Capítulo 2

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Cada vez mais lágrimas escorriam pelo meu rosto. Já li esta carta vezes e vezes sem conta mas nunca me vou fartar de o fazer, ela foi escrita pelo Jon, o meu melhor amigo, aliás o meu primeiro amigo de verdade, quem mais me apoiou quando estava mal, quem me fazia companhia quando estava sozinha, quem me protegia de tudo e de todos, o primeiro que me fez sentir importante e o primeiro que eu amei verdadeiramente como amigo. Mas a vida é uma grande puta, e para ele não foi exceção, digamos que partiu cedo de mais com uma doença grave. Sinto falta dele e custa muito não poder fazer nada para o ter de volta, custa saber que nunca mais vou poder abraça-lo.

Tenho apenas 16 anos, mas acreditem que já passei por muito, quando era mais nova o meu pai fugiu, deixou-me a mim e à minha mãe sozinhas, até agora nunca mais disse nada, não sei se está vivo, se está morto. Sinceramente nem quero saber, ele não significa nada para mim, ele abandonou-nos, ele para mim não é mais o meu pai, ele para mim não é nada nem significa nada.

A minha mãe é quem faz o papel de pai e de mãe sozinha, ela teve imensa força para continuar a sua vida normal quando o meu pai nos deixou e eu admiro imenso isso nela, ela ensinou-me a ser forte e a não dar tanta importância aos problemas, mas infelizmente continuo a dar.

Aos 6 anos conheci o Jon, ele era meu vizinho, sempre nos demos muito bem e fomos muito amigos. Passávamos maior parte do tempo juntos, contávamos tudo um ao outro, era como se fossemos irmãos. Quase ninguém gostava dele, mas para mim ele era diferente, ele cativou-me desde o primeiro dia em que brincamos juntos no parque em frente à minha casa, foi aí que a nossa amizade começou.

Infelizmente nem tudo correu bem, há um ano e meio atrás foi-lhe diagnosticado um cancro e ele não conseguiu sobreviver, partiu passado 7 meses.

A Mia deve ser uma das únicas amigas a sério que tenho, quase ninguém lá na escola fala comigo, não sei muito bem porquê mas talvez seja pelo facto de eu ser bastante reservada e não ter tanta facilidade em fazer amigos e por isso acham sempre que nem vale a pena falarem comigo, quando falam é por interesse mas sinceramente já estou habituada.

- Lexi, cheguei!

Era a minha mãe a dar sinal que tinha chegado a casa. Desci e abracei-lhe.

- Oh querida ... - Suspirou. - Estiveste a chorar?

- Mãe...- tentei falar mas cada vez mais lágrimas escorriam pelo meu rosto.

- Shh Lexi, calma, o que aconteceu?

- Tenho saudades do Jon, mãe.

A minha mãe apoiava-me tanto nesta situação, por isso sabia que sempre que estivesse mal podia contar com ela.

- Oh meu amor, shh, não chores mais. - Sussurrou ela tentando aclamar-me.

Estive a falar com ela uma meia hora e acabei por adormecer com a cabeça deitada no colo dela.

O relógio marcava 21:07h, levantei-me do sofá e fui para a cozinha preparar alguma coisa para mim e para a minha mãe.

Jantámos e a seguir fui para o meu quarto. Liguei o meu computador, abri o meu blog e escrevi um pequeno texto.

A escrita é o meu pequeno grande refúgio, quando não me sinto bem tento sempre escrever, tento passar para um papel, ou até para o word, tudo o que estou a sentir. Não é fácil exprimir os meus sentimentos mas alivia tanto, é como se estivesse a desabafar com alguém, é uma sensação ótima. Sempre que acabo de escrever sinto que um peso saiu de cima de mim, sinto-me melhor.

Quando dei por mim já era meia noite, por isso deitei-me na cama porque apesar de ser sexta-feira eu não me queria deitar muito tarde.

Acordei com uma súbita vontade de ir correr à beira mar e assim o fiz, achei que me iria fazer bem.

- Mãe, vou correr, até logo.

- Até logo Lexi.

Coloquei os fones no iPhone e depois nos meus ouvidos e pus a música no máximo. A música é das melhores coisas da vida e faz-me tão bem, adoro ouvir música quando vou correr.

Enquanto corria pensava em tudo, um misto de pensamentos inundava a minha mente quando de repente senti uma mão a tocar-me no ombro. Olhei para ver quem era e retirei os fones.

- Mia... - Suspirei.

- Olá Lexi, como estás?

- Estou bem. Desculpa aquilo de ontem, eu não queria ter-te falado mal.

- Não tem problema, compreendo que o que fiz foi errado. Desculpa. - Disse e seguidamente abraçou-me.

Ela fez-me companhia e depois acabou por vir comigo para casa. Convidou-me para irmos logo à noite ter com uns amigos dela a um sítio que eles costumavam ir, desta vez aceitei porque achei que poderia divertir-me.

Passamos o dia juntas e á noite fomos ter com os amigos dela, pelo que ela me conta eles parecem engraçados, digamos que até são um pouco populares devido aos vines que fazem. Admito que há vi alguns e fartei-me de rir. O Shawn também faz parte desse grupinho, eu nem sei o que pensar sobre ele, com o que se passou fico a achar que ele tem duas personalidades.

- Chegamos, estão aí? - Exclamou a Mia ao entrar pela porta da casa abandonada.

- Mia! - Disse um rapaz e veio a correr abraçá-la.

- Esta é a Lexi.

Ele olhou para mim, sorriu e cumprimentou-me. Nunca o tinha visto, acho que ele não vive cá. Era alto, moreno e tinha os olhos mais bonitos que alguma vez vira, eram tão azuis, tão profundos.

- Olá Lexi, chamo-me Nash, Nash Grier.

- Ah olá, eu sei. - Disse envergonhada.

Ele sorriu e perguntou-me como é que eu sabia e eu disse-lhe que via os seus vines.

Entramos numa pequena divisão onde estava o resto do pessoal.

- Hey rapazes, esta é a Lexi.

- Olá Mia, olá Lexi. - Disseram todos em coro. - Sentem-se.

Sentamos-nos e eles estiveram a falar sobre uma proposta que tinham tido. Todos eles e também o Shawn e outra rapariga iriam participar na Magcon Tour e estavam todos muito entusiasmados, o que não era de estranhar, iria ser uma experiência incrível para eles.

A verdade foi que não me agradou ouvir o nome "Shawn", mas não protestei como é óbvio porque acho que eles não sabem de nada do que aconteceu e também não quero que venham a descobrir.

A Mia adora jogar ao verdade ou consequência então sugeriu que o fizéssemos e todos concordaram.

Sentamo-nos todos numas almofadas no chão, e começamos a jogar.

Estava a adorar aquela noite, está finalmente a divertir-me e a integrar-me num grupo com pessoas que nunca na vida tinha falado nem convivido. A Mia tinha razão, eles são brutais.

- Olá pessoal! Cheguei.

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Olá! Desculpem mais uma vez pelo facto de o capítulo ser muito pequeno mas achei que este capítulo deveria terminar aqui, irei postar mais amanhã. Continuem a comentar as vossas opiniões e o que acham que poderia melhorar.

Obrigada :)


Mistake - Shawn MendesOnde histórias criam vida. Descubra agora