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Meg-Umi sentia-se culpada por ter deixado Alexandra sozinha, não era pra menos que se preocupava, considerando que em sua última viagem a menina havia usado magia negra em si mesma. O laço das duas não era exatamente o mais forte, mas era algo certamente admirável, do ponto de vista de Meg-Umi. Professora e aluna, mãe e filha, pela personalidade não dava pra saber quem era o que.

* - Compra aquilo pra mim? Esqueci minha carteira. Prometo te pagar mais tarde. - Alexandra pediu a Meg-Umi

- Eu estou te devendo dinheiro - Meg-Umi riu enquanto pagava pela pelas luvas.

Iam da metade do pulso até a primeira dobra dos dedos da menina e, segundo a vendedora, a luva sempre se acoplaria perfeitamente a mão da morena, por mais que ela crescesse bastante. Era uma luva de tecido preto fino, mas longe de ser transparente.

- Eu amo quando você age como criança ou algo próximo a isso. - a mulher declarou.

- Você quase sempre age como minha mãe, é justo que me comporte como sua filha também - A morena falou enquanto colocava as luvas em suas mãos.

- Você é minha filha. - A albina falou sorridente.

- Isso é verdade, mas...Onde está a verdadeira?

- O quê?

- Eu sei que teve uma filha e sei que ela não morreu só pelo seu jeito e olhar quando o assunto é maternidade. - Alexandra declarou. - Já faz um tempo que a dúvida martela meus pensamentos.

- Você é definitivamente esperta demais para um criança. - Meg-Umi fechou os olhos e balançou a cabeça quase que em negação. - Eu tive sim uma filha. Ela nasceu com uma doença rara que a fazia perder mais e mais os movimentos de seus membros a cada ano que se passava. Passei 5 anos da minha vida procurando um jeito de cura-la e quando eu consegui cura-la, ela e meu ex-marido me abandonaram e seguiram seus caminhos. Deveria ter matado aquele patife quando tive a chance. - Ela continuou depois de um longo suspiro.

- Bom, eu estou aqui agora. Não vou te abandonar e ir embora com um filho da puta qualquer - A menina abraçou a mais velha, que logo retribuiu o abraço.

- Você xingou? - a mulher perguntou com um sorriso em seu rosto depois que separaram.

- Creio que sim - a morena respondeu um tanto confusa.

- That's my girl. - a mulher disse e abraçou a menina com força o suficiente para levantar os pés da mais nova do chão.

- Se não queria minha companhia, era só falar. Não precisava tentar me matar - a morena falou ao sair do abraço e a albina caiu em risos. *

O jato aterrissou no aeroporto de Kharm e Meg-Umi desceu emburrada. Arrastando uma mala de rodinha, usando uma blusa de frio grossa e de cor preta, botas de cano alto na cor marrom e jeans claros. O grampo vermelho fora colocado nos cabelos de Alexandra antes de sua partida, a franja prateada lhe cobria parcialmente o olho direito, e estava com o anel de prata com pequenas pedras de jade que Alexandraa havia feito para ela com o uso da alquimia. Andava rápido e pisava firmente no chão fazendo que seus passos fossem barulhentos.

A rainha, Amélia Lobby, a esperava ansiosa. Andava de um canto a outro da sala do trono e quando, 40 minutos depois de sua chegada, Meg-Umi entrou na sala, a mulher tentou recuperar sua compostura. Meg-Umi era uma das poucas pessoas com quem a rainha falava, eram 5 no total. Era ainda mais branca que Meg-Umi, não porque Kharm era frio e os raios de sol eram mais suaves, a mulher simplesmente nunca saiu do palácio.

- Mia - a de olhos rubros chamou-a pelo apelido, mesmo que claramente irritada.

- Desculpe chama-la para vir aqui de forma tão repentina - Amélia se desculpou

Amélia não se vestia como nos tempos modernos, Kharm oscilava entre o antigo e o novo. Século XXI estava ai com a tecnologia e algumas outras coisas, mas o palácio e algumas pessoas conservaram os antigos costumes. Lá não era estranho usar calças ou vestidos cheios de babados. Os cabelos de Amélia eram tão grandes que se arrastavam pelo chão, mesmo que presos em rabo de cavalo. O dourado da pequena coroa entrava em contraste com o prateado de seu cabelo. Os olhos eram avermelhados, da cor de uma lua de sangue. Usava um vestido azul escuro com mangas, de saia pouco volumosa e com pequenas pedras rubras pelo colo, o vestido tinha uma pequena corda dourada para ser amarrada, era um de decote chamativo, mas como o busto de Amélia não era dos maiores, podia passar quase despercebido. Era quase uma versão de Meg-Umi, quando mais nova, com a diferença de feição e formato do rosto.

- Você me fez abandonar minha filha para vir aqui. Não que ela não saiba se cuidar, mas eu acabo ficando preocupada. Eu nem mesmo dei um celular à ela antes de partir. - Meg-umi explicou sua indignação.

- Me perdoe, sei que é horrivel para um filha ter a mãe tirada de si.

- Se continuar com essa expressão triste vou lhe encher de tapas. - Meg-Umi ameaçou e a mulher levantou as mãos em frente a seu rosto como se aquilo fosse protege-la de algo. - Sua mãe foi uma pessoa valente, foi uma honra mata-la, mas foi a única que me arrependi de decapitar alguém na vida. - Ela falou depois de dar um tapa na mão de Amélia fazendo com que ela batesse em seu próprio rosto.

* - Mamãe, eu vou poder sair hoje ? - Amélia perguntou animada, era seu aniversário de 7 anos.

- Infelizmente, nós não poderemos sair esse ano, mas um dia, eu prometo, nós vamos ver o mundo juntas - A mulher de olhos rubros falou e imediatamente a menina fez uma expressão séria e levantou seu dedo midinho, que logo foi entrelaçado ao de sua mãe.

- Por que não podemos sair?

- Porque o mundo quer pessoas como nós à sete palmos. - a mulher respondeu simples

- Um dia vou governar esse pais direito e todos vão saber quem sou eu - A menina falou animada.

- É um belo sonho - A mãe sorriu e seguiu seu caminho pelo longo corredor.

Uma cerimônia estava marcada naquele dia, a rainha havia sido acusada de traição e aquele seria o julgamento. Um menina quase idêntica à rainha faria a execução caso a mulher fosse realmente condenada. Infelizmente, para todos no reino, a rainha que mantinha a paz de dentro dos muros pereceu e o rei ficaria sozinho com o dominio da nação se Kharm. Bem, a condenação estava ali, pronta para ser executada.

- Maggie - a mulher deu um abraço na garota que já deveria ter seus 14 anos de idade e a entrou um papel. Meg-Umi sabia a quem entregar então não perguntou, só aproveitou o último abraço que receberia dá dama.

Quando a espada estava próxima à seu pescoço, a mulher sorriu e foi decapitada assim mesmo. Não demorou 10 segundos para uma garotinha invadir o palco chorando e abraçar a cabeça da falecida rainha.

- VOCÊ PROMETEU, NÃO PROMETA O QUE NÃO PODE CUMPRIR

-Chorar perante à um reino inteiro não vai adiantar de absolutamente nada. - a mais velha falou e soltou o papel dentro das roupas da garota. - Crianças deveriam apenas sorrir e ficar bravas. Outras coisas vindas de crianças, como nós, não são aceitáveis. Naquela tarde, quando leu o bilhete, Amélia recebeu a ultima ordem de sua mãe e deixou todas as diferenças com a albina de lado para que pudesse cumpri-la. *

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