Dering Hills

Como (não) evitar o Apocalipse

Dering Hills, Estados Unidos

10 de abril de 1983

A vida de Sarah Turner era difícil. Não é normal ouvir essa frase quando se trata se alguém tão rico quanto ela, afinal, os Turner podiam se manter por toda a eternidade sem precisar trabalhar. Que tipo de problema uma garota como aquela podia ter? Tudo o que ela queria seria dela em um estalar de dedos. Não havia uma só pessoa que não se submetesse a todos os desejos da garota. Afinal, por onde as pessoas viam Sarah Turner desfilar, podiam sentir também o cheiro do dinheiro. E por mais que algumas pessoas ainda preferissem manter sua moral a ter que submeter a algumas situações constrangedoras com os Turner... Aqueles eram os anos 80 afinal, estavam trilhando um caminho para o futuro e esse futuro seria dos ricos.

E se os ricos tivessem uma cara, provavelmente seria a cara de Sarah Turner. Ela era o maior símbolo de beleza possível, com direito a estereótipos para dar e vender. Seus cabelos eram longos e loiros, caindo em cascatas por suas costas, sempre muito bem arrumados. Sarah tinha olhos azuis claros, glaciais, tão límpidos quanto gelo. Suas unhas estavam sempre longas e bem afiadas, brilhando em um rosa choque, que dava um aspecto de garra a ela. E talvez o estereótipo se fechasse por completo quando pudessem ver a quantidade de roupas cor de rosa em seu armário. Desde polainas até chapéus super estilizados. A única regra para uma peça do quilômetrico closet de Sarah era ser caro, rosa ou ambos.

Ela vivia em sua casa, distante dos olhos dos pobres e curiosos, a mansão Turner. Abraham e Lynda Turner, os pais de Sarah, costumavam chamar o local de "Solar Dourado". Diversos boatos sobre a mansão Turner faziam com que os mais curiosos especulassem sobre as coisas que os Turner costumavam guardar na mansão. Alguns chegavam a dizer que os Turner possuíam uma cascata de ouro líquido no centro da sala. Muitos diziam até que os Turner haviam comprado do governo o pedaço de terra em que viviam, transformando o solar em país independente dos Estados Unidos.

Isso retoma nosso questionamento inicial. Que tipo de problema uma garota como Sarah Turner podia ter?

A resposta é muito mais simples do que aparenta ser. Sarah não é tão perfeita quanto aparenta ser, ela nem ao menos é humana. E por mais que ela se esforce para transmitir para os outros que transborda confiança e amor próprio, como ela poderia se amar se ela era uma monstro? Sarah sabia que no fundo, aquilo que ela era. Também era o modo que ela conseguia para se manter sempre rica, afinal, o segredo de sua família ia muito além do que apenas fraudes e outros tipos de corrupção do governo. A família Turner literalmente não precisava fazer nada. O dinheiro simplesmente aparecia na conta deles, de forma inexplicável e mágica.

O grande segredo dos Turner, é que, na verdade, eles eram compostos por criaturas sobrenaturais. Sarah, era uma criatura mitológica conhecida como Pixiu, um ser tão poderoso quanto é desconhecido. Sua raça é capaz de atrair dinheiro e boa sorte, o que não parece grande coisa, se não considerar o nível de dinheiro que um Pixiu recebe por ano apenas por existir. Ao pisar em uma cidade, a conta bancária de um Pixiu sobe até que ele se torne o mais rico do local, o que faz os Turner, por si só, uma das famílias mais ricas do mundo, já que o passatempo de Abraham Turner é visitar inúmeros países, em busca das pessoas mais ricas do mundo.

Pixius não são muito comuns no mundo, podem se transformar em uma criatura híbrida de Leão e dragão, cuja pele é mais resistente que diamante. Muitos guerreiros do passado, se uniram para caçar Pixius, os destruindo para usar suas peles como armaduras, para atrairem dinheiro e os tornarem invencíveis. Isso faz de Sarah Turner não apenas uma das últimas de sua raça, mas um dos seres mais solitários de Dering Hills, já que ninguém podia saber sobre seus poderes. Sarah nem ao menos havia se transformado ainda, com medo do que as pessoas poderiam pensar sobre sua forma. Ela tinha pavor de ser julgada pelas pessoas, de sentir inferior.