𝑻𝒐𝒎 𝑯𝒐𝒍𝒍𝒂𝒏𝒅
Ele começou a correr desesperadamente pela cidade, só então lembrando que ir por cima valia mais a pena. As teias saíram de sua mão de encontro ao prédio adiante no outro lado da rua movimentada, ele pegou impulso e voou por instantes antes de lançar outra teia em outro prédio e repetir o processo até chegar ao local desejado. Era hora do enfrentar o chefão.
A tela escureceu a minha frente e um corpo musculoso vestindo pijama de flanela apareceu diante dela, me encarando com uma expressão nada boa. Deixei escapar um grunhido por não poder continuar jogando e papai não deixou de cerrar os olhos em minha direção.
— Tom, o que nós conversamos sobre jogar videogame depois das onze? Amanhã você tem aula e ainda por cima em uma escola nova....
Ele continuou falando e falando. Eu sabia que esse trágico momento aconteceria novamente e já estava acostumado a ouvi-lo falar o quanto assumir um compromisso é importante, que não deveria prometer algo que eu sabia que não cumpriria, muito menos para alguém como ele. Eu sou um pouco viciado em videogames e recentemente comprei um jogo do Spider-Man, o melhor herói do milênio. Junte essas duas coisas e veja um Tom Holland sem desgrudar o olhar da tela por um segundo se quer.
O homem a minha frente reparou que eu não estava dando atenção ao seu sermão repetitivo e pegou meu aclamado Playstation 4 em mãos. Lá vamos nós. Meu pai sempre usa a mesma carta na manga achando que vai me fazer implorar por seu perdão e prometer (de novo) que não farei novamente.
E bem, ele sempre está certo.
— Não, pai, por favor, tudo menos isso. Eu ainda não enfrentei o chefão, como vou saber se Peter Parker salvará o dia? — exclamei, me levantando e parando diante dele.
— O chefão que você terá que enfrentar será eu se não sair da minha frente — o senhor Holland ameaçou, me fazendo engolir em seco.
— Paizinho, eu prometo não ficar acordado até tão tarde se deixar o videogame comigo. Palavra de escoteiro — tentei negociar, já imaginando que seria em vão.
Meu pai riu enquanto começava a andar até as escadas que davam para o segundo piso de nossa casa. Ele se virou, me encarou e brandiu:
— Primeiro que nem escoteiro você é, e não aja como uma criancinha, Tom.
— Se eu agir como um adulto você me devolve o videogame? — sorri amarelo, encarando o homem de meia idade subir as escadas.
Ele murmurou algo enquanto ria baixinho, provavelmente de alguma resposta engraçada que pensou.
São onze e quarenta e cinco e eu estou elétrico e frustrado. Não era a primeira vez que isso acontecia e eu poderia me acostumar a roubar o aparelho de seu quarto.
Era sempre a mesma coisa, eu devia ser muito burro mesmo por não perceber quando ele aparecia. A verdade é que eu fico tão vidrado na TV que é quase impossível tirar meus olhos da mesma.
Ouço meu celular tocar e o procuro pela sala. Sorrio assim que o encontro e olho o nome escrito na tela.
— Vejam se não é o melhor amigo de todos — Andrew exclamou do outro lado da linha.
— E aí, cara.
Andrew é um ano mais velho do que eu. O conheço desde meus seis anos e sempre fomos melhores amigos, pelo menos desde que ele me defendeu na pré-escola depois de uns garotos idiotas pegarem no meu pé. Era sempre ele e eu, eu e ele, em absolutamente tudo.
Até ele arrumar uma namorada.
Eles tentam me incluir nos eventos, mas sempre acabo de lado, vendo-os praticamente se comerem na minha frente. Não que eu queira participar, é claro, não curto muito isso.
Devo admitir que a namorada de Andrew, Lins, era uma garota legal, mas ouvi boatos de que ela atirou na perna de seu antigo namorado quando ele insinuou que queria terminar com ela. Não sei se é verdade, Lins é de uma escola desconhecida e se mudou para nossa antiga escola há pouco mais de um ano.
— Lins foi convidada para a festa da Watson e adivinha em quem eu pensei para levar junto a nós?
— Desde quando você gosta de festas, Garfield? — questionei franzindo o cenho, mesmo sabendo que ele não veria.
— Há mais ou menos seis meses.
— Que coincidência! Você namora Lins há exatos SEIS MESES! — Fingi falsa emoção, o ouvindo rir no outro lado.
— Você é muito engraçado, Holland. — Podia jurar que ele revirou os olhos depois do que disse.
Conhecendo meu melhor amigo, imagino que ele só esteja indo por causa da loira, que adora uma casa movimentada.
— Beleza, vai querer ir com a gente? — ele insiste e eu me jogo no sofá da sala de estar de forma desleixada.
— Não sei, cara, você sabe que eu não sou muito bom em festas.
— Ah, bro, por favor, faz isso por mim, pelo seu melhor amigo...
— Hm...
— Eu deixo você jogar Spider-Man no meu console o quanto você quiser...
— Como sabe que eu estou sem o meu?
— Eu conheço você, Holland — eu ri, abrindo uma brecha para o mesmo investir mais. —, vai, cara, prometo que não encho mais o seu saco com festas depois dessa.
– Sei que isso não vai acontecer.
— Quem sabe você não encontra a garota do cinema, uh? — Esse foi o fim da picada.
Ainda estava irritado com aquela garota atrevida e meu maxilar ainda continha um roxo devido ao soco que ela me deu. Eu não imaginaria que ela reagiria daquela forma ao spoiler que dei, mas em meu ponto de vista, eu fui o injustiçado.
Entretanto, devo admitir que ela era muito bonita, com seus cabelos ondulados caindo em cima da camiseta de Sherlock que a mesma vestia e seus olhos castanhos cor de mel...
Para de pensar essas coisas, Tom, interrompi meus pensamentos saindo daquele maldito transe e finalmente respondendo o moreno do outro lado da linha.
— Cala a boca, Garfield — ele riu por ter conseguido me atingir e insistiu mais um pouco, voltando o assunto para a festa.
Suspirei, pousando uma almofada em meu colo e me afundando mais no sofá. Eu não sentia a menor vontade de ficar entre adolescentes bêbados e chapados, mas que mal faria uma única vez, não é?
— Tudo bem... eu vou com vocês.
— Esse é o meu garoto! A festa é amanhã à noite, esteja pronto quando eu passar aí.
— Mas amanhã é segunda, Andrew! Papai vai me matar se souber que eu fui a uma festa em plena segunda feira. — Levei minha mão livre ao rosto. Isso não iria dar certo.
— Aposto que o coroa ia a festas em plena segunda quando tinha a sua idade. Qual é, Tom, apenas não deixe que ele descubra.
— Você está se tornando um cara de pau, Garfield. — Ouvi ele rir abafado e suspirei, me rendendo. — Tudo bem, tudo bem...
— Até amanhã, Tom.
— Até.
E então ele desligou, me deixando sozinho em pleno domingo à noite sem meu PS4.
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spoiler.
Fanfictiontom holland | ❝ Você é patético em pensar que uma garota como eu gostaria de ouvir spoilers na fila para os ingressos.❞ Grace Hamilton é a personificação de garota geek. Com seus cabelos ondulados e sua coleção de hq's, a garota é uma crítica expert...