Você já se sentiu grato por algo? por estar vivo? Era uma segunda de manhã, Diego conseguia ouvir os pássaros cantando, o sol batendo em sua janela era tão puro quanto um recém-nascido. Eram 7:05 da manhã e Diego ainda estava deitado olhando para o teto, pensando sobre a vida, o quão imenso é o universo, as milhões de combinações, tudo que ainda irá acontecer. Logo no primeiro dia de aula estava atrasado, típico, pensou, nada mudara desde o ano passado, espera! Algo mudou sim, é seu último ano no ensino médio, ideias brotam e fogem em sua mente, O que fazer? Qual faculdade? Ficar um ano parado? De fato ele não sabia o que fazer e lhe restava um ano para decidir. Levantou abruptamente de sua cama. Ele dormira com uma calça jeans, uma camisa preta lisa, pegou os sapatos enfiou com agressividade em seus pés e começou a catar seus materiais que ele decidira arrumar noite passada, porem ele chegara de uma festa então apenas se atirou em cima de sua cama e dormiu. Ao estar pronto, com os materiais em sua mochila, parou e olhou em volta analisou seu quarto, paredes azuis, cortinas na janela, uma estante com seus livros e um sofá, sim um sofá! de modo inesperado aquele sofá estava em seu quarto, não se lembrara como havia colocado ele lá, mas ele estava. De fato era um mistério aquele sofá estar lá, mas ele não podia perder tempo, colocou a mochila em suas costas e saiu correndo porta a fora.
No caminho começou a remoer seu cérebro em busca de lembranças, flashes, qualquer coisa que o fizesse lembrar de note passada. Então veio uma cena, estava parado na frente da porta de seu quarto, olhando para dentro para ver se dava para por o sofá lá dentro.
-Acho que se a gente tirar esta parte de cima do sofá a gente consegue coloca-lo no teu quarto, nem vamos precisar virar ele, vai passar direitinho! – Disse uma voz feminina. Diego tentara lembrar de quem era essa voz, lhe parecia muito familiar.
- Eu não sei, será que vamos conseguir montar ele de novo? E se a gente ferrar com o sofá? Eu falo que foi tu! – Respondeu Diego para a voz feminina e familiar. Ele olhou para o lado e vira uma moça com cabelos castanhos, um pouco mais baixa que ele. Pele morena, olhos redondos cor de mel, uma roupa meio largada, uma camisa que era um pouco maior que seu tamanho, um calção masculino e chinelos que mostravam pés gordinhos e fofinhos com as unhas pintadas de uma cor que parecia um roxo escuro.
- Cara, daqui um tempo tu vai falar para alguém, eu e a Emily colocamos um sofá no meu quarto. – Como um passe de magica Diego lembrara quem estava com ele em sua casa na noite anterior, era Emily uma das suas amigas, Emily era uma garota rebelde, mas com um tom de mocinha delicada, tinha uma forte personalidade, e não deixava passar nada, sempre tinha uma resposta na ponta da língua. – E você vai rir muito com alguém explicando como tudo aconteceu.
-Ok. – Respondeu Diego, quando ele se tocou já tinha um sofá em seu quarto estava pulando em cima dele com sua amiga Emily.
Todos esses pensamentos e tentativas bem sucedidas de se lembrar da noite passada, o fez voltar a pensar sobre a vida. A vida é tão curta pra quem quer aproveitar e tão longa e sem graça quem não se importa. Por que tem gente que não liga pra vida? Que tenta se matar? Ele não conseguia pensar em uma resposta, em como esclarecer tudo aquilo em sua cabeça. As vezes na vida tomamos decisões difíceis, que podem mudar nosso rumo, um momento pode mudar tudo. As vezes estamos com nossa alegria à flor da pele, até que você descobre algo, ou algo acontece e sua vida muda de cabeça pra baixo, a escuridão parece vir te buscar de todas sua tentativas estão esgotadas e não lhe resta mais nada, a não ser desistir, algo que não é tão fácil assim para quem tem garra, determinação e força espiritual e mental. Ao voltar de seus pensamentos Diego percebe que está quase chegando em sua escola.
