First - Coming back

6.7K 250 79
                                    

Eu sentei em uma das cadeiras do saguão do aeroporto e ajeitei minha grande mala aos meus pés. Da onde eu estava, conseguia ver mamãe e Belinha fazendo nosso check-in animadas.

Sorri e peguei meu celular, escrevendo uma rápida mensagem para Joalin.

No aeroporto ✈️

A resposta iluminou a tela do meu celular poucos segundos depois:

Quantas horas??!?

15h ��

Pq o Brasil tem que ser tão longeeeee ��

Sorri para o celular, com o coração apertado de saudades da minha melhor amiga. Faziam quase dois anos que eu havia voltado para o Brasil, pais onde nasci depois de quatro anos morando em Los Angeles. A volta para o solo brasileiro foi apenas porque minha avó havia adoecido, e como minha mãe é filha única tivemos que voltar. Mas agora estamos com as malas prontas para retornar para o solo americano, a saudade das amizades que fiz durante os anos que morei lá parece apertar cada segundo mais.

Meu celular vibrou novamente no meu colo, alertando outra mensagem de Joalin.

Mal vejo a hora de te apresentar o pessoal novo

Espero q não tenha me trocado por nenhuma aluna nova ☹️

Eu nunca ousaria fazer isso, mas sinto muito informar que vc não é mais a única latina da rua

O QUEEEE???? ��

Para de drama Gabrielly, te amo ❤️

Respondi Joalin com um emoji de coração partido e guardei o celular, observando mamãe voltando na minha direção.

"Ansiosa?" Ela perguntou quando sentou no banco vazio ao meu lado.

"Demais!"

"Já mandou mensagem para as garotas?"

"Avisei para a Hina a hora que sai de casa e acabei de falar com a Joalin." Falei sorrindo, imaginando minhas melhores amigas e eu tomando milkshake no Hooters e fofocando sobre tudo que aconteceu nesses últimos dois anos.

"E o Josh?"

O meu sorriso se desmanchou no mesmo segundo, dando lugar para a cara emburrada de sempre que o nome dele era dito.

"Eu não falo com ele desde que fui embora, você sabe mãe..."

"Mas você não vai nem avisar? Não seria falta de consideração?"

"Sabe o que é falta de consideração?" Eu perguntei irritada. "Falta de consideração é ele ter largado os amigos de verdade dele só pra andar com quem é popular. Isso é falta de consideração." Cruzei meus braços em cima do peito e virei para frente com a cara fechada. Não me importava de parecer uma criança birrenta. Odiava falar sobre ele e ponto.

"Mas isso já faz tempo... Vocês eram tão amigos."

"Não quero falar sobre ele, mãe."

"Certo, então vamos só ficar aqui sentadas em silêncio esperando?"

"Ótima ideia." Fechei os olhos e recostei a cabeça no encosto do banco enquanto ouvia a suave risada da mamãe.

-*-

Quando o táxi parou na frente da simpática casa azul clara que eu já conhecia muito bem, meu coração quase explodiu de felicidade. Aquela não era uma simples casa, mas sim a minha casa. Da mamãe, da Belinha e minha.

Era aqui onde eu verdadeiramente me sentia em casa, com as janelas brancas e a pequena sacada que dava acesso ao telhado, assim como a maioria das típicas casas de subúrbio americano. Olhei para o lado esquerdo e vi, no final da rua a grande casa cinza de Joalin e sorri. Mal consigo esperar para ver minha amiga.

Rapidamente carreguei minha mala para dentro de casa, empolgada para rever o meu quarto que era quase duas vezes maior que o do Brasil. Ah que saudade que senti desse lugar.

Não que eu não gostasse do Brasil... Sempre tive um orgulho enorme do lugar de onde vim e de tudo que minha mãe e eu enfrentamos durante toda a vida, mas também reconheço todas as dificuldades que é preciso enfrentar para seguir os sonhos lá. Ainda mais os meus. Eu sempre atuar e cantar. Desde pequena soube o que queria e sempre tive o incentivo de mamãe para correr atrás do que quero, e foi por isso que primeiramente nos mudamos para cá.

Los Angeles é a cidade das oportunidades artísticas e enquanto morei aqui consegui pequenos trabalhos em peças de teatro e como figurante. Mamãe trabalhava em um escritório de contabilidade e conseguiu o emprego de volta, o que nos permitiu voltar tranquilas.

Minha antiga escola era apenas de ensino fundamental e agora, no segundo ano do ensino médio, eu iria para a mesma escola que Joalin e Hina, a Kingsley High School.

Larguei minha mala no quarto e desci as escadas correndo. "Mamãe, posso ir ver a Joalin?"

"Claro, mande um beijo para Noora."

Concordei e corri porta a fora, em direção ao final da rua. Passei na frente da casa dos Harper, um casal muito simpático e costumava organizar uma festa na vizinhança todo início de setembro. Do outro lado da rua era a casa do Sr. Sanders, um senhor viúvo que mora com suas duas cadelinhas: Lola e Ruth. Espero que estejam todos bem e vivos.

Subi a bela varanda e apertei a campainha, ouvindo-a retumbar pelo interior da casa. O barulho dos saltos altos da Sra Loukamaa ficou mais alto conforme ela se aproximava da porta até abri-la completamente com o enorme sorriso acolhedor que eu lembrava.

"Any!" Ela rapidamente me puxou para um abraço apertado, enquanto perguntava sobre mamãe e Belinha. Mas a única coisa que eu conseguia pensar era em como eu estava mais alta que ela? A ultima vez que recebi um abraço da Sra Loukamaa eu mal alcançava seu ombro e agora eu estava quase mais alta que ela! "Joalin, Any está aqui!" Ela gritou em direção ao segundo andar.

"Mamãe mandou um beijo para a senhora." Falei finalmente depois de sair do abraço.

"Ah, quando eu voltar do trabalho eu passo lá para dar as boas vindas novamente." Sorri e concordei com a cabeça, mas virei minha atenção para a escada de onde o som dos passos apressados de Joalin vinha.

"AAAAAH" Ela gritou quando alcançou o térreo e veio correndo na minha direção. Em menos de um segundo ela estava pendurada no meu pescoço me chacoalhando de um lado para o outro. "EU SENTI TANTA SAUDADE!"

"EU SENTI MAIS!" Gritei de volta, apoiando meu queixo no ombro dela e sorrindo como uma boba. Ela me soltou e puxou o celular.

"Preciso avisar para Hina vir aqui agora mesmo." Ela disse digitando algo rapidamente. Quando terminou, soltou o celular de volta no bolso e jogou os braços no meus pescoço novamente, me puxando para outro abraço.

What are we waiting for - Now United (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora