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Armando retomou de onde tinha parado:

- Preciso saber os nomes de todos e quero saber exatamente tudo o que se passou aqui. E pelo que posso notar essa senhora que está vestida de camisola deve ser a dona da casa, correto?

- Sim senhor. Responderam todos quase que ao mesmo tempo. E ele se virando para mim perguntou:

- Qual o seu nome senhora? Sente-se em condições de responder algumas perguntas?

- Meu nome é Regina...

Antes que eu pudesse continuar Soledad interferiu dizendo:

- Senhor, pero no lo hace?! La Regina ingeriu calmantes y no puede ser precisa en las declaraciones.

Foi plenamente apoiada pelas outras duas, o investigador prestou atenção a todas, olhou-as de um jeito divertido e acrescentou com bom humor e gesticulando:

- Por favor, espere um momento! Pelo amor de Deus o que é isso?! Afinal, quem são as senhoras?! Moram todas aqui? – ele riu divertido e as apontava para seu parceiro que notadamente também se divertia. Continuou falando:

- Desejo que as apresentações se iniciem pela senhora que interferiu. Por acaso é argentina?

Corina se remexeu inquieta no sofá e seus olhos estavam faiscando, pelos movimentos dos seus lábios dava nitidamente para perceber que estava praguejando, a Valquíria com aquele olhar distante, parecia que nem estava lá. Soledad com os olhos brilhando de ira se levantou bruscamente surpreendendo aos que não a conheciam - para nós esses movimentos são corriqueiros - jogou os cabelos para trás e respondeu:

- No, soy espanhola y me llamo Soledad. – e parecia estar muito ofendida com o investigador por ele ter mencionado que ela era argentina.

- Apesar das circunstâncias, tenho imenso prazer em conhece-la. Quem são as outras? Pode por favor, apresentá-las?

- La pequeña és Corina, la hermosa és Valquíria. No vivimos aquí, somos vizinhas e amigas de Regina e vinimos cuando ella gritou por socorro porque el Alécio se enfermó.
O nome del rapaz no se yo, quieres que pregunto ou puede hacer esto?

Os investigadores se entreolharam e sorriram ao mesmo tempo sem tentar disfarçar que estavam achando graça do jeito da Soledad. Falcão meneou a cabeça e afastou o cabelo dos olhos com as mãos, Gonzaga ainda sorrindo falou:

- Desculpe senhora, não tive a intenção de ofendê-la. E virando para o rapaz que estava em pé na cozinha perguntou:

- Qual seu nome companheiro? Já sei que você é do resgate.

- Sim senhor, meu nome é Tadeu e estou à disposição para qualquer coisa que necessitem.

Armando assentiu e virando-se para mim disse:

- Na medida do possível a senhora se sente bem?

- Sim e tenho condições de responder, sinto-me apenas um pouco atordoada... E acho que nesse caso e mais que compreensível, estou um pouco confusa com tudo isso, mas ajudarei em tudo o que for necessário e peço para que minhas amigas e o paramédico me auxiliem se omitir ou esquecer algum detalhe. Pode ser dessa maneira senhor... Gonzaga não é? Ele assentiu e eu continuei:

- Posso contar com vocês?

Como obtive o consentimento de todos sem mais delongar o investigador começou pedindo para que eu narrasse todos os fatos que antecederam aquele desfecho trágico. Ramiro Falcão que ouvia a tudo sem parecer prestar a mínima atenção ia olhando tudo a sua volta com uma indisfarçável curiosidade e se deteve no que havia na mesa do café e na pia, pegando, analisando, enfim, xeretando mesmo e me olhava em determinados momentos de meu relato dando a impressão de ter descoberto algo que eu desconhecia.

Contei tudo com riqueza de detalhes sendo ajudada algumas vezes pelas minhas amigas e também pelo paramédico até finalmente concluir. Armando dirigindo-se ao outro pergunta:

- Que lhe parece Falcão?

- Esquisito Gonzaga, muito esquisito, para não dizer suspeito. - afirmou.

Ficamos todos inquietos com essa afirmação, criou-se um mal estar entre os presentes, eu quebrei o silêncio dizendo revoltada e diante disso o efeito do calmante passou imediatamente:

- Como assim suspeito senhor Falcão? Seja mais claro, por favor, acredito não ser a única a não estar entendendo sua linha de raciocínio.

- Pois bem dona Regina, o que exatamente o seu marido comeu antes de seu falecimento? – Falou enquanto passava a mão pelo cabelo.

- O senhor por acaso está brincando? Que espécie de pergunta é essa? Dirigi-me a ele furiosa.

- Muito pelo contrário. Sei exatamente o que estou fazendo. Agora a senhora pode fazer a gentileza de responder a pergunta ou tem algo a esconder? Falou cheio de segurança e desdém o que me irritou ainda mais. Então lhe respondi numa explosão de cólera:

- Não tenho nada a esconder e o senhor é um cretino! Percebi um risinho malicioso e até satisfação da parte dele como se eu tivesse dito um elogio ao invés de um insulto, minhas amigas fizeram com que eu me acalmasse e se desculparam como se houvesse sido elas e não eu a pessoa que ofendeu aquele investigador atrevido, mas, na realidade sei bem que gostaram do que eu disse; ele sem abandonar aquela expressão, me olhava fixamente e disse sorrindo:

- Não se desculpem senhoras, eu já estou acostumado a esse tipo de reação. Sempre causo isso nas mulheres. - e para concluir piscou para mim.

Ficamos mudas e Armando Gonzaga riu divertido. Corina, aliás, sempre ela, pediu:

- Regina, responde logo a pergunta para dar um fim nisso de uma vez! Concordei e finalmente respondi:

- Ele comeu tudo que está sobre a mesa senhor Falcão.

- Especifique. Tudo o que? Perguntou na maior petulância. E eu morrendo de ódio tornei a responder:

- Dois pedaços de bolo de fubá e um pãozinho com margarina, satisfeito senhor?

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