Já na esquia Diego avista um lindo prédio, ou um prédio que um dia foi lindo, dois andares e um gramado em volta, uma área para estacionamento para os professores e uma pracinha para as crianças. A escola funcionava de manhã, a tarde e a noite, de manhã era o ensino médio, a tarde era o fundamental e a noite era para quem trabalhava o dia todo. A escola estava pintada com uma cor azulada que ainda não havia sido retocada, havia um grande desenho na lateral, que fora feito por um estudante em homenagem a escola, após reconstrução desse mesmo lado, que cairá uns dois anos atrás, infelizmente um adolescente morrera. Caíque de 16 anos estava na janela do segundo andar quando os pilares do térreo se racharam e espatifaram-se no chão, no dia a escola havia sido evacuada por possível desabamento de uma parte, porem Caíque achou que poderia ir correndo para salvar outra aluna que estava no banheiro e não ouvira o anuncio de evacuação da escola, a garota cujo nome era Beatriz, de 16 anos ficou com leves ferimentos e arranhões, Caíque avisou ela que conseguiu correr, porém caíque deixara sua mochila cair e ao voltar para pegar a mochila o uma parte da escola se estatelou-se no chão, quando Beatriz saiu da escola um pedaço de cimento a atingira com força na cabeça deixando-a desacordada e causando uma contusão na cabeça que levara a garota ao coma. A vida e o destino andam juntos, e quando um deles muda coisas boas ou ruins acontecem, o destino daqueles dois jovens de 16 anos foi entrelaçado selando a vida de um e mudando completamente a vida de outro. Beatriz esta ainda em seu coma, os médicos não sabem se ela um dia vira a acordar, e será um milagre caso ela acorde.
Diego se deixa levar pelas emoções e seus olhos se enchem de lagrimas, caíque foi seu melhor amigo no primeiro ano do ensino médio, quase todos os dias Diego pensa como teria sido sua vida se caíque estivesse vivo, ele queria que caíque estivesse em coma e não Beatriz, mas pensar isso é muito egoísmo, caíque morreu como herói, salvou um garota, bem ela esta em coma, mas mesmo assim. Diego escuta o sinal da escola anunciando o primeiro período e o tirando de seus pensamentos, então ele corre para ver qual matéria ele tem no primeiro período.
Filosofia nos dois primeiros períodos, Diego adora filosofia, a primeira aula foi pratica. Os alunos se apresentaram e falaram um pouco de si, até que um garoto começou a falar.
-Meu nome é Andrew, tenho 19 anos, estou um ano atrasado. Eu vim de de longe e eu sou novo aqui na cidade, então acho que é isso. – Disse Andrew, com o rosto corado de vergonha, Diego olhou nos olhos de Andrew que deu um sorrisinho e o olhou de volta. Trocaram olhares e logo começaram a olhar uma garota que se apresentava diante dos outros.
Algo explodiu dentro de Diego, era um mar de sensações, parecia que havia borboletas em seu estomago. Ele nunca se sentira assim antes, um sentimento bom, que lhe trouxera alegria e paz interior, por um momento ele se sentiu seguro e que podia contar tudo para Andrew, parecia que eles se conheciam de outras vidas. Ele não sabia se Andrew se sentiu assim ou se sabia o que havia acontecido ali naquele momento, Diego não conseguiu esclarecer esse sentimento dentro de si, mas sabia que era muito mais que um boa impressão sobre Andrew. Um período se passou e Diego não conseguia tirar Andrew de seus pensamento, ele queria muito falar com Andrew, mas não sabia o que falar com Andrew. Quando Diego se tocara já está no último período, e era matemática, algo que não era muito sua praia.
Tudo passa tão rápido que quando nos damos conta nos já perdemos metade de nossa vida se preocupando com coisas que não valem a pena dos nosso precioso momento, do nosso pensamento de nossas lagrimas, nessa vida nos não amamos uma vez, mas é claro que sempre haverá aquele amor que marcou nossa historia e nos fez evoluir, nós temos milhares de combinações pelo mundo, e o que nos resta é procura-los e tentar dar certo. Diego estava chegando em casa quando encontrou um velho amigo, que na verdade foi mais que um amigo.
