3° Capítulo - A chuva que mudou tudo

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    O Colégio Luz da Alvorada era uma das poucas escolas que existiam naquela cidade de interior, e era a mais bem recomendada de todas. Apesar de ser pública, era preciso fazer uma prova para poder ser admitido como um aluno dela. A instituição tinha dois andares, um ginásio e um pátio gramado e com árvores frutíferas que ficava no centro da escola, o que ajudava a manter o local arejado e refrigerado, mesmo nos dias mais quentes. O cheiro de alguma fruta sempre impregnava os corredores do lugar, pois as árvores do pátio tinham safras em diferentes épocas do ano, e os alunos da escola sempre comiam as frutas de lá quando se esqueciam de levar lanche para a aula. Na frente da escola, ao lado do portão principal erguia-se uma torre com um grande relógio em cada uma das quatro paredes, e dentro dela um grande sino tocava quatro vezes ao dia: as seis da manhã, ao meio-dia, as seis da tarde e a meia-noite.

Naquele fim de tarde uma garota andava solitária pelos corredores da escola vazia. Por ser o período de férias de inverno, não haviam outras pessoas ali. A garota, de cabelos pretos lisos curtos e olhos azuis, usava uma camiseta preta com o rosto de um alienígena verde estampado, bermuda jeans, um casaco quadriculado vermelho-e-preto amarrado na cintura e tênis laranja-e-cinza. Sempre que encontrava uma porta, conferia se a mesma estava trancada, e após conferir a última porta, virou-se e foi até o outro lado do corredor, se apoiou na bancada e olhou para o pátio no centro da escola, de onde conseguia ver quase toda a instituição, menos o ginásio, pois este ficava por trás da construção. Começou a ouvir um ruído vindo do céu, e logo em seguida o som rasgante de um jato sobrevoando a cidade.

 - Mas que diabos... – A garota não terminou a frase, e saiu correndo.

Atravessou o corredor e chegou a uma sala de aula, puxou um grande chaveiro com dezenas de chaves enumeradas e com uma delas abriu a porta. Atravessou a sala de aula, cujas cadeiras e mesas dos alunos estavam perfeitamente alinhadas, e foi até uma das duas grandes janelas daquela sala, olhou para o céu mas não viu nenhum sinal do veículo que fizera aquele barulho. Começou a se perguntar o porque daquele jato estar passando por lá, e se isso teria algo haver com o tal grupo criminoso do qual fora alertada pelos militares quando saiu de casa. Todas aquelas dúvidas desapareceram de sua mente no momento em que viu um rapaz alto usando uma camiseta camuflada cinza e uma mochila camuflada verde surgindo de trás de uma casa amarela e correndo em direção a escola. A garota saiu da sala de aula e correu em direção ao fim do corredor, no qual havia uma escadaria que dava acesso ao andar de baixo e ao portão principal do prédio, duas grandes portas de madeira com floreios talhados. Abriu a porta direita do portão, a tempo de ver o rapaz correr em direção as janelas de uma sala que ficava a direita do portão.

 - Brendan! – Gritou a moça, chamando a atenção do garoto, que correu em sua direção ao ver a porta aberta.

A garota deu um passo para o lado, permitindo a entrada de Brendan na escola. Quando entrou, deu um forte abraço em sua anfitriã, e fechou a porta.

 - Brendan, o que você está fazendo?! – Perguntou a garota, confusa. – Quando você chegou?

 - Hoje mais cedo. – Respondeu Brendan, arrumando o cabelo bagunçado pois alguns fios molhados de suor estavam caindo sobre os olhos.

 - Pega. Usa isso. – Disse a moça, tirando debaixo do casaco amarrado em sua cintura, de um dos bolsos de trás da bermuda um tipo de tiara prateada e a entregando para Brendan, que a usou para prender seus cabelos.

 - Obrigado, Melissa. Mas desde quando você tem isso? – Questionou Brendan, olhando para os cabelos pretos curtos da amiga.

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