" - Sabe... - Ela olhou fundo nos olhos dele, aqueles olhos verdes tão profundos que a carregavam para outra dimensão, um mundo novo e mais bonito - ás vezes eu sinto que a minha vida pode ser dividida em duas partes - ela sorri e ele a olha intriga...
Márcio não aguentava mais bater o pé naquela sala de espera. A agitação do Michael e da Jade já incomodava. Toda a pequena sala de espera da psicóloga estava ocupada pelos 3 amigos e Rosália e Maria Alice.
M.A - Será que vai demorar muito?
Era a primeira consulta de Pérola na psicóloga e todos eles estavam se revezando para ficar de olho nela agora, mas com o acompanhamento psicológico eles tinham esperanças dela começar a se policiar sozinha e conseguir driblar a doença.
Michael - Não faço ideia, mas parece que ela está lá há séculos!
A perna de Márcio parece que vai criar vida e sair pulando sozinha, mas quando ele não aguenta mais de curiosidade para saber o que está acontecendo lá dentro, Pérola abre a porta.
Está com a cara abatida e parece que chorou. Ela olha para todo mundo ali e tenta trazer a postura de volta.
Pérola - Que isso, gente? - Ela sorri - Vamos? Quero muito ir para casa!
Márcio percebeu que estavam andando os dois um pouco afastados do resto, ele sorriu, sabia que era proposital, estavam dando espaço para eles.
Márcio - Foi legal a consulta? - Droga! Ele não sabia o que dizer.
Pérola olha para ele incrédula.
Pérola - Foi bem ... "legal" - Ela responde sínica.
Como ele se sentia um idiota agora, mas o que ele poderia fazer? Ele nem sabia como abrir a boca sem parecer um completo retardado. Aquela sensação de sufoco na garganta estava acabando com ele. Ela está doente e Márcio não faz ideia de como ajudar.
A morena se despede dos amigos na porta de casa e sobe para o apartamento. Tudo o que ela quer fazer e entrar. Nem espera por Rosália e Maria Alice, apenas entra no apartamento, caminha até o quarto e deita na cama encolhida o suficiente para abraçar as pernas.
No começo da consulta com a psicóloga Pérola não queria falar nada, qual seria o sentido de abrir todas aquelas feridas? Mas a Dra. Solange continuou perguntando e sondando e quando ela percebeu estava chorando e falando sobre tudo o que aconteceu com seus pais.
Falar sobre aquilo tudo fez com que Pérola sentisse tudo de novo. De uma só vez.
Maria Alice entrou no quarto e ao olhar para ela daquele jeito sentiu um aperto no peito. Não importava tudo o que elas já haviam passado, não naquele momento.
M.A - Pérola? - Ela a ouve fungar e a observa tentar secar os olhos - Precisa de alguma coisa?
Pérola - Não, obrigada!
A loira deu meia volta e saiu do quarto em silêncio.
Pérola levantou da cama, abriu a gaveta da cômoda e retirou uma foto. Era ela e os pais. O fundo é a parede da sua antiga casa. Um pedaço de sua antiga vida.
Pérola sentia falta dos pais, sentia falta das loucuras da mãe, da super proteção do pai, sentia falta de se sentir pertencente à uma família. Sentia falta de ter o seu lugar no mundo. Pérola sentia falta de saber quem era!
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