Rod
- O que acha Rod? - Mônica sorriu abrindo os braços na sala ampla do apartamento.
Sorri vendo-a rodopiar pelo tapete entre o grande sofá e o painel enorme de Tv. - É perfeito Moniquinha.
Olhei para o corredor largo que levava para os dois quartos e o banheiro. A cozinha ficava a esquerda, tão espaçosa quanto a sala.
- Caramba... Pensei tanto em ter uma casa um dia... Nunca imaginei algo como isso, em uma cidade que nunca tinha ouvido falar... Sei lá, parece tão louco.
Ela sorriu, parou de pular e se abaixou na minha frente - Pois pense que essa é uma mudança que nem seus sonhos previram. Não é bom? Parece que você trolou o destino, não é?
Mordi o cantinho da boca fechando um dos olhos. Ela conseguia... Sempre me fazia ver por outra perspectiva.
- Vamos fazer um tour? Você tem que conhecer sua casa nova.
Assenti, e ela começou a me guiar na cadeira pela cozinha, depois pelo corredor até o maior dos quartos, uma suíte com uma cama gigantesca e armários embutidos.
- É bem grande, não é? - ela riu.
Sorri concordando. - Menor do que as que eu costumava ficar nos hotéis, mas infinitamente mais aconchegante, tenho que admitir.
Ela deu de ombros e seguiu para o outro quarto.
Era bem menor que o outro, e modestamente decorado com uma cama de solteiro de dar dó.
- Pensei que quando você melhorar, você pode usar esse espaço para ensaiar, compor talvez.
- Por que essa cama é tão vagabundinha? - fiz careta para ela.
- Você acha? É que é só para seu acompanhante, enquanto precisar de um.
Balancei a cabeça negativamente - Compre uma cama melhor Moniquinha. Você merece dormir confortavelmente.
Ela arregalou os olhos - Co-como assim?
- Você contratou alguém para ficar comigo? - ergui uma sobrancelha para ela.
- E.. Eu pensei que a Adriana ia...
Baixei os olhos suspirando - Os turnos dela são malucos, nem espero muito pela companhia dela. Mas a sua sim.
Ela respirou fundo, acho que lutando consigo mesma.
- Vocês não estão bem?
- Moniquinha, eu disse que não tinha intensão de atrapalhar a vida dela. E não vou mesmo. Eu voltei, e os braços dela realmente me salvaram, mas não da forma que eu imaginei. Acho que minha música não falava de amor dessa forma, sabe... Talvez precisassemos salvar um ao outro de uma forma diferente. Sinto que se eu tentar alguma coisa, vou estar sendo como o pai dela... Não quero prendê-la em mim. Não desse jeito.
Ela me olhou séria - As corujas tem que ser ganhadas e não compradas... Não é isso? - seu sorriso foi o mais sincero e acalentador que já vi.
- Exatamente Moniquinha. Corujas compradas não sabem voar... E é um crime engaiolar uma que aprendeu como é valioso seu bater de asas.
Ela segurou minha mão. - Posso te contar uma coisa?
Assenti admirando seus olhos animados. - Você? Você pode tudo Moniquinha.
- Talvez... Só talvez, assim... - ela ficou sem graça - Eu tenha uma coisa que acho que você gostaria de ver.
Eu ri - Quantas dúvidas em uma frase que era para me contar uma coisa. - brinquei.
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Nos braços do passado
Historia Corta+16 Rod é o vocalista da banda Punk Handtak, cercado de mistérios envolvendo seu passado, ele não perde a oportunidade de se envolver em brigas públicas e polêmicas. Nem mesmo seus companheiros de estrada escapam de seu gênio indomável. Mas a sorte...