capítulo 3

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O gosto amargo de sangue se espalhava pela sua boca. Seu corpo já estava todo dolorido e suas pernas falhas. Já havia perdido a conta de quantas vezes tentou ficar de pé e foi golpeado sendo jogado ao chão mais uma vez.

— VOCÊ PERDEU A NOÇÃO? SEU ESTÚPIDO! 

Um barulho de mental se chocando contra a pele do Winchester, ecoou pelo local. Aquilo deixaria uma marca horrível em suas costas. Dean queria lutar, queria levantar daquele chão úmido e horrível. Ah se ele pudesse meter uma bala na testa daquele idiota.

— VOCÊ QUASE FRACASSOU NA MISSÃO! Você é o melhor, Dean! E agiu de forma estúpida. VOCÊ SO TINHA QUE DIRIGIR O CARRO!

Silêncio era tudo que Dick obteve. Ele gostava disso. Dean nunca poderia rebater com ele. Foi ele que havia encontrado o rapaz na merda, quando os seus pais morreram em um acidente, o deixando apenas com o irmãozinho, Sam. 

Dick lhe deu um emprego, uma casa e escola. Em troca disso, o loiro só tinha que dirigir o carro de fuga, quando acontecia assaltos ou brigas entre máfias. Porém, ele nunca poderia falhar. Se falhasse, era recebido com socos, murros e tapas. E claro. Deixava o irmão caçula de Dean, sem remédios.

— Saia da minha frente. Espero não ser decepcionado amanhã.. Sabe que eu odeio lhe castigar...

Passou a mão nos fios loiros do Winchester, e logo puxou com força.

— Dean...Dean...Dean... Eu odeio deixar o seu irmão sem medicamentos. Posso até ouvir ele dizendo "Dean, estou com dor, me ajuda." — Riu debochado levando a destra até a face alheia fazendo um carinho na mesma.— Te vejo amanhã.

Humilhado. Era assim que se sentia naquele momento. Havia sido uma noite terrível. Tudo porque havia falhado em uma merda de missão, ele nunca falhava e era muito bom quando o assunto era dirigir, mas quando viu aqueles malditos olhos azuis no banco onde ocorreria o assalto, seu coração falhou.

FLASHBACK ON 

O que ele estava fazendo ali? Céus, iria acontecer uma troca de tiros e se algo acontecesse com Castiel, ele jamais iria se perdoar. Foi então que ele teve a maldita idéia de sair do carro. Colocou uma máscara que estava no banco de trás e saiu correndo para dentro do banco. Seus olhos verdes vagou pelo local, e mesmo com aquela máscara feita de silicone, ele avistou o moreno.

La estava ele, assustado e confuso. Como ele conseguia ser tão lindo mesmo em uma situação embaraçosa? Caramba. Provavelmente salvar a vida do garoto iria lhe custar caro depois. Os ajudantes de Dick fizeram vários reféns, inclusive por diversão, prenderam vários no elevador e tiraram a vida de milhares. Dean, nunca foi de se meter, a única coisa que ele tinha que fazer, era ficar no carro e esperar pelos capangas do Dick.

Seus passos eram ágeis, enquanto uma música logo foi colocada em seu iPod e graças ao fone de ouvido os sons dos ruídos, foram abafados. Os barulhos de tiros já não o incomodava, nem mesmo os vidros sendo quebrados. Quando finalmente chegou em Castiel, sem aviso algum lhe puxou pelo braço e o jogou no ombro como um verdadeiro saco de batata. Nem mesmo ouvia os gritos de angústia e choro do rapaz, apenas sentia socos sendo desferido em suas costas, enquanto caminhava em direção a única porta de emergência. Sabia que o Novak estava assustado. Seu corpo tremia e Dean podia sentir. Quando finalmente chegou na saída de emergência, colocou o pequeno corpo novamente ao chão. Os olhos esverdeados de Dean, estavam bem visíveis pelos pequenos buraquinhos da máscara. A qual ele não fazia idéia do que se tratava.

— Por favor.. Não me mate. Eu...eu juro que...

Novak não pode terminar a sua fala. Seus lábios avermelhados foram interrompidos de fazer qualquer movimento. Apenas com um pequeno toque do dedo do loiro. Era uma sensação tão nova para ambos. As pernas de Dean falharam, e ele podia jurar que seu coração poderia escapar do seu peito. Nem mesmo o barulho de tiros incomodava ambos. Estava tão perdido em pensamentos que não ouviu a sirene da polícia anunciado a chegada. Apenas se deu conta do que acontecia quando o menor se afastou assustado saindo em disparada. A música em seu iPod já não estava tocando e a realidade caiu com tudo em cima de si. Tinha que voltar para o carro o mais rápido possível. Sua mente estava uma bagunça e cada vez que se aproximava do carro novamente, podia ouvir a voz do imbecil do seu chefe dizendo que ele não podia falhar. Quando finalmente chegou no carro, os caras já estavam prontos para irem. O único problema era que ele havia demorado demais, e o que era para ser discreto, acabou virando uma fuga. Dean, era muito bom no que fazia, mas os ruídos e gritos dos rapazes o chamando de insolente lhe deixava irritado. Mas como sempre, ele não falou nada. Nem mesmo reclamou, apenas dirigia o carro pelas ruas estreitas e cortava todos os sinais. Um barulho de tiro foi o suficiente para ele saber que começaria trocas de tiros. Foi nessa troca de tiro que um dos rapazes foi acertado na cabeça quando uma bala atravessou a janela te trás do veículo. Naquele momento Dean tremeu assustado. Ele falhou na missão. Falhar significava dor, e ao mesmo tempo desespero. Ele não temia pela sua vida, mas sim pela vida do seu irmãozinho Sam, de apenas 15 anos.

FLASHBACK OFF

Em Ritmo de Fuga || DestielOnde histórias criam vida. Descubra agora