Capitulo 10

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-Eu quero ir - a Milena vira pra mim - a senhora deixa mamãe? 

-Claro que ela deixa, né Gabriela - o folgado responde por mim. 

-Amanhã você tem escola Milena - reviro os olhos. 

-Vai ser rápido - Gustavo fala. 

-É mamãe, deixa por favor - ela faz beicinho. 

Bufo, eles me convencem e a gente entra no carro de Gustavo. Gustavo conversava com a Milena o caminho todo e eu me sentia incomodada com aquilo. 

Era patético! Ele pai da minha filha e ambos não sabe quem são pai e filha e mesmo assim tem uma certa "aproximação" que eu odeio. 

Se eu realmente não necessitasse desse emprego já tinha pedido demissão a muito tempo, porque o que eu menos pensava que fosse acontecer era eles dois se encontrar e o que eu mais temia era essa aproximação deles dois. 

Chegamos no parque que estava um pouco cheio por conta de ser final da tarde. Muitas mães com suas crianças, pessoas passeando com seus animas, sem contar que havia muita criança ali brincando. A Milena logo se animou.  Ela já saiu do carro pulando de batendo palminha de alegria. Realmente eu nunca mais tinha trago ela no parque para brincar, também eu não tinha muito tempo para isso. Vivia trabalhando e ela só fica em casa por conta disso. Mas ela nem liga muito. 

Ela correu logo para um balanço e Gustavo que estava de terno e gravata totalmente social foi a empurrar no balanço, sem contar que ele estava de sapato e no local do balanço tinha areia, mas ele nem estava ligando.  Milena dava uma gargalhada gostosa, era isso que mais importava na minha vida, vê a minha filha feliz. Se ela está feliz eu também estou, minha felicidade depende da dela. Vendo ela gargalhando ali me fez rir também, ela tinha uma risada tão maravilhosa que contagiava quem estava perto. Gustavo também sorria e eu toda derretida pela cena que estou vendo. 

Mesmo não querendo que eles dois se aproximem era bonito de se ver, naquele momento senti que minha filha se sentia bem ao lado do pai, mesmo sem saber que ele é seu pai. 

-Mais alto Gu - ela grita para Gustavo que a obedece, empurrando o balanço mais forte. 

Milena foi um grande presente na minha vida, mesmo vindo numa hora não tão boa. Tive que infelizmente largar meus estudos para continuar a gravidez, mas depois que ela nasceu eu concluir. 

Um dia ela vai virar pra mim e dizer: "tá mãe", "já vou mãe", "ahhh mãe"... e eu?! eu vou lembrar, de todas as vezes em que ela repetiu, como se fosse um mantra: "mãmãmãmã" e que sorriu, em meio às lágrimas, porque eu apareci, respondendo teu chamado. 

Um dia, ela vai ficar brava porque eu não deixarei fazer alguma coisa, vai entrar para seu quarto e vai ficar sem falar comigo por uma tarde inteira... e eu?! eu vou lembrar, de todas as vezes, em que ela não quis se separar de mim, nem por 5 minutos, pra eu ir ao banheiro. 

Um dia, ela vai pedir para dormir na casa de uma amiga, viajar com as colegas da escola... e eu?! eu vou lembrar, de todas as noites, em que seu porto-seguro, a única razão do seu sono tranquilo, era eu. 

Um dia, ela vai crescer... 

Vai querer voar e de vez em quando, cair e se machucar, num lugar onde "um beijinho" meu, não vai sarar. e eu?! eu vou pedir para o tempo voltar, pra está no seu lugar, pra ser de novo, a sua paz. 

A Milena arranja umas amiguinhas brincando também e Gustavo vem se sentar ao meu lado num banco. 

-Ela tem bastante energia - ele puxa conversa. 

-Ela é uma criança - digo ríspida. 

-Não me diga - ele ironiza - não sei porque, mas gosto dela. 

-Todos gostam, ela é cativante.  -Ela é alegre e extrovertida, deixa sua alegria por onde passa. Se eu tivesse uma filha queria que fosse assim, não queria que ela puxasse o lado da Rebeca, Rebeca é chata. 

-Porque ainda está com ela? - pergunto mas depois me praguejo a ter perguntado isso. 

-Nem sei, são anos juntos, me acostumei com ela do jeito maluco dela. 

-Você não ama ela? 

-Eis a questão. Não sei se é amor, é mais cumplicidade. E ela sempre me apoiou em tudo, ela sabe ser uma esposa, mesmo sendo chata. 

-Ah - murmuro. 

-E o pai da Milena? - ele pergunta curioso. 

-Não quero falar sobre isso. 

-A Milena conhece ele? 

-Não quero falar sobre isso - repito. 

-Parece que você realmente não gosta dele - ele fala olhando para seus dedos. 

-Que bom que você percebeu isso. 

Milena vem correndo até a mim toda suada. 

-Mamãe quero algodão doce - ela fala com os olhinhos brilhando. 

-Milena você já comeu muito doce hoje. 

-Mas Mamãe - ela faz cara de pidona. 

-Deixa a menina comer o algodão-doce dela - Gustavo fala dando dinheiro a Milena que sai correndo para comprar o algodão-doce.

-A filha é minha, você não pode simplesmente mudar a educação que eu estou dando a ela. 

-Calma, a menina só queria comer algodão-doce, o que tem demais nisso?

- Ela já comeu muito doce hoje, a Milena não pode ficar cheia de vontade assim, tudo que ela pedir eu dá, e quando eu não puder dá? Ela vai ficar uma criança rebelde e mimada, e as coisas não são assim. 

- Tá bom Gabriela. Mas calma, isso não é um bicho de sete cabeças. 

-Bem que eu achei que isso de vim com você daria super errado - deixo uma sandália na Milena cair quando me levanto. 

Eu e ele nos abaixamos para pegar e ele pega a minha mão. Levantamos e ele fica cara a cara comigo, de frente para mim em pouco centímetros de distância. Ele chega mais perto de mim e coloca suas mãos em meu rosto. 

Fecho os olhos com seu toque, Gustavo lentamente cola as nossas bocas, abro a minha boca dando espaço para ele iniciar o beijo, é quando a Milena chega. 

-Vocês estão namorando?

Fate Of LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora