Eu prometi pra mim mesma que não iria mais escrever sobre você, mas um poeta que não fala sobre o amor e sobre sua dor, ao menos uma vez, não pode se considerar poeta.
E que escrever sobre o que lhe dói é um modo de compartilhar seus demônios, afim de espanta-los. Escrever sobre o amor é como descrever um experimento químico, que vem com a contra indicação de possíveis dores.
Então esse acabou sendo mais um sobre você. O nosso experimento onde os rótulos dos elementos foram trocados, acarreta a definição de confusão para o coração.
Falar sobre você seria como se um viciado falasse do barato que a droga lhe trás.
Você começa esporádicamente com pequenas doses, no meu caso, minhas pequenas doses foi aceitar e querer te ver nos dias que seguiram aquela semana. Depois que você nota que usar esporádicamente não é mais suficiente, você passa a usar todos os dias afim de manter aquela sensação (e isso acontece rápido e você nem se dar conta de como esse processo acontece), no meu caso foi quando eu acordava e sentia êxtase em ler uma mensagem sua todos os dias; foi aquele "eu te amo e me processa" que eu soltei sem querer depois de alguns drinks; foi o som do seu ronco, da sua risada; foi te ouvir me chamar " Ô amôr" ; foram os "oi" e " o que foi?" que você fala quando eu te olho e passo muito tempo sem dizer nada; foi passar a gostar do "cheiro de mato"; foram todas as ligações até tarde; foi te beijar na multidão, por uma eternidade contida em um fração de segundos, que fez o lugar esvaziar e só existir eu e você; foram todas as músicas que você canta; foi sentir o amor que você tem pela sua avó e querer isso também; foi quando nossos corpos se ligaram e se tornaram bem mais do que apenas dois corpos; foram todos os cochichos e como você sempre me enrolava com mais, eternos, cinco minutos; foram todos os bolos que eu lancei amor pra satisfazer bem mais do que seu coração; foi está no topo de um morro ou no balanço de uma rede no calor do seu abraço; foi para o tempo pra te vê me caçar em meio a multidão e sorrir quando me achava e cantava pra mim; foram todas as noites dormindo ao seu lado; todas as brincadeiras (até as sem graça, você acha engraçado me ver irritada).
Mas como toda droga te decai, com você não é diferente, o ciúmes que me sufoca; a desconfiança que me cala; a distância que me maltrata; o " a gente vai casar... Mas ainda não sei se você é só minha" ; quando você não me define pelos padrões que a sociedade impõe; é não saber o que você espera e planeja; é não ter a certeza de que existe o nós.
E depois que você me faz decair, vem a abstinência, e essa é a pior parte.
É quando não tem mensagem sua; é quando você reabre a minha cicatriz mais profunda ; é a saudade; é quando você ameaça me deixar (mesmo que eu saiba que não é sério).
E isso me consome, trás a superfície a pior parte de mim... a parte insegura; parte impulsiva; a parte indecisa, que não sabe se vai ou se fica, se arrisca ou não arrisca... get out or all win?
Você põe sal na ferida, aperta, aperta, aperta! E ela volta a sangrar... os pensamentos: "sempre a dama de honra, jamais a noiva" "você é boa o suficiente pra você, quando vai passar a ser pra ele?" "não importa o quanto você tente sempre vai amar por dois" "o nada sempre resulta o nada", voltam para me assombrar, voltam para me fazerem questionar, voltam para me fazerem duvidar de tudo, e até de mim.
Se você pesquisar vai notar que todo escritor é viciado em alguma droga, ela ajuda a expor seus medos, expõe sua dor, sem ela eu não teria o que escrever. O Amor e A Culpa andam de mãos dadas pelo meu subconsciente, sou uma poeta da segunda fase do romantismo; onde o amor é uma hipérbole, onde a morte sempre será o conforto para os rejeitados e devastados... Todo escritor é viciado em uma droga. A minha é o amor! E foi assim que esse é mais um sobre você.
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Nem tudo que aqui floresce é amor.
Poetrycicatrizes em versos de um coração quase sempre partido...