Eu sou muito boa em visualizar situações aleatórias. Minha imaginação trabalha muito duro para isso. Eu espero que a sua também, para você poder entender o que eu senti. E ainda sinto.
Imagine o Everest. Agora imagine alguém parado no pico, sentado numa bicicleta e pronto para fazer a descida. Essa pessoa descendo o Everest numa bicicleta é a minha vida nos últimos dois meses.
Resumindo a história: eu estou grávida de 30 semanas, vivendo num país estrangeiro e o meu, agora, ex noivo me traiu quando eu estava com mais ou menos 20 semanas de gravidez. Pra deixar as coisas ainda melhores, eu deixei tudo pra trás para acompanhar, apoiar e cuidar dele.
Como eu não tenho ninguém que eu possa chamar de família, imaginei que poderia encontrar trabalho aqui e continuar a vida como era antes de mudarmos, mas as coisas saíram do controle. Muito!
Como eu larguei tudo, o que envolve o emprego, e não tenho uma família de fato, eu ainda estou morando com o ex noivo. Maravilha, não?! Aquela bicicleta descendo o Everest parece bem realista agora, certo?!
Eu não estava me sentindo muito bem no último jogo dele na temporada, então decidi não viajar para Berlim afim de não arriscar minha saúde ou do bebê, então eu fiquei em Dortmund, mandando todo meu amor e apoio para o time.
Eles ganharam.
E eu perdi.
Ele decidiu comemorar a vitória no hotel que eles passariam a noite. Na verdade, ele e praticamente todo o time decidiu isso. Eu estava deitada na cama, pronta para dormir, conversando com nosso bebê quando uma notificação no celular me chamou atenção: alguém estava numa live no Instagram.
Redes sociais são uma bênção e uma desgraça.
Enquanto eles falavam de maneira toda enrolada graças a todo álcool que já haviam ingerido eu vi, no fundo da imagem, algo que eu nunca quis, ou esperei, ver em toda a minha vida. Raphael estava beijando (e essa sou eu sendo gentil, porque eles estavam quase nos finalmentes!) outra mulher. Eu não consegui prestar atenção em nada mais, nem o dono da live ou todo mundo que continuava basicamente gritando, tudo que eu conseguia ver era ele, lá no fundo. Até que ele saiu, abraçado à mulher. Não precisa ser um Einstein pra saber que eles foram transar em algum dos quartos do hotel.
Assim que ele pisou novamente em casa eu o confrontei. Não foi bonito.
“Hey, mon amour!” ele estava sorrindo até olhar pra mim. “O que aconteceu?”
“Não sei, aconteceu algo?” ele me encarou com os olhos nublados pela confusão. “Deixa eu ajudar um pouco. Sábado a noite…”
“Nós ganhamos a Pokal…” ele começou, ainda confuso. E eu assisti à ficha cair pela sua expressão. “Nat...”
“Por favor, não venha me dizer que você estava bêbado, porque isso não é desculpa.”
“Mas eu estava.”
“Não, Raphael!” eu quase gritei. “Você me devia respeito. Quando você está bêbado você perde seus princípios?”
“Não é assim, Nat.”
“Ah não? Você não me devia respeito ou, de repente, você não tem mais princípios?”
“Natalie, foi um erro, por favor. Eu te...”
“Não!” eu realmente gritei dessa vez e a primeira lágrima escapou. “Não se atreva a dizer que me ama. Você pode gostar de mim, mas você não me ama. Amor envolve respeito, lealdade, compreensão, empatia e várias outras coisas. Você dormir com outra pessoa não demonstra nada disso!”
“Natalie, por favor...” eu suspirei e me deixei afundar ainda mais no sofá, as lágrimas caindo descontroladamente agora. “Não fica assim, Nat, não faz bem pra você nem pro bebê.”
“Ter um traidor como noivo e pai também não. Eu confiei em você com a minha vida e é isso que eu recebo em troca? O que eu fiz pra merecer isso, Raphael?”
“Você não fez nada, Nat, por favor.”
“Ah ótimo. Então você me traiu por nada, nenhuma razão. Não sei se você ainda lembra, mas eu estou grávida. 21 semanas pra ser exata. Novamente, não sei se você lembra, mas o namorado da sua irmã traiu ela e você ficou extremamente chateado, eu tive que, literalmente, te segurar ou então você ia acabar matando-o por fazer isso com a sua irmã. Eu não quero ser melhor que ela, ou qualquer coisa do tipo, mas por que ela não merecia e eu, aparentemente, mereço? E eu nem tenho um irmão para me defender, ou um pai. Você deveria ser a pessoa a me defender, mas adivinha? Você é o que está me fazendo mal.” Eu suspirei maias uma vez e tentei enxugar as lágrimas, sem sucesso. “Eu não vou embora porque não tenho pra onde ir nem como ir, mas nosso relacionamento acabou, Raphael, e nem tente dizer mais nada, eu não preciso disso.” o encarei mais uma vez e segui para o quarto de hóspedes, onde eu tinha colocado todas as minhas coisas desde domingo pela manhã.Desde então dois meses se passaram, ele foi pra Rússia jogar pela seleção, teve um tempinho de férias e voltou pro time. Eu fiquei aqui por todo esse tempo, estudando pra conseguir uma maneira de sair daqui algum dia.
Durante esses dois meses nós basicamente não nos falamos, mas sendo honesta nem sequer passamos tanto tempo assim no mesmo ambiente, então... Eu apenas não quero mais estar aqui quando ele aparecer com outra pessoa, nem quero que meu bebê tenha que lidar com isso.
É difícil, mas tenho certeza que vou conseguir, eu já fiz isso outras vezes na minha vida, posso fazer de novo.
××
Finalmente consegui traduzir mais uma e pretendo atualizar mais essa semana, aproveitando que estou de férias e sem euros pra viajar 😢
Até a próxima 😘
Ps. coloquem a imaginação pra funcionar, como a de Nat, pra levar em consideração que essa história se passou em meados de 2017 😱
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What Happens in Dortmund... | football one shots [PT]
FanfictionO que acontece quando se junta tudo que se ama na vida: escrever, futebol e BVB 💛 Aproveite 😘 [EN] version: http://my.w.tt/UiNb/Vcm3PGIWHC