Prólogo

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Plymouth, Massachusetts, 19.08.1957

-Olá? -  Suas mãos suavam gradativamente à medida em que empunhava rigidamente o candelabro na altura de seus olhos. O vento soprava vigorosamente contra a janela, resultando em um sopro fragoroso, causando pavor a cada passo em direção à porta de madeira entreaberta. Engoliu a seco, fechando o punho de sua mão livre, enquanto a outra, trêmula, apontava para a porta. - Tem alguém aí?

Levou lentamente sua mão livre até a maçaneta, girando-a e abrindo a porta abruptamente.

Nada.

Suspirou aliviada, fechando a porta em seguida e trancando-a.

Sua respiração ainda não se estabilizara, suas mãos ainda suavam e suas pernas tremulavam. Ainda de frente para a porta, começou a afastar-se, afim de verificar que ela não abrisse novamente sem algum motivo aparente.

O sopro do vento ecoava freneticamente por todo quarto, a chuva caía cada vez mais vertiginosa. Pôde se ouvir um estrondo, seguido de um clarão.

O quarto antes iluminado pela luz das velas havia se tornado totalmente escuro, todas haviam se apagado.

Virou-se na direção da janela, a mesma estava aberta, permitindo o vento e a chuva entrarem súbita e bruscamente pelo quarto.

O candelabro que antes se encontrava em sua mão agora estava disperso pelo chão. Tudo estava completamente obscuro. Um passo em falso e estaria no chão.

Seu coração acelerava à medida que se aproximava da janela. Sabia mais ou menos onde cada coisa se encontrava no quarto, então não corria tanto risco de acabar colidindo com algo.

Ao alcançar a janela, fechou-a abruptamente.

Afastou-se vagarosamente, ainda sem enxergar absolutamente nada. O quarto se encontrava com um ar lúgubre, o vento e a chuva haviam cessado.

Sua respiração começara a se acalmar, porém a sensação de estar na companhia de alguém a perturbava.

O silêncio do quarto começara a se tornar insuportável, ouvia-se apenas sua respiração descompassada.

Não.
Ouviam-se duas. E a segunda tornava-se cada vez mais próxima.

Até chocar-se com seu pescoço.

Um último sopro.

Um grito.

E a escuridão.

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