Levantei-me, dei uma disfarçada e discretamente fiquei observando Gonzaga, quando vi que ele não perceberia apertei o botão da impressora e tirei uma cópia da foto de Regina na pele dessa Lara, após fui ao encontro das mulheres, que estavam irritadíssimas após quase duas horas do castigo proposital que impus. Elas aguardavam na sala onde Regina estava anteriormente, Corina ao notar que eu me aproximava, lançou-me um olhar fulminante, levantou-se e andou rapidamente até mim, ergueu o dedo indicador quase o encostando no meu nariz e disse com voz baixa e ameaçadora:
- Você é um miserável de um filho da puta Falcão! Não pense que vou engolir todos os seus desaforos, só porque a Regina deu um golpe de mestre nesse seu ego descomunal e o deixou com cara de otário perante toda a força policial. O que na realidade é muito bem feito seu cretino arrogante!
As outras duas a afastaram de mim e tentaram acalmá-la, ela se desvencilhou das mãos delas irritada e praguejando alto. Valquíria disse ao mesmo tempo que me olhava com aqueles belos olhos verde-escuros de um jeito distante, como se ela não pertencesse a nada daquilo e fosse inatingível:
- Calma pelo amor de Deus mulher! Você já não acha que estamos com problemas demais e para que arrumar mais um se descontrolando desse jeito? Quer ser presa por desacato? E cuidado com o que fala, afinal, o próprio Jesus pode se equivocar, o simpático aí jamais. –Terminou com ironia e um sorrisinho zombeteiro nos lábios.
Quando me dei conta da maneira que ela se referiu a mim, não me contive e realmente me diverti, joguei a cabeça para trás e ri gostosamente – até me esqueci por alguns instantes do que estava acontecendo - minha atitude conseguiu somente aumentar a ira e a indignação de todas.
- Por Dios señor Falcón! Pero acha que nos otras tenemos cara de palhaças para que se divirta a nostras custas? Falou Soledad com os olhos úmidos e a face rubra de cólera.
Parei de rir, passei a mão no cabelo e disse:
- Eu realmente não acho que as senhoras tenham cara de palhaças, apesar de serem muito divertidas, não posso negar. Então Jesus se equivoca e o simpático aqui, não?! Dona Valquíria realmente eu não esperava por essa. Mas, mudando de assunto, não posso dizer o mesmo da amiga de vocês...
Fiquei reticente e estudando as reações das três mulheres.
- Mas do que diabos você está falando seu maluco?! - Falou Corina indignada.
Olhou aquela mulher baixinha e impulsiva nos olhos e convidei a todas fazendo ar de mistério, para me acompanharem até a outra sala. Corina esbravejou revoltada:
- Não vou com você a lugar nenhum, isso é uma arbitrariedade! Viemos aqui para acompanhar nossa amiga e de repente estamos metidas nessa tremenda confusão, até de cumplicidade na fuga da Regina fomos acusadas. Não mesmo Falcão daqui eu só saio para ir embora, e é o que vai acontecer nesse exato momento!
Ela se dirigia para a saída quando eu a detive e falei com tom de voz que ninguém ousaria contestar:
- As senhoras precisam me acompanhar, vou mostrar algo que tenho absoluta certeza será uma grande surpresa para todas.
Corina me encarou por alguns instantes e percebeu que eu não deixaria que saíssem de lá da maneira como ela queria, refletiu e disse ferina:
- Está bem Falcão, você venceu! Conduza-nos, por gentileza, até a outra sala deste lugarzinho tão aprazível.
Pousei os olhos em cada uma delas e divaguei:
- Qual será a primeira a ser irônica após verem o que tenho para vocês? Por favor, me acompanhem.
Levei-as até a sala onde se encontrava Armando e pedi a ele que mostrasse o que havia descoberto. Quando Gonzaga virou a tela do computador na direção delas com a foto da senhora idosa, Corina explodiu de vez:
- Mas o que é isso?! Que porra está se passando aqui? Você disse que teríamos uma surpresa Falcão, mas não esperava que já nos tivesse em tão alta conta a ponto de nos mostrar fotos de família. Ora façam-me um favor! Quem é essa afinal, sua tia? Não, melhor, sua mãe?
