Prólogo

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AVISO: Este capítulo contém assuntos sensíveis que podem ser gatilho para alguns leitores, como; relato de abuso sexual e violência doméstica. Portanto, quem for sensível a este tipo de conteúdo, sugiro que *NÃO LEIA*!!

Obrigada pela atenção de todos. Tenham uma boa leitura.

Any Gabrielly P.O.V

Sei que minha vida nem sempre foi tão difícil, mas não consigo me lembrar de uma época em que ela tenha sido fácil.

Minha mãe tinha tudo para ser uma mulher bem sucedida; era inteligente, formada em administração e tinha um emprego estável no Brasil.
Digamos que seu único defeito era amar os homens errados. Literalmente.

Me lembro vagamente do meu pai. Muito pouco mesmo. Ele abandonou à mim e minha mãe quando eu tinha cinco anos, então, acho que não há muito o que lembrar.
Minha mãe nunca falou muito sobre ele e, honestamente? Nunca fiz questão de saber.

Priscila. Este era o nome da minha mãe.

Um tempo após meu pai ter nos deixado, a empresa na qual ela trabalhava propôs que ela fosse trabalhar nos Estados Unidos.
Minha mãe nunca perderia uma oportunidade como essa, então, aceitou a proposta sem hesitar.

Minha família não apoiou minha mãe. Eles nunca se deram bem e nunca a apoiaram em suas ambições. Diziam que ela sonhava alto demais.
Mesmo sem o apoio de ninguém, nós pegamos o voo para Miami.

Priscila foi uma mulher independente. Durante um tempo.

Os três primeiros anos morando em Miami foram como o paraíso. Apesar de não me lembrar muito, me recordo vagamente da rotina tranquila.

A tranquilidade chegou ao fim quando minha mãe se apaixonou por Kevin Donald, o cara que transformou nossas vidas em um caos.
Eles trabalhavam na mesma empresa, foi assim que se conheceram. No início, Kevin era um doce, tratava minha mãe como uma rainha e me tratava como se fosse sua própria filha.

O casamento foi precoce demais. Apenas seis meses juntos, e minha mãe estava usando o maldito vestido branco.

O que minha mãe não imaginava, é que ao assinar o documento do casamento, estaria assinando também o documento de sua autópsia.

Pouco tempo depois, minha mãe descobriu que estava grávida das minhas irmãs gêmeas; Amelia e Kimberly.
Com o nascimento delas, a relação entre meu padrasto e minha mãe apenas piorou. Ele tinha problemas com álcool e descontava qualquer coisa nela. A casa era preenchida com violência e infelicidade.
Ele a agrediu em local de trabalho, e por este motivo, foi mandado embora e obrigou que minha mãe pedisse demissão. Ela não queria, mas ele ameaçou levar Mia e Kim embora, então, ela fez o que ele mandou.

Por conta dos problemas financeiros após ambos ficarem desempregados, tivemos que nos mudar para uma comunidade de casas trailer.
Minha mãe começou a trabalhar em um salão de beleza durante o dia, e durante a noite trabalhava como garçonete em um restaurante.
E meu padrasto arrumou um trabalho como entregador de pizza em uma pizzaria do bairro.
O fato dos dois trabalharem todos os dias, me obrigava a cuidar das minhas irmãs de um ano quando eu tinha apenas dez anos.

Enquanto as outras crianças da minha idade brincavam de dona de casa, eu realmente era uma.

As coisas só pioraram.

Kevin chegava em casa mais cedo que a minha mãe, e aproveitava a ausência dela para fazer coisas comigo. Na época, eu não entendia o motivo pelo qual ele sempre insistia que eu tomasse banho com a porta do banheiro destrancada. "A maçaneta está enferrujando, garota. Apenas obedeça." era o que ele dizia. Não entendia o motivo pelo qual ele colocava desenhos na televisão e pedia para que eu sentasse em seu colo, pois ele iria assistir comigo. Não entendia o por quê dele visitar meu quarto todas as noites.

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