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Eu não me importo com quem você é,

se você é a música do meu coração,

então eu vou te amar. ~Dandelion

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Observando o pôr do sol junto com aquele rebanho de cabras que eu pastoreava, era algo que me dava alento com relação aquele trabalho que meus pais me delegaram.

Para um trabalho braçal como esse, é quase impossível que eu o realizasse, mas sempre conseguira, com apenas dezoito anos. Como era filha única, ajudava meu pai, enquanto minha mãe ficava com os afazeres de casa, uma casa bem pequena que ela conseguia dar conta.

Ainda bem que aprendi o ofício bem rápido, pois meu carisma com as cabras era algo que deixava os vizinhos admirados. Claro que havia uma ou outra cabra teimosa, mas eu tinha os meus métodos.

O céu já estava quase escuro e o meu pai veio me ajudar a colocá-las no redil. Fomos para casa e pude notar um semblante preocupado nele.

- O que há com o senhor? Aconteceu alguma coisa? - perguntei.

Pelo seu olhar, eu sabia que era algo grave. Ele não queria olhar para mim. Puxei-o levemente pelo braço e insisti para que eu olhasse para mim:

- Pai!

Ele me olhou rapidamente depois voltou seu olhar para frente e disse:

- Em casa conversaremos sobre isso.

Andamos por volta de vinte minutos até chegar em casa.

Lá estava minha mãe fazendo o jantar com muito zelo. A casa silenciosa com algumas lamparinas espalhadas pelos cômodos. A organização era algo que minha mãe prezava muito, e foi algo que ela sempre me ensinou em tudo.

A hora do jantar chegou e o silêncio reinava naquele lugar, mas a sensação era estranha. Após algumas colheradas eu ousei dizer:

- Papai disse que tinha algo para conversar comigo.

Minha mãe olhou espantada para ele, logo imaginei que poderiam ter arranjado um casamento para mim. Aquilo era uma ideia que não queria concretizar agora. Papai olhou para mim e para minha mãe e disse:

- Eu estava conversando com os outros pastores e ouvi alguns boatos sobre o que está acontecendo no pequeno reino de Wei.

Esse lugar era próximo de onde morávamos. Um território que diziam ser o paraíso na terra. Local fértil e o povo não passava por privações. Sempre tive vontade de conhecer Wei, era um sonho que nunca contei a ninguém, mas eu sabia que um dia seria concretizado.

- O que há com eles? - perguntou mamãe preocupada.

- Parece que o rei e o príncipe estão em conflito. Sua majestade quer obrigá-lo a casar-se com a filha de um líder de um país do oriente médio.

- Pode ser que ele ame outra mulher. - sugeri.

- Ah, filha - falou minha mãe - nesse meio não existe casamento por amor. Provavelmente o rei quer que ele case apenas para um contrato entre esse país e Wei.

Balancei a cabeça inconformada e perguntei se poderíamos ser afetados com essa situação.

- Você sabe que nós, os pobres que sempre podemos sofrer as consequências dessas guerras. - falou meu pai depois de engolir um pedaço de carne.

- Como moramos próximos precisamos estar atentos!

Em seguida ele se levantou e foi em direção ao quarto. Eu vi em seu rosto, o puro cansaço. Eu e minha mãe logo terminamos de comer.

Enquanto ela lavava a louça numa bacia de água, fui lá fora para ver como o céu estava. Sentei no alpendre e conseguia ver alguns relâmpagos ao longe. A chuva viria em breve.

- Mamãe! Choverá essa noite!

Ela correu logo para onde eu estava e também viu as luzes. Pude ver um sorriso no rosto dela de contentamento. Olhou para o prato que segurava e disse:

- Pelo menos nossas cabras estão protegidas.

Minha mãe entrou para casa e fiquei ali olhando aquele espetáculo de luzes. Também comecei a lembrar da notícia que meu pai nos dera sobre o príncipe de Wei. Já pensou viver em um casamento de fachada?

Meus pais sempre deixaram claro para mim que eu poderia escolher meu esposo, desde que eu o amasse muito. Mas às vezes me batia um medo de meu pai mudar de ideia e me obrigar a casar com um rapaz que eu não gostasse. Isso aconteceu com uma vizinha, a Ling. Moça tão cheia de vida, teve que se submeter a um casamento forçado por causa de uma dívida que o pai dela tinha com um homem que a aceitou como pagamento. Eu ouvia boatos de maus-tratos e agressões físicas, e isso me deixava com o coração apertado.

O sono chegou e fui direto para cama.

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Acordei no meio da noite com o forte barulho da chuva misturado com os trovões e os ventos. Levantei-me da cama e conferi se alguma janela estava aberta. Eu olhei para fora e realmente estava assustador.

Peguei um copo para beber um pouco de água do cantil quando de repente ouço uma batida desesperada na porta. Levei um susto deixando o copo vazio cair no chão. O barulho acordou meus pais que logo vieram até mim perguntando se havia alguém batendo na porta. Antes de eu responder bateu de novo. Meu pai fez sinal para eu e minha mãe ficarmos quietas. Ele abriu e se assustou, corri para ver e era um moço todo ensanguentado ajoelhado.

- Ajudem-me, por favor! - disse ele com dificuldade.

Meu pai engoliu seco e ficou sem reação. Provavelmente estava com medo de ser alguém jurado de morte ou algo parecido. Eu estava tão assustada que acabei falando:

- Pai! Não podemos deixá-lo nessa chuva! Vamos ajudá-lo.

O rapaz olhou para mim ofegante e baixou a cabeça.

-Entre rapaz! -Disse meu pai, ajudando-o a se reerguer e a entrar em nossa casa.

O Milagre De Wei (Conto)Onde histórias criam vida. Descubra agora