-O que está fazendo aqui? Na frente da minha casa? Achei que nunca mais ia querer me ver? Você deixou as coisas bem claras da última vez! – Disse Diego ao ver um menino de óculos com cabelos negros e pele morena. – Então a menos que tenha uma boa desculpa para estar aqui, então pode ficar!
- Eu sei, eu sei. Eu fiz besteira todos nós já sabemos disso, mas eu estava pensando, já faz tanto tempo que a gente acabou. Estava pensando em voltar, eu sinto sua falta, de verdade! E desde aquela noite eu tenho me perguntado se eu fiz a coisa certa. – Disse o garoto, com uma voz que parecia que a qualquer momento ia cair em choro.
- Olha Maiquel, se você tivesse vindo há um ano atrás eu voltaria pra você, mas já se passaram quase dois anos, e eu sofri muito com aquilo, você me deixou em pedaços e eu tive que sozinho por tudo no lugar, então por favor me deixe em paz. Eu achei que isso tinha acabado. -Diego entrou em casa deixando Maiquel na frente de casa, ele entrou sem olhar para trás, e sem nenhum remorso. Lagrimas escorriam dos olhos de Maiquel, que saíra andando rua a fora de volta para casa. Diego não podia fazer nada, fora Maiquel que terminara o relacionamento há quase dois anos atrás, e Maiquel deixou bem claro que não queria Diego em sua vida novamente.
Embora Diego tenha tratado Maiquel daquela forma, ele ainda estava indeciso em relação ao que ele sentia sobre voltar com Maiquel, Diego não quer voltar, mas as emoções dele falam algo diferente, e Diego acha que depois de quase dois anos e meio sem gostar de ninguém e de sofrer por um amor fracassado, ele acha que voltou a gostar de alguém, alguém que talvez lhe proporcione o que ele tanto quer, que lhe dê motivos para tentar. Tentar com alguem que não deu certo da primeira vez, pode ser arriscado, pode as vezes dar certo ou as vezes pode dar muito errado, e pode ser muito pior do que a primeira vez, então tudo que Diego não quer no momento é que tudo piore. Sua história com Maiquel acabou, e mesmo que algo ainda tenha sobrado dessa história é melhor nem mexer nesses pedaços incompletos. Quando os dois estavam juntos eles tinham 16 e 17 anos, aquilo tudo era muito novo pra ambos, e o amor era ingênuo e sem maldade isso fez com que um deles fosse muito ferido por dentro. Mesmo que dessa vez desse certo, por quanto tempo ia demorar para um deles largar tudo de vez e se cansar? Um ano? Dois segundo? Três meses? Cinco anos? Uma vida inteira? Sabemos que não é saudável viver com alguém que nós nos obrigamos a amar.
Já eram três horas da tarde e Diego estava pronto pra sair, tinha marcado de sair com sua amiga Emily pois queria saber mais sobre noite passada. Iam se encontrar em uma cafeteria, era uma cidade pequena no estado do Rio Grande do sul, uma cidadezinha pequena e aconchegante sem nenhum precedente ruim e uma calmaria, de poucos habitantes e bem longe de qualquer cidade grande. Era um lugar tranquilo para passear com seu cachorro a hora que você quiser, havia um escola na cidade, um mini shopping e uns três bares para se frequentar a noite, uma cidade onde todo mundo se conhecia e todos cuidavam um do outro. Era nomeada de Vista Alegre. O melhor momento da cidade era o pôr do sol que se estendia por toda a pequena e pacata cidade.
Diego estava dobrando a esquina quando avistara Emily, que no mesmo instante dera um largo sorriso e acenara para ele, fazendo sinal de vem logo aqui. Diego deu uma corridinha até ela.
-Então, como foi a tua noite? – Perguntara Diego para Emily.
