O desmaio

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Por Esther

Acordo com com meu celular tocando.Olho para a tela, e era a Sophia.

(ligação on)

-Oi.

Sophia-Oi amiga, você está bem?Vi tua publicação.

-Sinceramente?!Não.

Sophia-Que horas, é o interro da dona Selia?

Esther-O velório é hoje às oito e meia da noite.E o interro é amanhã, durante os primeiros raios de sol.

Sophia-Quer q eu vá, ai?

-Sim!

Sophia-Depois do almoço, estou ai.

-Tá, beijos!

Sophia-Beijos!

(ligação off)

Desligo o celular, e começo a olhar para o teto.

Lembro de nossas brincadeiras e piadas, que eu fazia com a minha vó.Sinto uma lágrima rolar.

Me acalmo, e vou tomar um banho rápido.Coloco uma calça de moletom cinza e um casaco preto.

Vou pra cozinha pegar um copo de água, e vejo minha mãe e meu pai lendo a bíblia.Resolvo não falar nada para não piorar as coisas, mas pelo visto, não adiantou nada.

Luis-Oi Esther.

-Oi pai.-falei baixo, para não perceberem minha voz de choro.

Clara-Filha, come alguma coisa.-Ela diz, com a voz embargada.Quando olho para ela, a mesma está, com cara de quem chorou a noite toda.

-Não estou com fome, mas valeu.-Pego uma garrafinha de água na geladeira, e vou para o quarto.

Me sento na cama e ligo a Tv.Mexo no celular, para né distrair.

Se eu não me distrair, vou chorar o dia todo, e meus pais vão saber.

Quando são o relógio bate às dez horas, escuto a campainha.Vou atender, e quando abro, vejo que é Pedro.

Pedro-Oi Esther.-Ele diz baixo, e com os olhos cansados.

Esther-oi, ent...

Quando ia convidar ele para entrar, o próprio me abraça.Retríbuo o abraço, e seguro o choro.

Pedro-Sei que você está mal, mas eu conheci ela.Sei, que ela foi para o céu.-Sussurra no meu ouvido.

-É... meio difícil.

Pedro-Não sei porque vou falar isso, mas calma.Eu estou com você.

Nesse momento, o choro aumenta.Custo a me acalmar.

Ainda bem que minha mãe foi dormir um pouco, e não apareceu.Ela não pode me ver chorando.Não pode.

Pedro-Eu tenho que ir.-Ele diz saindo do abraço.Confirmo com a cabeça.-Tchau baixinha.Se presisar de alguma coisa, me liga.

-Tá, bem.

Ele foi embora, e à tarde, Sophia veio.

Ela passou a tarde trancada no quarto comigo.Me acalmando, e me consolando.

A noite, fui para o velório.Passei a noite toda no cemitério.

Pela manhã, enterraram minha vó.

Fui para casa, e me tranquei no quarto.

⭑UMA SEMANA DEPOIS⭑

Acordo, e tomo um banho rápido.

Coloco uma calça de moletom, o uniforme, um tênis e faço um coque frouxo.Desde que minha vó faleceu, ando bem quieta.

Quando estou em casa, fico trancada no quarto.

Quando estou na escola, fico isolada escutando música.

Esse final de semana que se passou, era o retiro.

Como choveu, eles adiaram para o mês que vêm.

Vou para a escola, e coloco meus fones.

Pedro-Baixinha, volta ao normal.Sinto falta do teu sorriso.-Ele diz, acariciando minha cabeça.

-Eu tô normal, Pedro.Só me deixa quieta, por favor.Digo, com os olhos cheio d'água, e me viro para a janela.

Essa semana, todos meus amigos tentaram me animar, mas nada adiantou.

Todos os dias, Pedro tentava me animar, com brincadeiras e piadas, mas não adiantou.

Um tempo depois, eles viram que eu estava ainda mais afastada.

Toca o sinal para ir embora, e eu vou para a parada de ônibus.Quando escuto alguém me chamar.

Desconhecido-Esther!

Me viro, e vejo que é Pedro.

Pedro-Espera.Você esqueceu que vou contigo?

Esther-Não.

Sigo caminhando, e escutando o que o Pedro falava.

Pedro-Esther para.Ele diz, me parando e me virando em sua direção.-Qual é?Poxa, sua vó não ia querer te ver afastada dos amigos.Cadê aquele sorriso, que eu amo ver toda manhã?Ele diz, com as mãos nos meus ombros.

-Eu...eu...eu não sei.-Digo, olhando para baixo e começando a chorar.Ele me abraça, e eu choro tudo que não chorei nessas duas semanas.-Por que, Pedro?Por que tinha que ser, assim?Por quê?

Pedro-Não sei.Só sei que, tudo é pela permição de Deus.É pela vontade dele Afinal, ele é Deus.

Ficou um silêncio, que só se escutava meu choro.Quando Pedro começou a cantar, que eu comecei a me acalmar.

Pedro-Se Deus fizer, ele é Deus.
Se não fizer, ele é Deus.
Se a porta abrir, ele é Deus.
Mas se fechar, continua sendo Deus.
Se a doença vier, ele é Deus.
Se curado eu for, ele é Deus.
Se tudo der certo, ele é Deus.
Mas se não der, continua sendo Deus.

Quando me acalmei, sai de seu abraço.

-Pedro, obrigada pela força.-Sorrio.

Pedro-Não, tem de quê.

Coloco a mão na cabeça, e sinto uma tontura enorme.

Pedro-Esther você está bem?-Ele diz, colocando a mão na minha cintura.

Esther-Tô... eu..t...-Antes de terminar a frase, vejo tudo ficar escuro.

Corrigido por evergalaxy

Um começoOnde histórias criam vida. Descubra agora