Capítulo 2

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Comecei a rir.

- Como é? – Quando o rosto de Feyre se tornou sério, parei imediatamente – Desculpa, mas por que estariam atrás de mim?

A grã-senhora da corte noturna me encarou de cima a baixo. Meu corpo estremeceu.

- Porque, Elena, você é a chave para evitar a guerra que está por vir.

Queria rir de nervoso, mas me segurei dessa vez.

- Como é? – A feérica respirou fundo – Não sei se percebeu, mas eu sou humana, não posso fazer nada para ajudar, me desculpe.

- Eu também já fui humana.

- E ainda assim naquela época você caçava para manter sua família viva, eu não faço nada além de estudar, mal consigo correr um metro! – Ela me encarou com o rosto contraído.

- Como sabe disso?

- Sei tudo sobre você, bem, sei o que aprendi e procurei nas bibliotecas, só não tenho certeza do que é verdade e do que não é, mas isso não vem ao caso! – Me levantei, estava começando a ficar impaciente, eu sabia que não poderia ajudar, então o que ainda estava fazendo ali?

- Mãe...? – Alguém bateu na porta e a abriu devagarinho colocando só o rosto dentro do quarto.

Mais orelhas pontudas, eu estava provavelmente cercada de feéricos. Não quis encara-la demais, mas era impossível.

Passei a vida ouvindo histórias de seres sobrenaturais que nos salvaram séculos atrás, fiquei obcecada por um tempo, imaginando como seriam e aquela garota era a perfeita combinação da imagem que eu tinha na cabeça da Grã-Senhora e do Grã-Senhor da corte noturna.

Sua pele era morena, como se passasse muito tempo ao sol, os olhos azuis pareciam brilhar em contraste com o longo e liso cabelo negro, não podia ser mais velha que eu, talvez tivesse vinte anos no máximo, mas eu sabia que ela possivelmente carregava mais de um século.

- Mayla, estava ouvindo atrás da porta, não estava? – A garota pareceu envergonhada, mas Feyre fez sinal para que entrasse, tomei um susto quando ela o fez.

Assas, ela tinha enorme assas de morcego, caí sentada na cama. Mayla sorriu quando me viu encarando cada centímetro.

- Me deixe conversar com ela. – Sua voz era mais suave que a de sua mãe.

Senti a atenção de Feyre sobre mim por um tempo, entretanto eu não conseguia desviar o olhar das assas de sua filha.

- Tudo bem – Ela se levantou e saiu do quarto fechando a porta.

- Por onde eu começo... – Ela disse passando a mão pela nuca, mas sorriu ligeiramente, o que fez seu rosto se iluminar, era como se a luz que entrava no quarto de repente fizesse parte dela, eu estava encantada demais para se quer falar. – Sabe, minha mãe talvez não seja a melhor pessoa para falar sobre isso... – A luz se apagou assim como o sorriso dela se tornou algo triste. – Me diga, por que não nos ajudaria?

As imagens do fogo tomando conta de tudo, o som dos gritos, aquilo não tinha acontecido só na minha vila, capitais foram devastadas, muitas pessoas morreram, e aquilo tudo era culpa de um feérico, da magia, era por isso que eu não podia ajudar. Sacudi a cabeça para conseguir olhar para ela sem ser pega de surpresa por sua beleza.

- A bagunça é de vocês, resolvam sozinhos.

Eu estava tão encantada em ver aquelas criaturas, que me esqueci da raiva, do quanto o mundo seria melhor sem tudo aquilo.

Ela se sentou ao meu lado, percebi que tentava encolher as assas, mas ainda assim elas roçavam em mim, não me incomodei com o toque e mais uma vez me deixei levar.

Corte de Morte e EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora