Fifth - Zippy

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### SINA

"Sina." Abri os olhos lentamente e encarei o relógio na cômoda ao lado da minha cama. Ainda eram 6:40 da manha. "Me diga que eu estou ficando louca." Minha mãe gritou em alemão.

"Mãe, menos." Pediu Dieter, meu irmão.

Minha mãe simplesmente abriu a porta do meu quarto e parou olhando na minha direção. "Seu irmão te contou? Você já sabia?" Ela continuava falando em alemão. Eu apenas afundei mais a minha cabeça no travesseiro implorando mentalmente para que todos calassem a boca e eu pudesse dormir mais 30 minutos. "Ele quer nos abandonar. Isso não é justo." Ela foi em direção do próprio quarto e bateu a porta.

"Feliz?" Perguntei para Dieter quando ele parou na frente da porta aberta de meu quarto.

"Eu não sei o motivo de todo esse escândalo dela." Ele começou. "Não é como se eu nunca mais fosse voltar."

Joguei as cobertas para fora da cama, ciente que minhas horas de sono já haviam acabado e eu não tinha outra escolha além de levantar logo. "Você está sendo um otário, Dieter." Eu falei sentado na beirada da cama. "Mal faz um ano que estamos morando com ela e você quer ir embora pra Itália."

"Ah, qual é, Sina. Eu não vou desistir de fazer a faculdade que quero só por causa dos dramas dela."

"Aqui nos Estados Unidos tem as melhores faculdades de história da arte do mundo e você quer ir para a Itália só para ficar longe dela." Falei irritada. "Sim, você esta sendo egoísta." Levantei e caminhei até a porta do quarto, a fechando na cara de Deiter.

Eu e meu irmão sempre fomos muito próximos, ainda mais depois de nos mudarmos para os Estados Unidos à quase 9 anos atrás. Nós moravamos em Karlsruhe, na Alemanha, com minha mãe e meu pai. Porem, à 10 anos atrás, meus pais se separaram e minha mãe não aceitou muito bem, começando a beber descontroladamente. Por isso, meu pai ficou com a guarda total minha e de meu irmão e nos trouxe para os Estados Unidos. Ele até que era um bom pai, porém dava mais atenção para a empresa do que para nós dois.

A um ano e meio atrás, ele estava voltando de uma viagem a europa quando seu jato entrou em uma forte tempestade. Um dos motores falhou devido a um raio e o avião caiu no meio do oceano. Depois de quase dois meses de procura, os restos do avião com o corpo de papai foram encontrados perto da ilha de Bermudas.

Minha mãe, que havia passado os 9 últimos anos lutando contra o álcool, conseguiu provar para o tribunal que estava bem e merecia a nossa guarda e assim conseguiu. Desde então ela vem sendo a melhor mãe possível, sendo atenciosa e tentando ao máximo recuperar todo o tempo que perdemos juntos. Porém parte de Deiter não aceita isso. Em alguma parte da cabeça oca dele, ela nos abandonou 10 anos atrás e ele a culpa terminantemente, e isso a machuca. Ela largou tudo na Alemanha para vir para os Estados Unidos, para que não nós dois não precisássemos largar nossas vidas aqui, e ele ainda quer ir para longe dela novamente.

Liguei o chuveiro no mais frio possível e fiquei vários minutos sentindo a água gelada escorrer pelo meu corpo. Todo esse drama misturado com a dor no corpo do treino pesado de ontem a noite faziam meus membros parecerem gelatina. Quando sai do banho, peguei meu celular e haviam algumas mensagens de Noah. Revirei os olhos rindo e as abri.

Você quer carona hoje? Ouvi que a Diarra tem médico e vai chegar atrasada.

Eu posso ir caminhando noah hahah

Mas não precisa :) passo ai as 7:45?

ok

Noah era o tipo de cara que não desistia nunca. Não daquele tipo chato que fica paquerando todo o segundo e enchendo o saco. Não. Ele deu em cima de mim uma única vez na festa de aniversário da Brittany. Eu disse que não e ele não tentou novamente, mas nunca deixou de ficar me mandando sorrisos doces e olhares profundos, esperando ansiosamente pelo dia que eu retribuisse da mesma maneira.

Ele sempre foi um cara bacana, por mais que muita gente não visse esse lado dele e sim o lado idiota. Comigo e com as garotas ele sempre foi super atencioso, incluindo a vez onde eu torci o tornozelo e ele subiu dois lances de escada comigo no colo até a enfermaria.

Sabina costuma dizer que a cada não que eu não digo, eu aumento mais as esperanças dele, mas como ela é a rainha do drama, eu costumo não dar bola para isso. Sem contar que parte de mim nunca conseguia dizer um "Noah, eu não gosto de você!" por mais que eu tentasse. Sempre morri de medo de ferir os sentimentos dele.

Como eu tinha tempo, resolvi escolher algo para vestir e não apenas pegar a primeira roupa do armário como faço todos os dias. Um cropped de mangas longas e uma calça jeans eram o suficiente junto com meus vans. Peguei o uniforme branco que estava limpo e guardei na minha mochila. Hoje o ensaio era logo depois da última aula então eu não teria tempo de voltar em casa.

Tomei o café da manhã com calma e sozinha. Deiter e minha mãe provavelmente estavam um em cada quarto irritados e eu não estava com paciência para mais drama diário, então preparei minhas torradas e passei o café apenas para mim. Quando a campainha soou, olhei no relógio e eram exatamente 7:45. Sorri. Não duvido nada que Noah tenha ficado parado no carro até dar o horário exato.

"Bom dia." Falei abrindo a porta da frente.

"Bom dia, flor do dia." Ele sorriu mostrando as covinhas.

"Porque tão animado?" Perguntei passando por ele e indo em direção ao seu sedan.

"Eu não to animado." Ele disse escorregando pelo capo do carro em direção ao lado do motorista e abrindo a porta.

"Não?" Perguntei rindo da ação que tinha demonstrado exatamente o contrário.

"Só mais um dia normal..." Ele me lançou um sorriso e ligou o carro, o colocando na estrada em direção a escola.

Joguei minha mochila para o banco de trás e liguei o rádio. Parei em uma estação que estava tocando Sorry do Justin Bieber e cantarolei baixinho junto com a música.

"Yeah, is it too late now to say sorry?" Noah cantou fazendo caras e bocas. "'Cause I'm missing more than just your body"

"Oh, is it too late now to say sorry? Yeah, I know that I let you down, is it too late to say I'm sorry now?" Cantamos os dois juntos. "Ooh, ooh. Sorry! Ooh, ooh." Quem visse de fora do carro, pensaria que somos dois loucos.

Ele estacionou o carro e nós desligamos o rádio, rindo como dois idiotas. "Você canta bem." Falei sinceramente. Por mais que estivessemos brincando, era claro que ele tinha uma voz maneira e cantava bem.

Ele colocou a mão no peito se fazendo de surpreso. "Você não viu nada. Sozinho no meu quarto eu sou a versão masculina da Adele."


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Espero que tenham gostado <33 mais tarde eu posto outro

What are we waiting for - Now United (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora