Capitulo 11 - Um novo começo.

109 7 1
                                    


Me sento rapidamente e procuro o interruptor para acender a luz. Silêncio absoluto e nenhum sinal de alguém no quarto. Então percebo que não havia tomado os remédios, a bebida ou amarrado a faixa na boca. Estavam todos ao lado da minha cama, então sinto meu rosto completamente molhado, meus olhos cheios de lagrimas e percebo que pode ter sido um sonho, pode ter sido uma visita, mas sei que a garota era uma sobrinha que havia falecido a anos e me visitou apenas para mostrar tudo que eu estava jogando fora.

O celular toca mais uma vez, um toque que a muito não ouvia, sempre gostei de deixar um toque diferente para cada pessoa, pois assim acabava sabendo quem estava me ligando e já atendia sabendo se era problema ou somente bate papo. Ao atender ouvi aquela doce voz que a anos não ouvia. Uma amiga de longa data, com quem dividi vários anos da minha vida, o relacionamento mais longo que tive.

Meu coração acelerou de uma forma que parecia querer sair do peito. Ela com voz de sono me dando bom dia. Quando vi eram 5:30 da manhã do dia 20 de setembro. Respondi o bom dia e ela me pedindo desculpas, pois havia esquecido do meu aniversario dias antes. Falei que tudo bem e era meio cedo para ligar assim, não precisava se preocupar, então ela falou que apesar de não ter dado certo o relacionamento ela me amava mesmo assim e queria me ver bem, disse não saber bem o porquê de ligar àquela hora, apenas sentiu.

Eu então sorri e agradeci a ligação, senti o coração leve e disse que a amaria por toda a vida, sentia muito pelo fim, mas que era o melhor, ela confirmou e me desejou um ótimo dia. Desligando o telefone, tomo um banho, me arrumo e saio, não para o trabalho, não para passear, mas fui visitar alguém, pego o carro e dirijo até o cemitério onde está enterrada a minha sobrinha, procuro a sua gaveta e lhe deixo algumas rosas brancas e acendo uma vela. Sinto uma brisa passar por mim, agradeço por ter me ajudado a passar essa noite e entender que a vida tem seus altos e baixos, mas nunca devemos desistir pois sempre acontecerá algo que irá nos surpreender e fazer com que acreditemos sempre que teremos algo melhor, pode ser um carro, uma casa, um novo amor, algo que nos faça acreditar que o amanhã será melhor.

Saio do cemitério e vou para um shopping, escolho algumas roupas e já me troco, vou até uma padaria e tomo um café, como uma omelete e saio correndo novamente, passo em uma loja de brinquedos infantis e compro alguns para os meus sobrinhos, no meio do caminho vejo uma empresa de turismo. Saio de lá com um pacote fechado para meus pais que nunca saíram da cidade. Passo em uma loja de festas e encomendo bolo, salgado e doces, não havia comemorado o meu aniversario neste ano, mesmo tarde não poderia passar batido. Chegando em casa, abraço todos de casa e digo que os amo. Entrego os presentes para as crianças, entrego o pacote para os meus pais e os doces e salgados para as minhas irmãs.

Enquanto elas arrumam as coisas eu saio de casa uma última vez nesse dia, passo na casa de uma pessoa, saímos para dar uma volta, enquanto comemos ela pede desculpas por ter terminado e que era o melhor a se fazer, eu me levanto e abraço, digo que não tem mais importância e que agora as nossas vidas estão se separando, mas somente o destino irá dizer o que vai acontecer com a gente. Eu a abraço mais forte e digo que a amo por toda a vida. Ela chora e eu digo para que sorria, pois, a vida é uma só e passa muito rápido, devemos nos alegrar pelo o que temos e seguir atrás do que queremos.

Deixo-a em na casa dela e volto para a minha, lá estão todos da minha família me esperando para cantar parabéns, eu vejo aqueles sorrisos, mas não pela festa e sim por eu ter voltado a ser quem eu era quando criança, feliz e de bem com a vida.

Para me inspirar e saber sempre que as coisas vão acabar um dia, acabei fazendo uma tatuagem que abrange toda dor e toda alegria que tive, duas músicas e duas datas, as músicas são "I'm still breathing" e "Not gonna die" ("Eu ainda respiro" e "Não vou morrer" em tradução livre) e as datas são 13, do dia em que tentei me matar, e 20, do dia em que reencontrei meu caminho e recuperei a vontade de viver.

Diário de um suicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora