Era possível?
Era possível a própria Morte ter me escolhido para manter o equilíbrio?
Como?
Como?
Como?!
Não fazia sentido! Por que me escolheria?
.........
...............
O quê...?
Algo estava se contorcendo dentro de mim.
Aquilo, apertou a minha mente em resposta às dúvidas, como se pedisse calma, então deslizou pelas minhas veias, era como uma brisa, será que estava... tentando me confortar? Aquilo estava vivo dentro de mim?
Repentinamente pude sentir. Era como se meu corpo fosse feito de vidro, um recipiente para o poder que estava sendo contido, e estava prestes a quebrar. Um ser humano não poderia carregar aquilo e quando eu entrasse no caldeirão, só restaria aquilo. O que eu me tornaria? Continuaria sendo eu ali?
Estava assustada, de repente poderia ser tão poderosa quanto um feérico, não, mais. Porém, ainda seria eu? O mundo, a humanidade, estariam seguros se aquilo fosse simplesmente liberto?
Entretanto, o que eu poderia fazer? Era deixar a guerra tomar conta de tudo o que um dia conheci ou simplesmente me deixar sumir.
Me encolhi no sofá escondendo o rosto entre os joelhos.
"Você não vai sumir"
Era Feyre, ela estava na minha mente e parecia estar apertada, mas não brigava por espaço, o que quer que estivesse dentro de mim, estava permitindo a invasão repentina, estava deixando ela senti-lo.
- Precisamos trazer o caldeirão o quanto antes. – Ela disse aos outros retirando o braço que estava ao meu redor. – O que está dentro dela, não vai esperar por muito tempo agora que foi acordado. – Ela se levantou indo para o lado de Rhysand, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Mayla lhe lançou um olhar significativo. – Mas por agora, vamos a casa do vento discutir algumas coisas, se troquem em algo mais confortável e vamos. Mayla, pode levar a Elena? – Ela apenas fez que sim com a cabeça e se levantou me estendendo a mão.
- Suas roupas estão no seu quarto. – A encarei por alguns segundos, não me movi. – Vamos, não vai querer se trocar aqui. – Mayla suspirou pegando minhas mãos carinhosamente, sua pele era quente contra a minha. – Vai ficar tudo bem no final, você vai ver. – E apesar das palavras encorajadoras, ela matinha um sorriso triste no rosto.
Me levantei e subi com ela até o quarto.
- Acho que isso deve ficar bom.
Mayla me entregou, o que parecia um macacão branco de alcinha, enquanto abria a parte de trás do meu vestido, logo depois se virou de costas para que eu pudesse me trocar. Quando o vesti me senti mais leve, o tecido era como seda e ficava completamente solto no corpo.
- Você ainda está um pouco pálida... – Ela disse me olhando pelo espelho.
Estava pálida?
Com certeza o pensamento de antes estava me assombrando, mas não podia fazer nada em relação aquilo.
- O que foi que te assustou tanto? – Ela começou a tirar os brilhantes do meu cabelo, mas não desfez a trança.
- Seria egoísmo se eu estivesse com medo de desaparecer, quando entrar no caldeirão?
- Não. – Ela pausou por alguns segundos, terminado de tirar alguns grampos. – Mas por que pensaria isso?
- E se o que estiver dentro de mim... – Coloquei a mão sobre o peito, sentindo o meu coração bater, sentindo mais alguma coisa pulsar. – For tudo o que restar? E se eu for apenas um receptáculo? – Mayla se manteve quieta por tanto tempo, que o pânico começou a crescer dentro de mim, tudo aquilo poderia acontecer e eu não poderia fazer nada. – Acho que você deveria ir se trocar. – Ela apertou meus ombros, mas saiu do quarto sem falar o que parecia estar pensando.
Olhei para as minhas mãos, estavam tremendo, estava suando frio. Me encarei no espelho e não me reconheci, não daquele jeito.
- Se não estiver bem para voar- A interrompi.
- Estou bem. – Segurei minhas mãos atrás das costas. – Vamos?
Mayla me encarou por alguns segundos, mas fez que sim com a cabeça e me conduziu ao telhado. Havia vasos com as mais diversas flores e cadeiras para tomar sol espelhadas. Uma leve brisa fazia meus cabelos dançar ao som da melodia da natureza que só o meu coração podia ouvir, aquilo me acalmou de certa forma.
- Vamos lá então. – Mayla me pegou no colo sem aviso e abriu as asas.
- Espere-
Antes que eu me desse conta, estávamos no ar. Ouvia apenas as asas batendo forte nos impulsionando para cima. Não tinha percebido, mas escondi o rosto entre o pescoço e o ombro dela.
- Já pode olhar, a vista vai ajudar a te acalmar.
Espiei com um dos olhos, a vista era incrível.
- Essa é Vellaris, nosso refúgio e agora, a sua casa.
Casa.
De alguma forma, aquela palavra parecia simplesmente certa naquele lugar e naquele momento.
O vento fazia com que os fios se soltassem da trança e se enroscassem no meu rosto, estávamos chegando a casa do vento para o que me parecia outra reunião de guerra, mais alguma coisa estava acontecendo, e tenho certeza que deixamos algo na casa da cidade, como se parte do que me acompanhava, tivesse ficado por lá, como se não tivesse autorização para nos seguir.
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Corte de Morte e Escuridão
FanfictionQuando a noite chega as portas se trancam e janelas são cobertas com medo de que elas cheguem. A noite pertence às Bestas, às criaturas que espreitam pesadelos, ninguém sabe de onde surgiram ou por quê vieram, são poucos os que tem coragem de encara...