Soledad interviu:
- Corina por amor a Dios! Non diga una cosa dessas! Usted acabará non saindo de acá.
- Não estou nem aí Soledad! Já estou de saco cheio de toda essa merda! E quer saber do que mais? Arco com as consequências se for presa, sou adulta, chega disso! Agora me vem esse aí com essa tremenda baboseira! Não dá!
Eu a olhava e achava graça mas, isso não impediu que minhas palavras saíssem repletas de sarcasmo:
- Não dona Corina, não é ninguém das minhas relações pessoais, na realidade é uma conhecida sua e ao que me parece, uma conhecida muito estimada.
- Eu já disse que você é maluco não? Agora tenho plena convicção. Jamais conheci está senhora. – Disse ela.
Eu a encarei enquanto levava a mão ao bolso da camisa para pegar meus cigarros, tirei um e enquanto o batia na caixa disse bem-humorado:
- Eu não diria isso dona Corina. Olhe a foto com detalhes e não somente a senhora, peço que dona Soledad e dona Valquíria também façam o mesmo, por favor.
Todas se aproximaram da tela e ficaram olhando a foto, mas não conseguiam reconhecer aquela senhora, enquanto isso, acendi o cigarro, traguei longamente e com um gesto de cabeça pedi para que Gonzaga mexesse no teclado do computador para que o nome da senhora aparecesse na tela, quando Armando terminou fez para mim sinal de positivo, estava feito, era só aguardar. Qual seria a primeira a soar o alarme e descobrir a surpresa? Passaram-se dois minutos e a espanhola Soledad empalideceu, disse algumas palavras incompreensíveis em seu idioma natal e logo gritou:
- Pero que pasa acá? Esto só puede ser una brincadeira de pésimo gusto! – disse e caminhou até a janela ficando de costas para todos com os braços cruzados.
- Pirou Soledad? Do que você está falando? Perguntou Valquíria.
Corina olhou para a amiga e viu que ela estava pálida e recomeçou a chorar, como não parava de falar em espanhol percebeu que alguma coisa importante ela viu naquela foto porque Soledad só ficava assim quando estava realmente apreensiva, caminhou até ela e parou a seu lado perguntando de forma afetuosa:
-Minha irmã, o que há? Diga para "su pequeña" o que você achou ali.
Soledad chorosa olhou-a nos olhos e falou:
- Lo nombre, hermana! Lo nombre!
Valquíria que assistia a tudo a certa distância foi até o computador e leu em voz alta o nome completo da anciã e falou:
- Regina dos Santos Barbosa... Não há com o que se preocupar, afinal, isso é apenas um caso de homônimos.
Olhou para mim aguardando a resposta, eu dei outra longa tragada no cigarro e disse soprando a fumaça:
- Muito bem senhoras, se trata realmente de um caso de nomes iguais. Mas o que eu quero é que se atentem aos fatos, não são apenas os nomes, é tudo igual, aliás, igual demais se é que me entendem.
Quando disse essas palavras dei um sorrisinho e uma piscadela de cumplicidade para Valquíria que não entendeu nada e me olhou com uma expressão que se fosse para traduzir em palavras diria o seguinte: tem certeza que isso que está fumando é cigarro?!
Corina foi olhar novamente a tela do computador, parou ali por alguns minutos e quando se retirou, mudou de atitude e foi logo dizendo:
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Falcão e o Renascimento da Fênix. [Degustação]. Livro Completo na Amazon.
ChickLitRegina... Uma mulher misteriosa... Com ela, nada é o que parece. Falcão... Um investigador com um segredo.... Complicado. Difícil. Obscuro. Seus caminhos se cruzarão de maneira inusitada. Uma traição vinda de onde menos se espera. Eles descobrirão...