1. Incêndio

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Manami

23 de dezembro

Viro para o lado, querendo não estar sozinho na minha cama, no entanto, Kurose já tinha escapulido dali sem nem mesmo se despedir. Malandro, reclama a parte do meu cérebro que está acordada. Como ele pode sair todas às vezes sem nem mesmo se despedir de mim? Devo lhe recriminar por isso ou somente estarei sendo um chato? Não quero que ele ache que quero controlá-lo.

Viro mais uma vez, me agarrando aos lençóis que ainda tem o cheiro dele. Sinto-me um pervertido, mas não consigo parar. O mal de ter se acostumado com ele me abraçando. Ah, suspiro um pouco irritado. Eu deveria sequestrá-lo para mim? A mãe dele ficaria muito irritada se eu o fizesse?

Meu celular vibra em cima da cômoda, tateio sobre ela até encontrá-lo. Levando um susto assim que o ponho contra o ouvido. A voz de Kurose está agitada, quase como se tremesse, e eu nunca a tinha ouvido assim antes. Ele sempre é bem controlado, tentando ao máximo não se irritar com outras pessoas, no entanto, em alguns casos não funciona.

Pulo da cama e procuro por uma calça, a vestindo rapidamente. Ouvindo os barulhos de metal caindo no chão, antes de ouvir outras palavras sem nexo vindas do Kurose. Saio do apartamento quase voando. Esperando que nada tenha acontecido com ele, ainda ouvindo os sons estranhos.

— Kuro, onde você está? — Questiono, quando os sons finalmente começam a cessar. — Kuro, por favor. — Falo, entrando em um taxi, pedindo que o motorista se apresse para ir até o endereço que lhe dei.

— Estou em casa. — Grita do outro lado. Pela maneira que sua voz soa longe imagino que esteja usando o viva voz enquanto fala. E faz o que quer que seja. — Vem logo Manami. — Pede, os sons voltam a acontecer e até ouço um gritinho do Kaneki antes do Kuro pedir para ele se afastar. Apresso o motorista, que faz uma carranca. Ele não vê que estou preocupado?

Que quanto mais devagar ele for eu continuarei a apressá-lo? Quando ele para de frente a casa dos Nokomura tudo parece normal, bem diferente dos sons incessantes que continuam a soar na ligação. Pago ao motorista lhe dando uns trocados a mais para que ele não tenha ressentimentos, pelo menos assim eu espero. Toco a campainha apressadamente e quando a porta se abre fico boquiaberto.

— O que aconteceu com você? — Pergunto vendo que os cabelos castanhos estão cheios de um pó branco, que reconheço como trigo assim que toco. O que o Kurose está fazendo para estar mexendo na cozinha? Ele é péssimo em qualquer coisa que não seja fazer lamém. Afasto um pouco do pó ao remexer em seus fios, fazendo com que ele espirre no processo. — Estava brincando de algo estranho com o Kaneki de novo?

— Me ajuda Manami. — Diz terminando de abrir a porta para se jogar em meus braços, não é somente o cabelo dele que está sujo de trigo, e sim todo ele. O seguro apertado antes de nos colocar para dentro enquanto fecho a porta atrás de nós.

Kaneki me observa, também completamente sujo com a farinha de trigo. O que esses dois estavam aprontando para estarem assim? Puxo Kurose para meus braços e suas pernas rodeiam minha cintura. Kaneki se aproxima me conduzindo até a cozinha. E assim eu descubro o verdadeiro desastre. Um furacão parece ter passado em todo o local, espalhando restos de ingredientes nos lugares mais impossíveis.

— Eu vou dar um jeito. — Digo a ele, passando a mão em suas costas, colocando em cima da bancada. — Sua mãe não vai te matar por ter destruído a cozinha dela. — Ele mantém um olhar baixo. Puxo seu rosto em direção ao meu fazendo com que ele olhe diretamente para mim. — Ei, eu vou resolver tudo.

— Eu só queria fazer os biscoitos de natal que o Kaneki gosta, mas, tudo começou a voar, e de repente tinha virado um holocausto. — Fala rapidamente enquanto sinaliza com as mãos. Como ele pode ter feito tudo isso apenas por tentar fazer biscoitos? Rio, beijo sua testa. — É a primeira vez que o Kirito não vai estar com a gente, e ele sempre os faz.

Contos de Natal (Chance Livro 5.5)Onde histórias criam vida. Descubra agora