Por quê?

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Yuta e Sicheng saíram do aeroporto, com o japonês prometendo que contaria tudo assim que chegassem. Onde, Sicheng não sabia, mas gostaria de poder chegar logo.

Estava feliz de estar com Yuta, mas ainda não entendia tudo aquilo. Estava preocupado com sua mãe, quando seu pai notasse seu sumiço, o que faria com ela? Não gostava de pensar no pior, mas era inevitável.

— Ela vai ficar bem — disse Yuta, como se lesse seus pensamentos. — Se tudo der certo, ela vai ficar bem, assim como você.

Sicheng sorriu, e se recostou no ombro de Yuta. Sua gatinha dormia tranquilamente em seu colo, aconchegada na bolsinha de tecido. Ele se sentiu bem por alguns instantes ao olhá-la, amava Minzy mais do que tudo.

Bem, talvez nem tudo. Yuta ocupava o primeiro lugar.

+++

O táxi parou na frente de uma casa, no bairro nobre da cidade. A família de Sicheng sempre teve boas condições, mas definitivamente não naquele ponto. Assim que desceram, Yuta pegou as chaves no bolso de sua calça e a abriu, como se estivesse em casa. Se por fora ela era linda, por dentro parecia um castelo.

— De quem é? — perguntou, se referindo a casa.

— Do meu pai — respondeu Yuta, se jogando no sofá. — Ele é meio que bem rico, mas não falo muito disso porque parece esnobe demais.

— Yuta! Devia ter me falado! Eu nunca iria imaginar...

— Prefiro ficar na vida simples, com a minha mãe. Mas podemos ficar aqui o quanto quisermos, ele nunca usa essa casa mesmo. Está seguro aqui.

Yuta se levantou do sofá, indo em direção a Sicheng. Segurou suas mãos, e beijou seus lábios com suavidade, para deixá-lo mais calmo.

— Eu ainda não entendo... Isso foi um resgate?

— Quase — disse Yuta, rindo. Puxou Sicheng para o sofá, e o deixou se sentar em seu colo. — Desde que eu soube que você ia embora, pensei em alguma coisa pra fazer você ficar. Conversei com sua mãe, e ela topou me ajudar.

— Você falou com ela? — perguntou Sicheng, incrédulo.

— Falei, e ela é uma pessoa incrível. Logo ela vai estar aqui, não se preocupe.

— Mas, como? Por quê?

— Uma coisa de cada vez, babyboy. Primeiro, como eu disse, meu pai é rico e tal, então dinheiro não seria problema. Conversei com sua mãe, dizendo pra ela o convencer a pegar suas coisas e ir pro banheiro, onde eu o esperaria pra te trazer até aqui em segurança. Depois, enquanto seu pai ainda fazia o check-in, ela mesma iria embora, passando antes em um hotel, só pra não levantar suspeitas. O dinheiro que ela te deu era pra caso algo desse errado, o que podemos ver que não deu. Agora, pode me chamar de incrível e tudo o mais.

Yuta exibia um enorme sorriso, assim como Sicheng. A diferença é que Sicheng chorava de alegria, com a visão toda borrada por conta das lágrimas. Ele abraçou Yuta o mais forte que pode, e foi retribuído da mesma forma, com direito a cafunés no cabelo.

— Meu Deus, seu maluco. Eu te amo tanto...

— Eu nunca vou te deixar, ouviu? Eu amo você, Dong Sicheng.

— Mas, e o meu pai? — Sicheng soltou Yuta para poder olhá-lo melhor. — E se ele descobrir? E o que acontece com a gente?

— Ele não vai descobrir. Primeiro, você vai ter que ir pra outra escola, porque vai ser o primeiro lugar que ele vai procurar. Vou continuar com a minha rotina normal até eu me formar, e você e sua mãe vão morar aqui. Não vamos poder nos ver muito, pelo menos até seu pai estar bem longe. E depois disso, estava pensando... gostaria de conhecer minha cidade natal?

— O quê? Japão? Yuta, eu vou até a Antártida com você!

Dessa vez, o beijo durou mais. Não que eles se importavam com tempo, a partir daquele dia, eles tinham todo o tempo do mundo.

+++

Os dias seguintes foram calmos. Um dia após Sicheng se instalar na casa, sua mãe chegou. Os dois passaram meia hora se abraçando aos prantos, aliviados por terem te livrado do inferno que viviam em casa. A Sra. Dong estava um pouco incomodada por abusar tanto de Yuta, mas o mesmo afirmava sempre que não havia problema. Como seus pais eram separados, seu pai fazia de tudo para vê-lo feliz, e fazia todas as suas vontades.

Yuta e Sicheng trocavam mensagens todos os dias, as vezes até ligações de várias horas. Um dia, o pai de Sicheng invadiu a casa de Yuta a procura do filho e da esposa, mas não encontrou nada. Depois de um tempo, ele vendeu a casa e foi para a China definitivamente, segundo Yuta. Então os dois podiam se ver regularmente, mesmo estudando em colégios separados.

Tempos depois, Yuta se formou no ensino médio. Faltava um ano para Sicheng também se formar, mas sua mãe achou melhor irem embora da Coréia, pois ainda tinham medo de que algo acontecesse. A pior parte foi ver Yuta se despedindo de sua mãe, que cuidava dele com tanto carinho. Ambos sabiam que aquilo uma hora iria acontecer, mas mesmo assim era algo doloroso. Yuta prometeu visitá-la pelo menos uma vez por mês, e também prometeu que um dia trazia também seus netos. Sicheng corou nessa parte, mas não pode deixar de sorrir.

— Pronto, babyboy? — perguntou Yuta, assim que adentraram no avião para Osaka.

— Estou — respondeu Sicheng, sorrindo.

— Senhora Dong?

— Ah, meu filho, estou mais do que pronta!

E assim, os três foram. E Sicheng agora, não era mais sozinho. Ele nunca mais ficaria sozinho.

why so lonely - nyt. + dsc.Onde histórias criam vida. Descubra agora