Cheesecake

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Any Gabrielly P.O.V

O episódio do garoto, agora nomeado Josh, me deixa bastante intrigada durante o café da manhã. Seu rosto é familiar.

Quer dizer então que Ursula e James já tem um filho? Por que será que adotaram eu e meus irmãos? Sei que as vezes não tem um motivo específico, talvez eles só quisessem mais filhos. Mas, normalmente, as pessoas não adotam quatro de uma vez. Tem as exceções, é claro.

Após um turbilhão de pensamentos passarem pela minha cabeça, chego a conclusão de que sou extremamente paranóica.

Termino meu café da manhã em silêncio, o que seria difícil se meus irmãos estivessem na cozinha. Porém, para a minha sorte, Kyle os levou para nadar na piscina, a qual eu ainda não vi mas sei que fica nos fundos da casa.

Faço menção de me levantar, mas sou impedida por Cindy que segura meus ombros.

- O que vai fazer? - ela pergunta arqueando uma sobrancelha.

- Lavar a louça? - digo como se fosse óbvio e solto um riso fraco.

- Não mesmo. - Cindy diz pegando meu prato e copo - Você perdeu toda a sua infância fazendo tudo e cuidando das crianças. Agora você tem alguém para cuidar de você também.

- Cindy, eu não vou perder a mão por lavar a louça. - digo rindo.

- Eu não vou deixar você fazer nada enquanto eu estiver aqui. - Cindy diz determinada - Sem "mas"! - ela me interrompe antes que eu proteste - Anda. Vai fazer alguma coisa que adolescentes normais fazem.

- Vou ler. - digo me levantando.

- Te chamo quando o almoço estiver pronto. - ela diz e eu assinto.

Saio da cozinha rumo a enorme sala, onde paro outra vez em frente à lareira para ver os porta-retratos. É neste momento que reconheço que o garotinho das fotos é o Josh.

Fico observando as fotos por alguns segundos antes de dar as costas e caminhar até a escadaria. Faço menção de subir para a ala oeste, mas minha curiosidade me faz parar e encarar a ala leste.

O que será que tem lá em cima?

Antes de sair da sala de estar, percebo no canto do cômodo algo que eu não havia reparado ontem; um piano branco.
Me trás lembranças, minha mãe tinha um piano e este foi o único instrumento que eu aprendi a tocar. Sinto um nó se formar na minha garganta, mas logo me recomponho.

Balanço a cabeça negativamente e resolvo subir para ver o que há lá em cima, ninguém disse que eu não podia. E, se eu vou morar aqui, acredito que seja sem restrições.

Por alguma razão, a ala leste parece ser maior que a ala oeste. Caminho pelos corredores cujo às paredes são brancas assim como as da ala oeste. Paro para ver alguns quadros com paisagens ou pinturas.

No final do corredor, uma porta me chama a atenção; ao contrário das outras portas, que são todas brancas, essa é de madeira.
Enrugo a testa e apresso os passos até lá, curiosa. Abro a porta e entro no cômodo, arregalando os olhos encantada.

É uma biblioteca. Eles tem uma sala de leitura em casa.

Não consigo evitar que um riso de felicidade escape da minha boca. Desço a escada de caracol, observando cada detalhe da biblioteca. As poltronas marrons clássicas, o tapete aubusson de cor escura e as prateleiras e móveis de madeira me fazem sentir que eu estou em outra época. Há uma lareira e eu me imagino lendo algum livro em frente à ela quando o inverno chegar.

Fecho os olhos, apenas sentindo o cheiro de local, que me acalma de uma forma surreal.

Abro os olhos e sorrio, tocando a escada deslizante, me segurando para não subir na mesma e ver quais livros tem no topo da prateleira.

The AdoptionOnde histórias criam vida. Descubra agora