CAPITULO DOIS
Já haviam se passado alguns meses e estavamos entrosados com o nosso novo amigo, uma coisa que sempre gostei dos meus amigos é que eles nao eram de ficar fazendo cara feia ou nao indo com a cara de alguém por motivos fúteis, até os mais maloqueiros, os mais violentos, a gente acabava se entrosando, acho que isso foi bom para nos, pelo menos nao nos tornamos adultos tao preconceituosos com outras diferenças.
A nossa escola é uma das mais antigas de São Paulo, antigamente ela ficava no centro, mas depois com o tempo ela foi transferida para um bairro, talvez para aumentar o numero de alunos, e criar maiores espaços como quadra de futebol, piscina e tinha até palco para assistir peça de teatro, coisas que não tinha na escola antiga, resumindo, não era umas das piores escolas para se estudar, pois muita gente queria estudar lá.
Um dia desses no começo da aula estava sentado em um dos degraus de cimento que havia proximo a cantina da escola, pois haviam mesas com cadeiras e esses benditos degraus de cimento, e adivinha? As mesas sempre estavam vazias, o pessoal da escola e até eu, nos adoravamos ficar nos degraus, começavam as aulas, intervalos de aulas, papeação em grupo, brigas e tudo mais eram sempre nesses "abençoados" degraus, as mesas das cantina eram sempre as ultimas a serem utilizadas por nós, e foi ai que o Pepe apareceu mais cedo.
- Olá! Madrugou hein?! Disse ele aparecendo do nada com a cara de poucos amigos e me cumprimentando levando a mão para cima e fazendo conchinha para dar aquele som audivel de concha batendo na outra, era o nosso jeito de cumprimentar - Tudo bem? Esta sozinho? Cade o pessoal?
Desde que me conheço por gente, aprendi a acordar cedo, pois em casa somos em quatro irmãos e sou o segundo dos irmãos, meu irmão mais velho estudava a noite e trabalhava da manhã, tinha que sair cedo, minha mãe tambem, como dizem "acordava junto com o galo", era professora em uma escola de um bairro mais afastado e restavamos nos que ficavamos em casa, eu, meu irmão e minha irmã e, cabia a mim acordá-los, dar o café e prepara-los para a escola.
- Oi! Disse levantando a mão também. Tô. O pessoal nao chegou ainda, devem estar cheganddo.
- Beleza. Tá fazendo o quê? Estudando desde cedo? Perguntou e sentando do meu lado, já olhando no meu caderno e olhando a matéria que estava no caderno.
- To copiando umas respostas da aula de matematica, aquele trabalho de matematica lembra?! Nao consegui fazer umas respostas e pedi o caderno da Emily emprestado para pegar a resposta de alguns exercicios que nao consegui fazer.
Ele assentiu com a cabeça com se entendesse, mas nem dando muita atenção, estava meio com os pensamentos em outro lugar.
- E voce por que chegou cedo? Perguntei, pois o Mauricio nunca chegava cedo na escola, ele sempre ou chegava no horario ou atrasado, de acordo com sua propria palavras, seus pais estavam "incentivando" a tomar onibus, para criar um filho mais independente, mas pelo que percebi ele nao era muito fã da independencia no transporte, ele era mais adepto do "ir de carro".
- Nada. Ele disse. Acabei pegando o onibus mais cedo. E ficou sentado do meu lado em silêncio, com uma cara triste, com os olhos vendo o chão, tentando olhar para as minusculos graos de areia e cimento para ver se encontrava alguma resposta para aquilo que nem ele mesmo sabia.
Durante todos os meses, desde que começaram as aulas, desde que ele entrou na escola e entrou na aula de matematica (nunca esqueço), desde que ficamos amigos e nos reuniamos com o pessoal, digo, nunca, mas nunca mesmo, haviamos ficado somente eu e ele, em todos os momento das aulas até fora dela, sempre que estavamos proximos tinha alguem conosco.
Talvez inconscientemente eu fizesse isso para frear os sentimentos novos que estavam querendo emergir dentro de mim, com medo de dar algum bola fora misturado com vergonha, pois digo uma coisa, é hiper ultra mega hard dificil falar normalmente e não dar algum bola fora, quando se é jovem, quando voce esta perto de alguem que mexe com voce de alguma forma e principalmente quando esses sentimentos são para uma pessoa do mesmo sexo que voce, é um redemoinho, parece que voce esta dentro de uma bola de futebol em jogo de Copa do Mundo tentando deixar ela parada.
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OS PEIXES TAMBEM VOAM - O COMEÇO
Roman pour AdolescentsA história de Marcos e Mauricio, dois estudantes que percebem mais sentimentos que a alma pode conter, o tempo de descobertas, de envolvimentos, dos problemas familiares, da questões sociais, conflitos e alegrias do primeiro amor.