-Foi agitada – Emily deu um sorrisinho de canto, como se soubesse o que Diego queria saber. – foi a melhor noite da minha vida, a melhor parte foi quando a gente pegou o sofá e colocamos no teu quarto, eu tava muito bêbada.
- Bêbada? – Diego fez uma cara de espanto. – A gente bebeu?
- Tu mais que todo mundo naquela festa!! – Disse Emily com uma cara de que se lembrava de tudo.
- Perai! A gente foi numa festa? Eu bebi ? – De fato Diego não se lembrava de nada.
- Tu deu uma festa ontem, na tua casa, lembra? Foi muito louco.
- Eu o quê? Festa? Como assim? Eu não me lembro de nada! – Diego estava cada vez mais espantado, com o que estava ouvindo, ele não conseguira acreditar em tudo isso.
- A gente bebeu, ai tu postou no Facebook que ia começar uma festa na tua casa, e então as pessoas foram chegando, ai no final eu e umas amigas te colocamos na cama e arrumamos a casa, porque eu sabia que sua mãe ia chegar pela manhã. – Antes que Emily terminasse de falar Diego a interrompeu.
- Cala boca, só não fala mais nada por favor! Eu não posso acreditar nisso que tu falou, eu não posso ter bebido.
- Diego, todos nós já tomamos um porre, e tu já tem 18 anos, já pode se cuidar sozinho, tu sabe disso! Olha se tu não for me contar o porquê de você ficar alterado desse jeito eu não tenho opção a não ser ir embora!
As vezes tem coisas na vida que não nos deixam fazer as coisas que queremos, por conta do passado, algo que aconteceu e que simplesmente mudou tudo na nossa vida, tudo o que achávamos que conhecíamos, mas um momento pode mudar tudo.
-Meu pai, tá bom! Ele morreu de tanto beber e usar drogas, entrou, ele sofreu uma overdose, e ai ele ficou desacordado por uns dias, e sabe o que ele para comemorar que estava vivo? Ele foi beber, e acabou entrando em coma alcoólico, e desmaiou, bateu a cabeça no chão e morreu. E desde aquele dia eu decidi que não seria igual ele, um cara bêbado que bate na mulher enche cara ate morrer! Então, satisfeita? Esse motivo está bom pra você?
-Diego! Desculpa, eu não queria que você falasse isso desta forma, eu não sabia. – Disse Emily com uma voz de arrependimento.
Na vida nos arrependemos de muitos momentos, palavras que não queríamos ter dito quando estávamos em um momento de raiva, um sentimento tão verdadeiro quanto o amor. As vezes temos que esperar a tempestade passar, e não importa o quão demore para a chuva ir, e nesse caso, a tempestade estava a caminho. Pequenas coisas indicam que a tempestade esta preste a chegar, mas nós não conseguimos ver isso, e quando nós nos tocamos é tarde demais.
-Eu já vou indo! – Disse Diego com uma voz firme. – Tenho uns compromissos.
- Vai sair com alguém? Pois noite passada eu vi Maiquel na portada sua casa. – Disse Emily com um tom de que sabia o que tinha acontecido.
-Olha, somos amigos e eu te adoro, mas não quero discutir com voce sobre o Maiquel, eu sei o que tu acha dele e não quero ouvir tudo isso de novo. – Disse Diego com uma voz firme e meio arrogante. – E eu o mandei embora, se é isso que quer saber. – Então com um aceno de despedida Diego se levantou e saiu.
Na vida estamos sempre nós aperfeiçoando e mudando constantemente, e isso é viver. As vezes, claro, haverá obstáculos, mas nada do que pular sobre eles para mostrar que somos fortes. Do ventre saímos, na vida vivemos, a vida nunca para. As pessoas não ficam para sempre conosco, mas sempre levamos um pedaço de alguém com a gente, mesmo que essa pessoa já tenha ido.
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Pra onde vamos?
Fiksi RemajaSeis amigos, um morre. Anos depois surge a seguinte pergunta "acidente ou assassinato?". Nessa trama que te envolve do início ao fim você vai descobrir que uma simples cidade guarda terríveis segredos. Será que depois de tudo isso a amizade ainda e...