Aquele último dia antes da competição estava sendo muito tenso, tanto para Yifan e Kyungsoo quanto para todo o restante dos amigos do Wu.
— Tá preparado pra entregar o skate, Do? — o chinês gracejou enquanto bebia água da garrafinha de Sehun. Estava fazendo muito calor aquele dia.
— Eu que devia perguntar isso. Tu é ruim pra porra, Wu. — fazia o mesmo, secando a própria garrafa até sentir o bolso da calça larga vibrar. Tirou o celular recém ganho e atendeu, deixando todos ali perto de olhos arregalados porque ele tinha um fodendo celular! Quem tinha celular em plenos 2000 sem ralar pra caralho por um? — Tá legal, pai... já entendi, te vejo daqui a pouco então — encerrou a ligação, só então notando as expressões surpresas dos garotos. — Que foi? — questionou voltando a guardar o Nokia 3310 de capinha colorida no bolso.
— Você é mesmo um burguesinho de bosta. — Jongdae acusou, sentindo, de repente, a mesma raiva misturada com inveja de quando botou os olhos no Do pela primeira vez.
— Mas eu não pedi pra ganhar isso.
— Pior ainda! Porra, mano, nunca na vida que meus pais iam me dar um celular... ainda mais um tão recente. — o Kim completou, ainda invejoso. — Deve ser muito bom ter as coisas assim, de mão beijada.
— Relaxa, Dae. Tu pode não ter um celular, mas pelo menos tem a gente: amigos de verdade. — Sehun alfinetou, fazendo o interior de Kyungsoo se revirar em mágoa. Até desviou os olhos para Yifan, mas ele parecia o repudiar assim como o outro. O peito doeu e ele mordeu o lábio inferior tentando controlar a vontade repentina de chorar.
Vendo que os garotos ainda estavam com as mesmas expressões, e aparentemente nada diriam, pegou o skate e saiu. Erro seu imaginar que tinha conseguido alguma amizade ali. Era um tolo.
Foi o caminho todo até sua casa sentindo-se angustiado e triste, deixando o aparelho celular na mesa do escritório do pai. Preferia não ter nada daquilo se pudesse trocar por amigos.
Quis, de novo, chorar por causa disso. Porra, fazia quase um mês que estava ali e ainda não tinha nenhum amigo, e como se já não bastasse, ainda tinha a chance de ser expulso do único lugar que se sentia realmente feliz caso perdesse a competição do dia seguinte.
Engoliu o choro e foi até o fundo de sua casa, encontrando o pai ali na beira da piscina bebendo uma cerveja enquanto o sol bronzeava ainda mais a pele. Nada disse, apenas esperou o mais velho o notar e se jogou em seu abraço.
— Ei, garotão... quê que tá pegando? — o mais novo negou, escondendo ainda mais o rosto no peito nu do pai.
— Só me deixa ficar assim um pouco — pediu, sentindo os fios serem acariciados.
— Belê, mas se quiser falar, eu tô aqui, sabe disso. — Kyungsoo assentiu, mas preferiu apenas aproveitar o carinho paternal.
Na pista, Baekhyun e Chanyeol encaravam Sehun de cara feia.
— Que foi?
— Precisava daquilo? Foi muito pau no cu da sua parte. — Chanyeol disse, vendo o outro dar de ombros.
— Ainda não acredito que aquele riquinho do caralho tem um celular... — Jongdae murmurou, recebendo um olhar desacreditado do Byun, mas o garoto nada disse para evitar uma treta desnecessária.
— Ei, chega disso. Bora pro Burgguer's. — Yifan cortou o clima tenso e já foi indo na frente.
Tudo o que queria era se concentrar no que enfrentaria no dia seguinte. Apenas isso. Nada além disso.
[...]
O dia começara cedo para Yifan. Passou na casa de Chanyeol para irem juntos sendo recebido por Baekhyun, que o encarou com o rosto terrivelmente vermelho. O chinês apenas riu e bagunçou os fios do cunhado. Depois de serem obrigados a comer um petiscozinho, a mamãe Park carregou o carro com os garotos — passando na casa dos outros e lotando o Fusca 93 — para, assim , seguir rumo a cidade vizinha.
YOU ARE READING
Zóio de Lula
FanfictionYifan é um skatista que, junto de seus amigos, domina o Juventude, gostando de se exibir enquanto faz suas manobras radicais. Porém, tudo muda com a chegada de um novato na cidade que, além de ser um playboyzinho, manda muito bem no sk8, ganhando de...