Três

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Jin se levantou e segurou a minha mão com uma firmeza que me assustou

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Jin se levantou e segurou a minha mão com uma firmeza que me assustou. Ele pegou a lamparina que estava do lado de sua cama, acendeu-a e colocou do seu lado. Deu um suspiro e disse sussurrando:

- De antemão peço perdão por ter escondido de vocês a verdade sobre mim. Mas tive que fazer isso para proteger sua família e principalmente você.

- Do que está falando, Jin?

- Eu sou Jin Wei, príncipe do reinado de Wei. Fugi de lá, pois me obrigaram a casar com uma mulher que não amo. Sempre fui criado para a liberdade, mas agora querem me prender para sempre de uma hora para outra e isso não posso aceitar.

- Eu nem sei...

- Hui... Você e sua família salvaram minha vida. Não é um momento tão propício, mas eu preciso dizer que... Eu já encontrei a mulher que amo de verdade e seria lastimável que ela negasse o meu amor.

Entrei como num êxtase. Ele segurava firme a minha mão e eu podia ver que ele olhava bem nos meus olhos. Completou a frase assim que beijou minha mão:

- Essa mulher é você.

Até aquele momento eu só tinha uma leve impressão de que meu amor por ele era correspondido, mas ali eu tive a certeza! Aquilo era real! Abracei-o e fui tomada por uma comoção. Em seguida segurei as duas mãos dele e perguntei como tornaria aquele amor possível, pois nossas condições sociais eram completamente diferentes.

- Amanhã resolveremos isso – ele respondeu acariciando meu rosto – bem cedo.

Sem eu esperar Jin aproximou mais seu rosto do meu e deu um beijo em meus lábios. Assustei-me no começo, mas fui tomada por algo inexplicável.

- Agora vá dormir – ele falou – temos um longo dia amanhã.

Sorri e fui para o meu quarto. Ainda passando a mão pelos meus lábios e rindo a toa.

♕♕♕

Acordei com minha mãe me sacudindo e logo levantei.

- O que está acontecendo? – perguntei ainda esfregando os meus olhos.

- Vista-se e venha até a sala! – respondeu ela saindo do meu quarto.

Eu tinha certeza que era algo relacionado a Jin. Por mais que o medo quisesse tomar conta do meu coração, a segurança que as palavras ditas por Jin trouxeram era imensa. Vesti-me já para o trabalho e saí do quarto e vi meus pais diante do príncipe. Este estava de cabeça baixa, mas quando me viu levantou a cabeça e não sorriu. Provavelmente meus pais tiveram uma boa conversa com ele. Segurei no tecido da minha roupa com força e perguntei:

- Ele vai embora?

Meu pai me olhou, respirou fundo e respondeu:

- Acabamos de conversar sobre isso e ele nos contou toda a verdade. Ele me pediu algo que só você tem a resposta.

- O que é? – perguntei olhando para Jin.

- Quero que seja minha esposa e que reine junto comigo em Wei. – Jin disse aproximando-se de mim e segurando minhas mãos.

Eu olhei para os meus pais. Mamãe me lançou um olhar de preocupação e baixou a cabeça. Imaginei que ela ficaria assim, mas logo Jin se voltou para ela e disse:

- Não se preocupe, vai ficar tudo bem.

Naquele dia meu pai deixou que um vizinho ficasse responsável por nosso rebanho e todos nós fomos caminhando para o reino de Wei. A caminhada durou um dia inteiro e Jin não soltava minha mão, o que me deixava mais segura.

Chegamos em Wei no fim da tarde. A fronteira estava cheia de guardas frondosos e fortes, que me deixaram até um pouco assustada me fazendo apertar a mão de Jin. Estávamos com as cabeças cobertas e logo um dos guardas veio até nós dizendo:

- Identifiquem-se!

Sem hesitar Jin estendeu a mão para nós, tirou o pano que cobria sua cabeça e disse:

- Eles estão comigo!

Imediatamente os guardas se curvaram diante do príncipe e nos conduziram ao palácio. Chegando lá o rei estava tomando o seu chá da tarde, mas parou o que estava fazendo e veio emocionado ao encontro de Jin. Ficaram por alguns minutos abraçados e eu não pude deixar de ficar comovida. Em seguida o rei disse ao filho:

- Era para você já estar casado com a filha do...

- Majestade – o príncipe interrompeu – só há uma mulher que eu poderia me casar – apontou para mim – é esta.

O rei nos olhou de alto a baixo e perguntou quem nós éramos.

- Quando fugi do palácio no meio da noite – respondeu o príncipe - andei errante a procura de algum lugar para dormir longe de Wei, mas surgiram assaltantes furiosos e me levaram tudo além de me espancarem.

Ferido, saí sem rumo e acabei encontrando o vilarejo deles. Essa família abriu a porta para mim sem saber quem eu era e cuidaram de mim todo esse tempo.

Jin aproximou-se de mim e me levou frente ao rei continuando sua fala:

- E acabei por me apaixonar pela filha deles. É só com ela que quero casar, do contrário, me deserde. Mas não quero ficar longe dela e nem de sua família. Eu a escolhi para que reine comigo.

Pelo olhar do rei, ele reconheceu o que fizemos e permitiu nosso enlace, mas não fora de imediato. Eu e meus pais ficamos morando em uma casa próxima do palácio por um tempo para que eu e o príncipe nos preparássemos para o evento.

Enfim, nos casamos numa cerimônia bem simples, como sempre desejei.

Uma simples acolhida fez a minha vida mudar do dia para noite, um simples gesto se transformou em um milagre não apenas na minha vida, mas na minha família e em todo um reino.

Sendo assim, o Rei Wei anulou o pacto que tinha com a nação árabe, e com isso convenceu-se de nunca colocar em jogo, a felicidade das pessoas em prol de negócios e interesses pessoais.

O Milagre De Wei (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora