Invocação do Mal

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Bridget Lewis estava acostumada a ser esquisita. As pessoas na cidade evitavam falar com ela, por conta de seu visual macabro. Ela tinha olhos escuros tão sombrios, que era praticamente impossível olhar para eles por muito tempo sem se sentir desconfortável. Seus cabelos eram negros e semi ondulados, sem presos ao topo de sua cabeça em um coque prático. Ela tinha uma referência especial pela cor preta e por conforto, sendo assim as roupas que ela era mais vista usando. Era comum observar a garota andando de bicicleta pela cidade, escutando música em seu Walkman procurando um lugar para ficar tranquila.

Bridget costumava passar a maior parte de seu tempo sentada no Eternal Garden, o cemitério local. Ela levava consigo alguns livros de ocultismo que ela havia conseguido na loja de Gerard Foster, a cabana do ocultismo. A maioria das coisas que ela comprava lá não a ajudava a conhecer a extensão dos poderes mágicos de alguém. Os livros de Gerard tinham pouquíssimos feitiços que realmente funcionavam. E quando alguma coisa funcionava uma vez, provavelmente não funcionaria outras vezes. E por mais que isso fosse frustrante, aqueles eram os únicos livros que ajudavam Bridget a controlar seus dons.

Esse era o grande (Ou talvez não tão grande assim) segredo de Bridget. Ela descendia de uma longa linhagem de necromantes, que havia largado as práticas místicas e se enraizado em Dering Hills, onde poderiam viver uma vida normal. Afinal, todo o mundo sobrenatural sabia que a cidade era como um lar de repouso para criaturas sobrenaturais. Todos que haviam cansado de sentirem não humanos ou quisessem se defender, se escondiam em Dering Hills. Os poucos sobrenaturais que tinham consciência de seus poderes, viviam com medo e sempre em alerta, porque era comum que eles desaparecessem, reaparecendo sem quaisquer memórias de seu passado sobrenatural.

Bridget andou com sua bicicleta em uma velocidade alterada naquele dia, justamente por isso. Ela queria chegar mais cedo do que costumava no cemitério. Ela queria testar um feitiço grande, talvez algo muito poderoso para uma necromante tão inexperiente... Mas ela era Bridget Lewis e não desistiria de suas intenções nem por intervenção divina. A garota sabia que com o feitiço que ela havia achado em um dos livros da seção proibida de Gerard era o mais perto que ela havia chegado até então, de passar de uma necromante inexperiente para algo um pouco maior, como um jogo de Atari. Começar a rumar para um caminho que nenhuma necromante havia explorado ainda.

A garota jogou sua bicicleta em qualquer canto, perto do muro do cemitério. Por ser uma garota extremamente baixa, ela apoiou a bicicleta no muro do cemitério, para poder saltar o mesmo colocando seu pé no banco da bicicleta. E foi exatamente isso que ela fez, atingindo o chão com delicadeza, enquanto andava de forma sorrateira pelo cemitério. Ela não queria ser vista por nenhum guardinha ou por um coveiro. Eles poderiam descobrir onde ela escondia seu altar, o lugar que ela costumava usar para praticar seus feitiços sem que ninguém a incomodasse.

Seu altar consistia em um conjunto de velas negras e vermelhas, com um athame (Que é uma espécie de punhal usado para praticar magia), uma bacia com água e diversas caixas de giz. Bridget sempre foi adepta da arte da sigilação. Que é a arte de praticar magia através de símbolos místicos, ativados por magos. Os símbolos místicos, ou sigilos, podem ser feitos de diversas formas diferentes, mas no geral costumam ser criados pela mistura de letras em alfabetos místicos, como o Ogham celta ou runas nórdicas. Bridget, por outro lado, gostava de praticar magia egípcia, então ela costumava construir seus sigilos com hieróglifos.

O altar da garota ficava dentro de uma cripta de pedra mal iluminada, que se localizava no meio do cemitério. O local era grande o suficiente para esconder a garota e fortalecer sua magia. O poder dos necromantes era advindo da morte, de energia caótica e negra. Por isso, Bridget sempre ficava mais poderosa em locais onde se aglomeravam muitos cadáveres e locais onde uma chacina havia sido feita. Estar dentro de uma cripta, permitia um leque ainda maior de possibilidades, porque ela podia usar uma canalização mais específica, usando o poder do morto daquela cripta. Por isso, ela precisou de muito cuidado para escolher um.

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⏰ Last updated: Feb 28, 2019 ⏰

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