Sentei-me na cama e tirei as botas. Tinha conseguido disfarçar a dor no tornozelo até agora (não queria que eles pensassem que sou inútil) mas piorou na última hora.
A minha manhã foi calma, as pessoas aceitaram-me no grupo e foram muito simpáticas. Gostei muito de falar com Lily e Robert. Ela tem catorze anos e ele tem quinze. Andaram juntos na escola e estão juntos desde o início desta praga. Estavam num grupo com Jane e a sua filha Maddie, e mais algumas pessoas. Mas o acampamento foi atacado. O costume.
- Está tudo bem? – levantei a cabeça. O pai daquelas duas raparigas, acho que o nome dele é Hershel, estava na porta da minha cela.
- Sim. Porque é que não estaria? – encolhi os ombros.
- Reparei que estavas com dificuldade em andar. Tens a certeza que estás bem?
- Dói-me o tornozelo esquerdo, mas é só um pouco, eu aguento. – respondi.
- Deixa ver. – ajoelhou-se em frente à cama e observou o meu tornozelo magoado durante algum tempo. – Não é nada de grave. Mas não devias andar muito, e muito menos correr. Não estou a dizer que tens que ficar parada na cela, mas tenta andar o menos possível. – Levantou-se.
- Obrigada. O seu nome é Hershel, não é? – perguntei.
- Sim. – respondeu.
- Você é o pai daquelas duas raparigas, a que está sempre com a bebé e a que namora com aquele rapaz chinês?
- Os nomes delas são Beth e Maggie, e o Glenn é coreano.
- Desculpe, não queria ofender nem nada disso. – disse, e era verdade.
- Não tem mal. Tenho que ir. Descansa.
- Okay. Obrigada.
Saiu da minha cela, deixando-me sozinha. Deitei-me na minha cama e fechei os olhos, mas mesmo antes de adormecer ouvi alguém a chamar o meu nome.
- Vanessa? – abri os olhos. Carl estava na entrada da minha cela
- Sim?
- Eu, umm… só queria saber se precisas de alguma coisa.
- Eu preciso de dormir. –disse.
- Oh, okay. Eu volto mais tarde. –assim que disse estas palavras saiu da cela e eu pude dormir.
-
- Vanessa? – abri os olhos assim que o tio Jerry disse o meu nome. Mas o que estava à minha frente não era o tio Jerry. A sua cara estava quase desfeita e os sons que saíam da sua boca não eram humanos. Estiquei o braço para pegar na minha faca mas não havia nada ao meu lado. Olhei em volta. Estava numa sala cheia de espelhos a nenhuma saída. A criatura agarrou o meu braço e cravou-lhe os dentes. Eu só conseguia gritar enquanto ele comia o meu braço. Algum tempo depois ele passou para o meu pescoço. As minhas pálpebras começaram a ficar pesadas e a última coisa que vi antes de fechar os olhos foi o meu pai atrás daquele monstro com um sorriso assustador nos lábios.
-
Sentei-me na cama da minha cela e toquei no meu pescoço. Ainda estava intacto. E o meu braço ainda estava lá. Foi só mais um sonho. Mas parecia real.
Levantei-me da cama e saí da cela apesar de sentir a minha cabeça a andar à roda. A luz do sol entrava pelas janelas e o Rick e a Maggie estavam sentados à mesa. No chão estava a Beth, irmã da Maggie, com a Judith no colo, a falar com a Lily e o Robert.
- Bom dia. – disse sem entusiasmo.
Maggie levantou-se e veio abraçar-me.
- Bom dia Vanessa. Dormiste bem? –perguntou.
- Sim. – menti. – e vocês?
Todos disseram que sim e voltaram às suas conversas. Sentei-me ao lado da Lily. Já que vou ficar aqui, é melhor fazer amigos.
- É verdade que mataste um grupo de 20 walkers sozinha? - ouvi Robert perguntar.
- Não… Onde é que ouviste isso?
- É o que as pessoas andam a dizer.
- É mentira. Eu nunca fiz isso. Mas podia, se quisesse.
- Yah claro – Lily disse sarcástica. Ia gritar com ela por duvidar de mim mas vi que ela tinha um sorriso na cara. Sorri também. Ela não parece ser má pessoa
Talvez estas pessoas possam ser meus amigos.
