5 Festival do c*

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O Festival em que iríamos tocar naquela noite era no meio do mato, uma porra de lugar que quase atolou nosso ônibus. Chegamos no início da tarde, mais treze bandas tocariam lá.

O lugar era tão bosta que não dava para passar o som, ensaiar, não tinha camarins separados, ou seja, não tinha porra nenhuma. Não tinha condições de um festival daquele porte naquele lugar.

Val se juntou a nós depois de muita conversa na administração.

— E então? Querem saber da melhor?

Pete tapou o rosto com as mãos — Por favor, que não seja mais merda.

Ela fez careta. — A banda depois de vocês, não vai chegar, e pediram para fecharem o tempo com a banda seguinte, metade a metade.

Pisquei olhando para eles — Quanto tempo Val?

— De cinquenta minutos para uma hora e meia.

Esperei que eles se manifestassem — Se acham que não vale a pena, tocamos o fada-se.

— E o cachê? — Art perguntou cruzando os braços.

— Também levam o cachê que a banda levaria, dividido entre nós e a próxima banda.

— Tudo bem para você Rod? — Gambé me olhou esperançoso, e todos esperavam minha resposta.

— Por mim tá beleza. — dei de ombros.

Val sorriu — Isso vai contar muitos pontos para nós. Vai ser muito bom. Mais tempo, mais dinheiro, e um pouco de boa vontade que não se espera de vocês normalmente.

— Que isso... Adoramos ajudar as pessoas. — Pete falou tentando soar sério

Gargalhamos juntos.

Definitivamente, boa vontade não era uma característica nossa, de jeito nenhum.

***

Voltei para o ônibus para aquecer minha voz e trocar de roupa. Já havia me recuperado do surto do dia anterior, e estava convicto que podia fazer aquilo.

Me olhei no espelho passando gel para arrepiar meu cabelo. — O que você diria, hein? — sorri — Não vai estragar mais nada para mim. Nunca mais. Eu sou o fodão agora, e vocês são os merdas... Bom demais ver isso acontecer. — ri para mim mesmo.

— Rod?

Me assustei, e me virei para a porta do ônibus —Puta susto cara, o que você quer?

— Tá pronto?

Assenti — Tô, os outros também?

Gambé assentiu — Entramos em vinte minutos.

— Beleza, já vou.

Saí do ônibus correndo pela chuva fina ali. Um lugar horrível, com tempo horrível, um dia horrível!

Parei na entrada do palco, vendo-os tomando seus lugares, Pete falava suas gracinhas habituais antes do show, e o público respondia com gritos.

Val apertou meus ombros. — Tudo bem?

Soltei o ar. — Sim, tudo bem. Pode me avisar do tempo? Perco a noção.

Ela sorriu — Claro, o setlist novo está na bateria com o Gambé, tá bom?

Assenti — Beleza. — beijei-a — Te amo maluca.

— Também te amo seu doido, arrebenta!

Pisquei para ela, entrei no palco, e constatei que metade dele ficava na chuva. Respirei fundo, não estava usando nada além da calça de couro e uma camiseta quase transparente.

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