homem em combustão

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Durante minha breve estadia em uma cidade pequena, fiquei em um hotel que estava acontecendo uma breve reunião, do que parecia ser um grupo religioso de outra cidade.

No início eu me senti um pouco perdido nessa história, porque nunca segui nenhuma religião, e sendo um dos únicos que não fazia parte desse grupo, me sentia um pouco perdido quando algo acontecia, mais logo comecei a me entender com um dos líderes do grupo, o que me deu um livre acesso à sala que estava sendo feita as reuniões, e às vezes eu passava por lá para ver o que eles estavam fazendo, pois, não se tinha muita coisa pra fazer. Sempre chegava mais tarde, quase no final, porque meu interesse não era as discussões, e sim a comida, e algumas conversas no final, durante uma dessas conversas onde estava o líder que eu tinha mencionado anteriormente, ele me apresentou um homem que estava muito bem-vestido, com roupas de marca, durante a conversa veio que ele contribuía para a construção de um templo. Pelo que eu entendi ele tinha ganhado um bom dinheiro na bolsa de valores, e queria investir e "Deus" tinha falado que ele deveria ajudar aquela religião, nessa parte eu aproveitei e perguntei:
— Mais qual religião que essa igreja segue? — Eu — resposta: nós seguimos a Jesus, só que não ao Jesus cristão, pois, ele foi modificado várias vezes para chamar cada vez mais atenção, exemplo nosso Deus não tem uma imagem, quando é perguntado sobre como ele é nós falamos "ele parece com todos nós só que diferente".

Essa conversa durou mais alguns minutos, me despedi e fui para o meu quarto, que ficava no segundo andar, onde você tinha que subir uma escada que ficava no hall de entrada. Meu quarto não era grande, tinha uma sacada que dava vista para a cidade, 1 cama, um banheiro e 1 sala com televisão, fiquei na sala até às 21:00 e fui descer pra comer alguma coisa, me sentei em uma cadeira afastada, pedi, e enquanto eu esperava decidi ir ao banheiro, chegando, vejo o Investidor conversando com outro homem, os dois bem eufóricos, o Investidor falava algo de estar falido e não ter dinheiro pra continuar as obras quando fui passar por eles, percebi que era um dos líderes religiosos que sempre estavam nas reuniões, eles quando me viram trocaram de assunto, eu não tinha nada a ver continuei andando e fui para o banheiro, voltei para minha mesa e meu pedido logo chegou.

Com o passar dos dias fui ficando cada vez mais próximo do líder que eu tinha mais contato, vou chamá-lo de "Pastor", começamos a almoçar juntos, conversamos pelos corredores. Um dia ouço alguém bater na porta do meu quarto, pensei que fosse alguém do serviço de quarto, quando abri a porta, e era o Pastor pedindo pra poder conversar comigo um pouco, pois, estava com algumas dificuldades, e mesmo não me conhecendo tinha uma certa confiança em mim, que eu mesmo não entendia. Quando a conversa começou ele "tentou" me explicar o porquê tinha vindo falar comigo e não com um membro de sua igreja, ele falou que o problema era dentro da igreja então ele queria falar com alguém de fora, e tinha lembrado de mim que tinha tirado algumas dúvidas com ele nos almoços, a gente se sentou e ele começou a explicar qual era o problema, ele começou falando:
— Eu tenho uma leve impressão de que alguém está roubando do Templo, só não sei ainda quem é.
Também falou que tinha pensado em alguns nomes me falou quem era, pra minha surpresa e um pouco de certeza não tinha nenhum que eu conhecia, poque já tinha pensado que em um nome, e acho que vocês já sabem em quem, mais continuando.

Eu fui conversando, perguntei se ele tinha certeza, ele disse que sim, porque às finanças estavam indo bem, com tudo pago em dia, até 2 mês antes, que foi quando descobrimos que o dinheiro estava no vermelho, também descobrimos que se fosse gasto o mesmo valor dos meses anteriores, não teríamos o suficiente para arcar com tudo. No mês seguinte do mesmo jeito, e naquele dia ele tinha ido ver as finanças da igreja e estava pior que nós meses anteriores. Demorou mais depois de muita conversa ele foi embora, quando ele saiu já era horário do almoço, eu logo me arrumei e fui almoçar, chegando lá vi o homem que eu tinha ouvido dias antes, ele estava sempre sentado na quarta mesa após entrar pela porta, sempre vestido formalmente com roupas caras, e o cabelo penteado para trás.
Com o passar do tempo eu e o Pastor acabamos virando grandes amigos, sempre conversávamos, e ele sempre buscando saber quem estava tirando dinheiro do Templo, chegando um dia, ouço outra vez minha porta sendo surrada por alguém querendo entrar, eu nem preciso abrir a porta por completo e ele há entra falando que tinha descoberto quem era o ladrão, e conta que ele estava entrando em seu escritório, quando viu o Investidor saindo com uma maleta cheia de dinheiro, quando ele o confrontou, o Investidor não soube como explicar ao certo, deu algumas desculpas e foi logo saindo.
Quando acaba de falar, olho o seu rosto que está vermelho, com algumas rugas saltando do rosto, "Eu o teria atacado ali mesmo, se não tivesse pessoas por perto", eu sabia que aquilo não iria terminar bem, pois, logo após ele dizer que iria dar uma volta para pensar em que fazer, chega uma visita ilustre em meu quarto, o Investidor aparece, falando que tinha uma proposta pra mim, e que eu deveria ir com ele, um fato que estava esquecendo de mencionar era que ele fumava muito, diria que umas 2 cartelas de cigarro por dia, sempre com 1 na boca. Eu peguei meu casaco e fui com ele, que me lembro ou até uma casa bem grande, um jardim enorme ao lado, e o que parecia uma quadra, entramos e me sentei em uma poltrona na sua sala enquanto ele pegava uma garrafa de whisky, e 2 copos na cristaleira, ele se senta em outra poltrona de frente a minha;
— Pelo que me parecia o senhor não se lembra de mim? Investidor — Não me lembro — foi a minha resposta enquanto procurava seu rosto em minha mente.
— Eu estava no clube quando houve a morte de um conhecido homem, e o reconheci o de lá. E me lembro bem de o senhor entrar no quarto enquanto ele estava vivo e sair com ele morto, além de alguns amigos no hospital me dizerem que não parecia ter sido uma parada cardíaca natural.
Enquanto ele falava meu coração não parava no peito, acelerado, minha cabeça começou ou a doer, as vozes que estavam sumindo explodiram na minha cabeça.

- Acho que você agora pode me ajudar com alguns problemas com seu amigo Pastor, poque o senhor sabe que se essa notícia sua vier a público não vai demorar muito para você ir parar ou atrás das grades, ou em uma cova.
Quando li essa última frase não tive mais dúvida, peguei a garrafa de whisky que estava ao meu lado e com um golpe apenas a quebrei em seu rosto que caiu desmaiado sobre o peito, com rapidez o amarrei na poltrona, fiquei um bom tempo tentando descobrir o que fazer, enquanto eu pensava ele acordou e logo foi percebendo que aquela ideia que ele tinha sobre o que tinha acontecido no Clube algum tempo antes não estava errada, dava pra ver em seus olhos que ele mesmo falando aquilo, não acreditava por completo, mais agora não tinha o que contestar.

O tempo foi passando naquela casa escura, até que uma pequena ideia veia a minha cabeça, e durante o tempo que eu estava lá tinha achado alguns cigarros e um isqueiro dentro de janeiro gaveta, eu poderia usar aquele isqueiro como arma, logo o peguei junto as cartelas de cigarros as joguei na mesa perto de onde ele estava, com um soco o desmaiei novamente porque seria mais fácil, peguei o isqueiro acendi um cigarro, e usei-o como ponto de início que começou o fogo na roupa e foi se espalhando pela roupa, rapidamente ele começou a cuspir fogo. Ele tinha entrado em um processo de combustão espontânea. Usando um exemplo simples, dizemos que o seu corpo é uma vela, e a sua gordura e a cera, e suas roupas o pavio, que queima até chegar na sua pele e na roupa e queimar até a morte. Isso que aconteceu com o investidor, que viu o próprio corpo pegar fogo até que sobrasse apenas cinza.

Dias de AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora