Capítulo 1- Apaixonado

3K 298 356
                                    


Era cedo, uma manhã nublada, fria, pequenos flocos de neve batiam na janela e logo se desfaziam no chão, uma manhã perfeita para ficar na cama o dia todo apenas observando o teto, tirando um dos pés pra fora da coberta para sentir o clima geladinho e logo depois o cobrir de novo. Mas nem tudo é como queremos, Minho teria que se levantar para mais um dia de escola, e assim faz, se levantou e vestiu o uniforme azul escuro sem graça da escola em um pulo pois o tempo gasto em imaginar como seria passar aquela manha fria na cama já foi o suficiente para fazê-lo se atrasar e agora ter que se apressar.

Entra no carro coberto por uma camada fina de neve, o que o deixava mais frio ainda por dentro. Seu pai entra logo em seguida e liga o aquecedor, Minho apenas olhava pela janela embaçada pelo vapor observando todas as casas de seu bairro, já conhecia todas a cada detalhes e seus donos também, hoje por algum motivo estava mais cabisbaixo que nos outros dias, talvez apenas não tenha dormido direito, ou sonhou algo estranho e que se lembra, são muitas possibilidades mas nenhuma parecia certa para Minho

— Lembre-se, seja educado com seus professores, estão ali para te...

— ensinar e não para ouvir desaforos de alunos inconvenientes, eu sei pai, você fala isso todos dias quando chegamos a escola

— e nunca vou parar de falar, sua mãe sempre quis você um menino educado e gentil com os mais velhos, estou apenas cumprindo seus desejos, não decepcione sua mãe, mesmo não estando aqui ela sabe de cada passo que você da, e quero que, não importe onde ela esteja, fique orgulhosa do menino que você está se tornando — acaricia os cabelos do mais novo e sorri para o mesmo — com certeza se estivesse aqui ela repetiria a mesma frase em uníssono comigo

— entendo pai, desculpa, acho que fui muito grosso te interrompendo na frase

— não tem problema filho, agora vá e estude duro — o mais velho destrava as portas do carro e sorri para o filho que ajeitava a mochila nas costas e saía do carro acenando para o grisalho

Se sentou em seu lugar e deitou a cabeça na mesa, estava triste por algum motivo e só queria esconder seu rosto que, com certeza, entregava todo os seus sentimentos, até que um cheiro de pinheiros característico exala por toda a sala fazendo-o tirar a cabeça do meio dos braços e erguer a postura, Jisung acabara de chegar na sala e sentou em seu lugar, ao lado de Minho, ao notar o amigo triste logo faz uma expressão de confusão para o mesmo e se levanta indo até uma carteira vazia na frente de minho

— o que houve hyung? Parece tão tristonho. Aconteceu algo?
— não é nada Jisung — forçou um sorriso em seus lábios cimétricos, mas infelizmente, ou felizmente, não foi o suficiente para enganar Jisung

— ninguém fica triste por nada Minho, é algo em casa? Pode me contar o que for, estou aqui para ajudar — sorri meigo e coloca a mão por cima de um dos braços de seu hyung ainda postos em cima da mesa

— eu não sei o que é Jisung — o que não era mentira, ele realmente não sabia de onde aquela tristeza repentina poderia ter vindo sendo quena noite passada estava super feliz — mas não se preocupe comigo, está tudo bem, eu prometo

O professor logo entra na sala e todos os alunos voltam para seus respectivos lugares. Quando Jisung tirou sua mão de cima do braço de Minho, parece que aquele sentimento apertou mais em seu peito, algo estava muito errado e Minho não tinha controle sobre o que estava acontecendo, ele apenas, estava triste por algo que nem sabia o que era. Parecia como se algo estivesse faltando, como se fosse um quebra cabeça sem a peça principal para completa-lo, era um sentimento agonizante.

— psiu — Jisung chama baixinho por Minho que logo se vira para o mais novo que faz gestos com a boca formam a frase "não fique triste" finalizado com um dos melhores sorrisos do loiro

Ao se virar para frente novamente, o aperto forte no peito acontece novamente e um nó na garganta se formou. Já era insuportável. Tudo que Minho mais queria naquele momento era chorar em um quarto sozinho para se livrar da angústia sem razão, ele faria qualquer coisa por isso

O intervalo chegou mais uma vez, e nada de diferente aconteceu. Mais uma vez Jisung saiu da sala acompanhado de sua namorada, ver os dois de mãos dadas saindo da sala foi como uma facada no peito de Minho, e o sentimento ruim apenas se intensificou. Mas o que está acontecendo comigo? Era a única coisa que passava pela mente de Minho. Por que isso acontece quando vejo Jisung, eu não entendo. E o nó na garganta se forma novamente, trazendo a imensa vontade de desabar ali no meio do pátio junto consigo. Foi a gota d'água.

Sem pensar muito, Minho apenas se levanta do banco onde estava acomodado e sai correndo em direção ao jardim dos fundos não muito frequentado. Se sentou encostado em uma árvore abraçando os próprios joelhos com o rosto no meio dos dois. Lágrimas angustiadas e salgadas desciam pelo seu rosto formando uma gota única na ponta de seu queixo e logo caindo sobre a grama recém cortada. O forte cheiro de pinheiro surgiu de novo perto de Minho, o que fez com que seu peito se apertasse mais

— o que foi Minho? — Jisung se abaixa desesperado ao lado do amigo — por que está chorando?

— n- não é nada, apenas me deixe sozinho — o moreno disse entre soluços e lágrimas ainda com o rosto colado aos joelhos

— não vou! Ver meu melhor amigo triste me deixa triste o dobro

Quando as palavras "melhor amigo" saíram de sua boca, Minho apenas se pôs a chorar mais e o nó em sua garganta ia ficando cada vez mais apertado e difícil de desfazer. Jisung colocou a mão sobre os fios macios de Minho oferendo carinho para que se acalmasse

— me diga, o que está sentindo, por que está tão mal?

— e-eu não sei Jisung, apenas não sei, um aperto no peito, nós impossíveis na garganta e uma tremenda vontade de chorar em qualquer lugar... me diz o que está acontecendo Jisung, por favor — disse já quase sem lágrimas por falta delas pois se ainda as tivesse ainda estaria derramando-as por seu rosto

— Minho, você está... apaixonado, isso, apaixonado — Jisung disse depois de ponderar um pouco em cima dos sentimentos repentinos do amigo — foi assim que me senti por minha namorada

As ultimas palavras de Jisung só fizeram mais facadas no peito de Minho

— como eu faço pra parar? — disse com os olhos inchados e vermelhos de tanto derramar o líquido salgado deles

— diga a pessoa que você ama toda a verdade, é simples

— eu não sei a quem amo Jisung, eu não tenho ideia — na verdade tinha, mas não queria acreditar na possibilidade de estar apaixonado por... Jisung, não, impossível — ou sei — diz a última parte quase inaudível após pensar um pouco e relembrar a manhã, o cheiro de Pinheiro que fez o sentimento mais fortes e o coração bater mais rápido, o toque de sua mão em seu braço, seu cuidado e carinho, mas o pior de tudo, as mãos dadas com a namorada que causou o pior de todos os sentimentos daquele dia. Ele está a apaixonado por Jisung.

———
Acho que ninguém vai ler isso aqui, mas eu to gostando de escrever então vou continuar postando :P. Até o próximo cap :3

The Feeling - MinSung  PARADAOnde histórias criam vida. Descubra agora