Tudo á minha volta parecia girar, era como se estivesse num carrocel. Abri os olhos lentamente. Grace e Shannon estavam a olhar para mim com um ar preocupado.
- Rose! - Shannon gritou. - Grace! - chamou. - Ela acordou, ela acordou! - repetiu.
- Onde estou? - perguntei não reconhecendo a divisão.
- Estamos no hospital. - declarou Grace.
Os seus olhos estavam molhados e vermelhos. A sua expressão demonstrava tristeza. A sua face estava mais branca que o normal e olhava-me com uma expressão muito admirada.
Não era a primeira vez que a via assim com aquela expressão. Lembro-me perfeitamente quando tínhamos apenas seis anos e ela ficou sem a sua boneca preferida.
- Grace, queres ir ao parque? - perguntei-lhe enquanto fazia festas em York, o cão da prima de Grace.
Ela assentiu e eu dei um salto de alegria.
Comecei a caminhar em direção ao dito parque, mas parei assim que não senti a presença de Grace. Olhei para trás e deparei com Grace com uma cara que transmitia tristeza e admiração. Nunca vira Grace assim, nunca a tinha visto prestes a chorar, mas a verdade é que nunca a tinha visto chorar, ela era sempre alegre e divertida.
- Grace, estás bem? - perguntei.
Ela olhou para mim. A sua boca estava aberta num perfeito «o», demonstrado o dente da frente ainda por nascer.
Apontou ligeiramente para a boca de York fazendo-me olhar. Camile, estava na boca de York. Desfeita. Camile era a sua boneca preferida, ela nunca a deixava para trás, nem nunca deixava de lhe dar a comida e de mudar as fraldas.
- O York está a devorar a Camila. - afirmou e a sua cara ficou ainda mais branca.
Era assim que Grace demonstrava a sua tristeza. Poucas vezes o fazia, mas nunca chorava.
- Grace. - disse com esforço.
Não me doía nada. Não sentia dores musculares, nem nos ossos. A única coisa que sentia era o meu corpo a desfalecer. Sentia-me fraca e frágil.
- Sim? - perguntou depois de aclarar a sua garganta.
Eu sabia que ela estava triste, mas ela tentava não demonstra-lo. Ela sempre dissera a mesma frase:
«A tristeza é a maior fraqueza de um ser humano, pensamos sempre que perdemos tudo, mas não é verdade. A vida continua.»
Nunca percebera essa frase. Grace disse-me que tinha sido o seu avô que lhe dissera essa frase, e só depois de ele ter morrido é que ela percebeu o significado a frase. Disse-lhe para se calar com aquilo, pois não era quando ela morresse que eu queria perceber o significado.
- Estiveste a chorar? - perguntei baixo.
A minha voz falhava sempre que tentava dizer alguma coisa.
- Esteve. - declarou Shannon.
Olhei de relance para ela e depois virei novamente a minha atenção para Grace.
- Porquê? - questionei deveras impressionada.
Até Shannon já a vira chorar. Nem a Amanda e Mark, os seus pais, Grace tinha mostrado uma lágrima.
- Eles disseram que tu. - parou para respirar fundo e depois prosseguiu. - podias nunca acordar.
- Como? - perguntei.
- Sim, Rose. - Shannon afirmou. - Depois de teres vomitado, ficaste inconsciente porque tiveste um AVC. - continuou.
- Então nós trouxemos-te para o hospital. - Grace prosseguiu.
A sua cor voltara ao normal, mas a sua expressão ainda transmitia os mesmos sentimentos.
- Rosalyn. - alguém afirmou enquanto abria a porta do quarto onde me encontrava. - Acordas-te.
Assim que a porta se fechou, foi possível ver-se um vulto de uma mulher. Era uma mulher alta, de longos cabelos pretos e uns olhos cor de esmeralda, iguais aos meus. A sua pele era branca como a cal e a sua expressão era alegre.
- Olá meninas. - disse. - Eu sou a Doutora Vivianne. - disse e chegou-se perto de mim examinando os aparelhos que se encontravam ligados ao meu braço.
- Eu estou bem? - perguntei com receio, mas ela respondeu-me com um sorriso de orelha a orelha.
- Estás sim, Rosalyn. - declarou. - Tiveste uma recuperação mais rápida do que o normal, mas está tudo ótimo.
- A sério? - questionei mais calma.
- Sim. - respondeu.
- Então vai dar-lhe alta? - perguntou Grace, definitivamente mais calma e feliz.
- Sim, mas preciso de uma coisa.
- Claro, tudo o que quiser. - respondi.
- Preciso de fazer estudos ao teu sangue, para ver se estás bem a cem por cento, por isso vou ter de te tirar sangue.
- Claro! Desde que possa ir para casa.
- Podes assim que te tirar sangue.
- Okay. - declarei.
***
Assim que Grace e eu chegamos a casa dirigimo-nos para os nossos quartos e fomos dormir. Adormeci assim que me enrolei nos lençóis.
- Nunca devias ter dado o teu sangue. - o som de uma voz rouca soou na divisão.
Com esforço levantei os meus lençois para puder ver quem era e a minha boca abriu assim eu vi quem era.
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The Vampire's Life || l.t [PARADA POR UM POUCO]
Vampiro“Por que o amor, aparentemente tão doce, é tão prepotente e tão brutal quando posto à prova?” ―William Shakespeare © All Rights Reserved to BlueeFox™ *Capa feita por @CoolStyles*