Cap 3 | Quando se trata de amor, eu tive

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P.O.V. Tiny

Meus olhos se abrem e encaram o teto de gesso, suspiro sentindo a quietude daquele espaço entre aquelas paredes brancas. Um espaço apenas meu, algo que ninguém pode me tirar ou me humilhar por ter, algo que eu posso chamar de meu. Ergo-me e sento na cama, fico alguns minutos parada no tempo, tentando acordar por completo. Meu estômago ronca e eu percebo que terei que sair do meu apartamento de qualquer jeito, e dar uma olhada na cozinha do dormitório. Eu havia combinado com Agatha de ir vê-la para assistir alguns filmes com ela e Angel, as duas viraram grandes amigas desde que Angel foi resgatada. Uma fêmea presente igual a mim, porém, canina. Eu sou da espécie primata, a mais frágil.

Vou em direção ao banheiro tomar um banho e quando acabo visto um vestido simples de alças, da cor amarela. Eu acho essa cor tão linda, ela me lembra o Sol e felicidade, é uma cor alegre e remete luz. Por isso, grande maioria das minhas roupas são amarelas. Desde que fui liberta, decidi que não teria nada que me lembrasse tristeza ao meu redor.

Eu tive dias sombrios, dolorosos e terríveis. Anos de uma existência completamente miserável, que quebraram o meu espírito e me redurizam a nada mais que uma pessoa assustada e constantemente insegura. Espacaram-me, estupraram-me, trataram-me como um animal... pior, um animal jamais mereceria passar por aquilo, me trataram como lixo, tiraram minha força de vontade, minha alegria de viver, minha paz. Abusaram-me das formas mais hediondas e eu choro sempre que lembro.

Mercile é a pior das maldições, seus técnicos e seus investidores sem alma e sem coração, destruíram muitas vidas, entre elas a minha. E mesmo depois da liberdade, os fantasmas daqueles dias tenebrosos assombram-me como um filme de terror, com pesadelos e ataques de pânico, às vezes apenas porque um macho invadiu meu espaço pessoal.

Eu queria tanto ser como Bela, corajosa e que vai atrás do que ela quer. Eu apenas me tranco em meu quarto e choro no cantinho, assustada.

Houve apenas uma vez que eu consegui enfrentar o meu medo, buscar o que eu queria, mas isso já faz mais de um ano. E ainda foi com a ajuda de uma taça de vinho.

Yure.

Ele me encantou com aqueles olhos azuis claros, aquele jeito firme de olhar e ao mesmo tempo tão amável, tão carinhoso, tão quente. Nunca vou me esquecer da primeira vez que o vi, nos preparativos da terrível festa de 15 anos de Agatha, ele vinha distraído com várias coisas em suas mãos e eu caminhava insegura até as fêmeas, para ajudá-las na decoração. Estava me divertindo, até que me virei e dei de cara com ele, alto e maravilhoso, sereno e alegre.

Ele me olhou surpreso e me deu um sorriso gentil, quando ele abriu a boca para falar algo, o pânico me atingiu e eu gritei desesperada. Minha mente entrou em colapso e eu enxerguei apenas um macho, alguém que iria me atacar, machucar e quebrar meu espírito. Foi então que Agatha veio em meu auxílio e me ajudou a controlar minha crise de pânico. Aos poucos eu me recupei, voltei a respirar normalmente, mas meu coração ainda batia descompassado em meu peito.

Livro 2 - Notas de um coração machucado: Te protegendo e te amando - NE'sOnde histórias criam vida. Descubra agora