profissão. O garoto adorava tudo quanto é forma decasebre a arranha-céu. Sonhava em ter algo elaborado por ele. Incentivado desde a infância, quandodesenhava casas das mais diferentes formas em folhas de papel em branco e mostrava pra sua mãe. Logo,decidiu ser um futuro arquiteto, senão o mais conhecido. Sonhava alto.

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⏰ Última atualização: Feb 17, 2019 ⏰

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República de Leões por ThomasOnde histórias criam vida. Descubra agora