A Cura

Capítulo 48

Pov. Beyoncé

Conseguir dormir direito nos últimos dois dias tinha se tornado algo inalcançável, o que conseguíamos, no máximo, eram apenas algumas horas de sono antes da nossa filha acordar outra vez. Blue ainda estava com um pouco de febre, tinha a levado ao pediatra no dia anterior e, segundo ele, aquilo era normal, pediu apenas que eu ficasse atenta caso a temperatura aumentasse. Tinha passado quase a madrugada toda acordada com ela, lhe dei um banho morno para abaixar a febre e tirar o suor de seu corpo. Depois de alguns minutos, ela conseguiu dormir, me levando junto. Grunhi alto quando o celular tocou, me avisando que era hora de levantar, minha pequena ainda dormia ao meu lado.

Jay já tinha saído a caminho do trabalho, não tinha visto ele sair de casa, mas fui agraciada com um bilhete que ele tinha deixado na cômoda me desejando um bom dia. Blue teria que ir comigo, Ros e Serena ainda não haviam chegado de viagem, Kelly estava fora da cidade por uns dias e eu já estava atrasada para pedir que minha mãe ficasse com ela, minha última alternativa era arrastá-la comigo. Depois de me arrumar rapidamente, fui vestir minha filha que estava despertando de seu sono.

— Bom dia, garotinha linda da mamãe. — Sorri ao ver seus olhinhos se abrirem devagar, passei a mão em seu rostinho e notei que a febre havia passado. — Pronta para o seu primeiro dia de trabalho comigo? — Conversava com ela e o seu bocejar me fez rir. — Eu sei, vai ser um dia entediante para você, mas não temos muita opção. — Toquei seu nariz e lhe arranquei um sorriso, com seu primeiro dentinho nascendo.

Depois de vesti-la e arrumar nossas bolsas, desci para preparar sua mamadeira, Blue deitou em meu ombro enquanto eu fazia seu leite, a chupeta em sua boca ajudava acalmá-la. Olhei para o relógio em meu pulso e vi que ainda tinha uns minutos antes de precisar sair, era tempo suficiente para amamentar a pequena.

***

Passei pelas portas do prédio apressadamente, parecia uma louca correndo com uma criança no colo. Estava dez minutos atrasada graças ao transito catastrófico, entrei no elevador e apertei o número 12, olhei para minha filha e vi que ela estava se divertindo com a situação.

— É bom ver que você está rindo de sua própria mãe. — Encarei nossos reflexos no espelho, ajeitei meus cabelos que se bagunçaram com minha correria e observei os números no painel.

O elevador parou no décimo segundo andar, caminhei pelo extenso corredor sem ao menos me importar em cumprimentar meus colegas de trabalho, estava atrasada para perder meu tempo com aquilo. Entrei em minha sala, deixando a bolsa de Blue, junto a minha, em cima da mesa. Como sempre, George entrou eufórico na sala.

— Eu precisava saber quem era a louca que estava correndo lá embaixo com um bebê. — Ele andou em minha direção e sorriu ao encarar Blue. — O que essa coisa fofa faz aqui? — Ele perguntou animado.

— Eu não tinha com quem deixá-la. — Suspirei, me sentando com a bebê no colo.

— Aqui, eu trouxe seu café. — Me entregou o copo.

— Muito obrigada, George. — Sorri, dando uma golada no líquido, senti o vapor bater em meu corpo e aspirei o cheiro maravilhoso.

Aproveitei que Blue estava comportada em meu colo para organizar alguns papéis importantes que estavam na minha mesa.

— A reunião de hoje foi cancelada. — George disse ao ler algo em seu celular.

— Eu sei que não deveria, mas essa foi a melhor notícia que eu poderia receber hoje. — Abandonei o copo em cima da mesa e sorri para ele.

Blue começou a se agitar em cima de mim, era óbvio que ela não ficaria quieta por muito tempo, suas mãozinhas bateram impaciente na mesa, esbarrando no meu copo e derrubando o líquido preto em cima de alguns contratos.