capítulo 2

32 0 0
                                    

- O que eu iria fazer com a sua cueca?- perguntou a mãe com aquela voz de "não estou nem aí".
  Era bem sua mãe, ela nunca estava nem aí, fria como gelo.
   Lauren olhou pela janela da cozinha o quintal,onde há pouco tinha visto a mãe.
  E ali,da grelha da churrasqueira ainda fumegante,pendia a cueca do pai.
  Que beleza! A mãe tinha feito churrasco da cueca do pai. Só isso . Lauren nunca mais comeria nada do que fosse assado naquela grelha.
   Tentando conter as lágrimas, ela devolveu a latinha ao refrigerador e foi até a porta da sala. Talvez, se a vissem, parassem de agir como crianças e deixassem que ela fosse a adolescente ali.
  O pai estava no meio da sala, segurando na mão uma cueca. A mãe, no sofá, bebericava com a maior calma um cházinho quente.
  - Você precisa de tratamento psicológico! - gritou ele para a mulher.
   Dois pontos para o pai, pensou Lauren. A mãe realmente precisava de ajuda. Mas então por que era Lauren que tinha de ficar estendida no divã da analista duas vezes por semana?
  Por que o pai - o homem de quem, todos juravam, ela conseguia tudo - é que precisava ir embora, abandonando- a ?
  Lauren não o censurava por querer deixar sua mãe, a rainha do gelo. Mas porque não levava Lauren com ele? Outro soluço sufocado na garganta.

O Acampamento CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora