Capítulo 3

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  Tínhamos acabado de chegar aos hospital e eu continuava cheia de dores na perna, cada vez mais insuportantes. Só conseguia ver as luzes, do teto do hospital, a passarem-me por cima como se fossem pirilampos. Levaram-me para uma sala e o médico observou rapidamente a minha perna. Ele falava com outros médicos mas eu não conseguia perceber nada, apenas ouvia uns sussurros. Tiraram-me um raio X à perna e o médico, de imediato, disse que teria que ser operada. Meteram-me uma máscara na cara e disseram-m para respirar fundo.

***

  Dores de cabeça. Vozes que me eram familiares. Abri um pouco os olhos, mas estava tudo desfocado e cheio de luz. Virei um pouco a cabeça para o lado, e tentei abrir os olhos novamente. Vi o meu pai, sentado à beira da cama. Tentei sentar-me, mas estava cheia de dores na perna. O que tinha acontecido?

- Hey, então como está a nossa corajosa? - disse o meu pai com leve sorriso no rosto.

- o que aconteceu? - disse eu um pouco perturbada.

- Caíste ontem das escadas, e partiste a perna. Tiveste que ser operada porque partiste um osso, mas já está tudo bem.

- Eu vou ficar sem a perna?

- Claro que não... Que disparate! Agora é só recuperares e vais ficar bem. - disse o meu pai. - Está lá fora uma pessoa que não quis ir para casa até tu acordares.

- Quem? o Nash? - disse eu.

- Não... É o Lucas. - disse o meu pai num tom confuso. - Queres que o chame?

- Não, deixa estar... Preciso de descansar um pouco, estou cheia de sono. Quando é que eu posso ir para casa?

- Estive a falar com o médico, eles querem que fiques aqui até amanhã, em observação.

- O que? Ainda agora acordei mas já estou farta de cá estar, quero ir para casa! - disse eu um pouco aborrecida. 

- Tens de ter calma...

- Está bem! Já percebi!

- Queres que fique cá a dormir esta noite contigo?

- Não é preciso...

- Queres que diga alguma coisa aos rapazes? - disse o meu pai com um sorriso no rosto. Ah sim, aquele sorriso conhecia-o eu bem. Era daqueles sorrisos irónicos e brincalhões.

- Ah, diz lá ao Lucas que eu já acordei e se ele quiser entrar deixa-o... - literalmente não me apetecia "aturar" ninguém, mas até foi querido da parte dele ter passado lá a noite ou não?

  O meu pai saiu do quarto e segundos depois entra o Lucas. Sinceramente? Eu até o acho atraente e querido, especialmente depois de cá ter passado a noite só para saber como eu estava.

- Hey Skye, como estás? - disse o Lucas após ter beijado a minha testa suavemente. 

- Hey Lucas. Não posso dizer que 'vou andando' porque daqui eu não saio, mas ainda me dói um bocadinho a perna ahah - disse eu tentanto quebrar o clima de preocupação que pairava sobre o Lucas.

- Ahah, pregaste-nos um susto a todos... - disse o Lucas.

- Não se preocupem, agora já estou bem. 

- Queres que fiquei aqui contigo até amanhã? Sempre podemos ficar a jogar ou assim ahah 

  Bem eu já tinha dito ao meu pai que não queria que ele dormisse cá e agora ia aceitar a proposta do Lucas... não parecia um bocado mal? A forma como ele o disse até pareceu que nos íamos divertir muito no hospital, mas quando olhei para ele não consegui dizer que não. Olhava para mim ao mesmo tempo que sorria e os seus olhos castanhos cor de mel cintilavam. 

- Sim, pode ser mas por agora quero descansar um pouco...

- Está bem, eu vou avisar o teu pai de que fico cá...

  Ele saiu do quarto deixando a porta encostada. Eu só pensava se o Nash tinha perguntado por mim ou não... quer dizer, não é que eu goste dele ou assim mas tenho que admitir que ele é bastante giro e qualquer rapariga ficava louca só por namorar com ele. Ele parece ser daquele tipo de rapaz que não liga nenhuma ao que as pessoas dizem mas tem um ar engraçado e cómico, por vezes. Eu bem vi a forma como ele olhou para mim quando eu estava a entrar na ambulância. Parecia preocupado mas não deixava que essa preocupação se transparecesse para o exterior.

***

  Olhei pela janela do quarto do hospital e o sol já se estava a pôr. A vista daquele quarto era linda, podia ficar ali horas a olhar para ela. Ouvi alguém a bater à porta, e sem que desse tempo de eu respondeu que podia entrar, já estava a enfermeira com o tabuleiro no meu colo. Este tinha sopa, um copo de água, um prato com peixe cozido e legumes e uma gelatina. Comecei por comer a sopa, cada colher que comia mais me custava... aquilo não tinha sal nenhum e sabia mal, já para não falar do aspeto do peixe cozinho que parecia estar anémico. Passado uns 10 minutos da enfermeira ter saído, entra o Lucas no meu quarto num tom animado.

- Então, já estás a jantar? - disse o Lucas admirado.

- Sim, estou e isto é uma porcaria. Por favor diz-me que trouxeste comida!!!

- Não, eu já jantei em casa mas... trouxe isto. - diz o Lucas à medida que tira um saco cheio de goma da sua mochila.

- Ahhh, adoro gomas!

- Mas primeiro vais comer isso que tens aí e só depois comemos as gomas. - disse o Lucas como se fosse o meu pai a falar.

- Isto é nojento, já viste só o aspeto disto?

  Ele apenas assentiu com a cabeça, acabando por me dar razão. Ele puxou o cadeirão, que estava encostado à parede, para mais perto da minha cama e, de seguida, sentou-se lá. Ficámos a conversa durante horas até tarde, até que acabei por adormecer... Foi muito querido da parte dele ter lá ficado só para me fazer companhia. E o Nash nem se quer perguntou por mim? Eu nem acredito! Veio cheio de falinhas mansas e afinal era só 'garganta'. Será possível que ele seja assim? A primeira impressão que tirei dele foi que era um nerd sempre agarrado ao telemóvel mas por outro lado era um nerd atraente já para não falar do seu sorriso.

  Abri os olhos lentamente, e observei o sol a nascer através das cortinas do meu quarto. Não fazia ideia de que horas eram mas aparentava ser ainda muito cedo. Olhei para o cadeirão onde Lucas passara a noite e ele ainda estava a dormir. Eu só pensava nas dores de costas que ele iria ter quando acordasse, coitado.

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⏰ Última atualização: Sep 12, 2014 ⏰

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