Capítulo 1

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      "Arquitetura moderna, com cores claras e leves. Altas paredes brancas e vistosos vidros que reluziam o sol matutino. Parece algo que veio do Vale do Silício". Foi o que pensara Gabriel, o novo estudante da Escola Charles Chaplin, ao ver de perto a construção mais linda que ele já viu.

       A Escola Chaplin sempre foi conhecida pelo seu ensino de muita qualidade. Consistia entre a combinação entre pré-vestibulares e o ensino médio. O aluno que estudaria lá teria, não só o diploma do ensino médio, como também um curso preparatório para sua futura profissão. Sempre muito concorrida, a escola matinha seus custos nas alturas, bem como seus clientes, que eram, na maioria, da elite de São Paulo.

       Gabriel acabara de ser inserido no CCEM (Curso Conjugado ao Ensino Médio) de Arquitetura. Nunca esteve tão entusiasmado, já que, vindo de uma família de classe média, jamais pensaria em entrar na escola mais disputada do Brasil. De fato, parece impossível, mas por ter contatos na escola, foi lhe dado uma bolsa integral. Contatos são, mais especificamente, seus primos, ambos formados.

       O Diretor financeiro, o primo de sua mãe, conseguiu a bolsa para Gabriel. A bolsa integral incluía, além das aulas regulares, a possibilidade de morar na escola, coisa que só os mais ricos poderiam ter.

       No primeiro dia de aula, Gabriel se admirou com a estrutura da escola. Todas as salas possuíam desde um quadro tecnológico, a um esquadro de ferro, marca registrada do fundador do colégio e ator, Marcos Jandier.

       Na entrada, o diretor da escola, Alexandre Jandier, distribuía boas vindas e abraços a todos os alunos, novos e antigos. Chegando a vez de Gabriel, Alex o cumprimentou de modo especial, o parabenizando por possuir a primeira bolsa da história do colégio.

       Gabriel foi levado à uma sala especifica para os novatos. A Sala 503 se encheu rapidamente. Em torno de 50 alunos de espalhavam nos pufes e sofás dispostos enquanto o coordenador de comunicação apresentava as regras da escola. De repente, em torno 50 alunos do 2° ano foram apresentados aos novatos. O programa de inclusão tinha como base a união de turmas de diferentes degraus e cursos, o que tornava a escola muito mais unida. Os 56 alunos se movimentavam em direção ao tablado, que, como um mini palco, era ideal para tal situação. Seus uniformes eram diferentes, suas golas, características do 2° ano, eram de coloração azulada, já a do 1° ano, de coloração avermelhada, do 3° ano amarelada, e por fim, do 4° ano, de tons cinzas. Os símbolos das profissões eram bordados em linha cinza, e no peito, um brasão da escola destacava o rosto do ator que deu nome ao colégio.

       Gabriel se assustou com um garoto que se aproximou a ele. Com a mão em seu ombro, ele se apresentou de forma mais simpática o possível. Agora havia entendido o motivo dos alunos veteranos no tablado.

— E aí, Gabriel? Meu nome é Felipe, sou do 2° de Medicina e estou aqui como seu apoio. — Disse um garoto alto e belo. Seus cabelos castanhos claros eram incrivelmente perfeitos.

— Apoio? — Gabriel tinha muito mais duvidas do que normalmente alguém teria.

— É como se eu fosse seu padrinho por esse ano. Qualquer momento que precisar, eu vou ser o primeiro a te ajudar. Como nossa escola não tem coordenadores das salas, nós somos os responsáveis pelos novatos.

— Então você vai ser uma babá minha? Adorei a ideia — estranhamente o garoto não riu, o que deixou Gabriel muito mais interessado na conversa.

— Basicamente. Agora vamos para o tour.

       Felipe levantou-se com agilidade e ajudou Gabriel, que tinha um equilíbrio terrível, a se levantar. O caminho começou com o auditório pedagógico, onde todos os anúncios matinais eram ditos. Felipe o guiou para a Área Esportiva, que incluía uma piscina olímpica, duas quadras de tênis, duas de vôlei, uma de futebol e um ginásio para campeonatos. Mais tarde, passaram pelo Teatro, que ocupava mil e quinhentas pessoas e regularmente era lotado pelas peças conhecidas da escola. O Homem de La Mancha era ensaiado no momento. Gabriel foi levado a seu dormitório, número 302, corredor B. Onde conhecerá Bianca, uma futura advogada que acabara de chegar de seu tour. Felipe deixou Gabriel e seguiu rumo para seu próprio dormitório.

O Dia PerdidoOnde histórias criam vida. Descubra agora