Capítulo Único

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GOING BACK
POR: pcsybbh

Ouvia o choro magoado de Luhan e sentia-se o pior dos homens na Terra. O híbrido, assim que chegou em casa, correu para o quarto de hóspedes e trancou-se lá desde então.

Naquele momento, de cabeça fria, Sehun conseguia enxergar o tamanho da injustiça que cometeu, afinal, acusou o gatinho de estar beijando outras bocas simplesmente por vê-lo abraçado a outro cara. Este que era o seu professor. Cego pelo ciúmes, agiu como um ogro em sua essência. O ofendeu com suas acusações sem o dar a chance de se explicar.

Jogado na sala de estar, com as mãos sobre o rosto, lamentava os próprios erros.

Sehun passou o dia inteirinho inseguro quanto aos seus planos para aquela noite. Considerava, junto ao seu sócio e amigo de infância, todas as possibilidades de algo sair do seu controle. Mas não consideraram a si mesmo e o seu temperamento explosivo.

Ambos eram proprietários de uma das academias referência em luta livre em toda a Ásia. Carregavam consigo a responsabilidade de honrar os inúmeros títulos nacionais e internacionais, conquistados pelos atletas prodígios que surgiam na academia. Esses que incluíam eles mesmos. Possuíam outras unidades espalhadas pela grande Seul, gerenciadas por amigos,  igualmente lutadores, e estritamente profissionais, funcionando como células de um mesmo organismo, investindo em jovens prodígios, independente de suas classes sociais, com o intuito de revelar futuros campeões.

O Oh era um cara comprometido com o trabalho, um lutador profissional que não brincava quando o assunto era o octógono. E prezava por deixar sempre o mais claro possível para os profissionais e alunos de sua academia. A tolerância era zero para brincadeirinhas infantis e corpo mole. Ideais compartilhados também por seu sócio Park Chanyeol.

Aparentava sempre uma seriedade absoluta e total desinteresse em qualquer coisa que não o fosse conveniente. O clichê boxeador cheio de tatuagens. Exceto na presença de uma única pessoa: O híbrido de cabelos dourados e olhos amendoados.

Ao lado de Luhan, Sehun era outro homem. O híbrido trouxe cor para a sua vida monótona e nublada. Costumava ser totalmente voltado para o trabalho. A academia ainda era uma prioridade. Mas não mais a primeira delas. E justamente por isso agora se condenava.

Sehun prometeu a si mesmo que jamais deixaria alguém machucar o híbrido de aparência angelical novamente. A imagem de um Luhan choroso, olhinhos molhados e lábios trêmulos ainda estava viva em sua mente. Lembrava-se perfeitamente do dia em que o encontrou.

Caminhava com as mãos nos bolsos do jeans claramente aborrecido. Não costumava sair por aí a pé, estava sempre indo e vindo com o seu conversível. Obviamente era um cara ocupado, a agenda sempre lotada de compromissos. Mas o carro tinha o deixado na mão e, para espairecer, decidiu que voltaria andando para seu apartamento.

O caminho não era tão longo, considerando o seu ritmo, chegaria em casa em pouco mais de vinte minutos. A academia era quase que do lado de seu condomínio e por não ter mais nenhum compromisso, caminhava sem pressa, atento a tudo e a todos. Algo que já havia se tornado um velho hábito para o Oh, afinal, o que esperar de um lutador desatento? Atenção que o permitiu ouvir em claro e bom som um chorinho baixinho, vindo da porta dos fundos de uma das várias lanchonetes da região.

Sehun não soube explicar porquê, mas sentiu a necessidade de procurar por aquele que suplicava socorro e quando correu de encontro ao serzinho, sentiu o ódio o dominar diante do que presenciou.

O coração chegou a parar quando aquele par de olhinhos amendoados, avermelhados e brilhantes devido ao choro, encontraram-se com os seus. Enxergou neles o mais puro medo, a desolação do gatinho abandonado nas ruas, sendo diariamente judiado por mãos cruéis. A pele antes branquinha como a neve manchada com as cores rubras evidenciaram a covardia das agressões.

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