The First Feeling

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      As dezenove horas do dia onze de junho de 1997 Suzanne Vilar uma mulher esbelta de cabelos ruivos e pele morena, com olhos cor de mel, que mal acabará de completar seus trinta anos entrava em trabalho de parto sendo encaminhada pelo seu marido Carlos Oberan ao pronto socorro mais próximo de uma pequena cidade no Sul do Brasil chamada Luares. Carlos era um homem forte beirando os trinta e cinco anos, careca porém com uma barba digna de um lenhador e de uma pele também morena. Ele era amante de basquete e sempre que podia jogava em um campo perto de onde ele e a esposa moravam, e quando chegou de um de seus treinos viu a bolsa de sua mulher estourar e rapidamente a levou para o carro.

      Foi um parto normal e eu nasci saudável e bem e desde meu nascimento eu já sabia bem o meu propósito. A minha nova mãe olhou para mim com um sorriso encantador mesmo estando muito cansada, e suas primeiras palavras após aquele longo sorriso foram - bem-vindo ao mundo meu pequeno Oliver - e foi com essas palavras que fui recebido na minha nova encarnação.

      Um fato curioso sobre ceifadores e que desde os cinco anos de idade já podemos exercer nosso trabalho como guias para o mundo espiritual, e desta vez não foi diferente.

      Pouco depois de eu completar cinco anos, enquanto assistia tv, o tempo parou para mim e eu fui teleportado para a casa do meu vizinho onde encontrei ele sentado em frente ao seu corpo morto na cozinha, ele sabia que tinha sofrido um infarto e sabia bem o que estava acontecendo e ao me ver, me perguntou calmamente - Você é um anjo ? - de muitas pessoas que já guiei ele tinha um olhar plenamente calmo e sentia que finalmente tinha descansado.

      Me aproximei dele e disse - Meio que sim, mas, estou mais para um guia entre este e o seu próximo passo - após minha fala e levantou-se, respirou profundamente e falou - estou pronto para ir onde quer que eu deva - rapidamente num estalo de dedos abri o portal do mundo espiritual e ele sem nenhuma pergunta a mais e com um pequeno sorriso no rosto seguiu e entrou no portal que brilhou intensamente foi assim que eu soube que ele foi para o melhor dos lugares.

      Logo após o portal se fechar eu voltei para casa, o tempo voltou ao normal e eu voltei a ver tv, pouco depois do almoço minha mãe recebeu a notícia de que nosso querido vizinho e amigo da família a anos havia falecido o que lhe causou grande mágoa e foi vendo ela chorando que me perguntei como seria sentir aquilo ou a felicidade do descanso que o vizinho sentiu e essa pergunta eu já tinha desde muitas encarnações passadas, pois os ceifadores não tinham a capacidade de sentir grandes coisas e de ter ligações fortes com os humanos mesmo vivendo entre eles para que estes tais sentimentos não afetasse o nosso trabalho. Mas como das outras vezes eu rapidamente deixei este pensamento de lado, mal sabendo que futuramente isso teria uma resposta imprevisível.

      Segui tendo uma vida normal e cumprindo meu dever como ceifador, aos sete anos conheci a pessoa que mudaria minha existência, Valquíria Caroline uma garota de olhos verdes cabelos cacheados bem longos e morenos, branca e com sardas em seu rosto que agora era minha nova vizinha e que veio até mim no exato momento em que me viu e disse - de todas as pessoas que já conheci, você é o mais arrumadinho - sim, essa foi a primeira coisa que ela me falou ao me ver o que foi muito engraçado e o que nos aproximou pra caramba. Nos meses que se seguiram a Vi ( apelido que dei a ela ) entrou no meu colégio e começou a frequentar minha casa constantemente alimentando gradativamente uma grande amizade que não possuí em nenhuma de minhas vidas. 

      A Vi sempre foi muito educada e simpática com todos, ela tinha um sorriso que deixava todos felizes com sua presença, ela facilmente fazia amigos mas sempre estava ao meu lado em tudo, ela era o tipo de amiga pra tudo até nos momentos mais tristes, mas esses quase nunca aconteciam.

      Quando tínhamos 15 anos e estávamos para entrar no ensino médio ela me puxou no último dia de aula na qual estava rolando uma despedida de fundamental com um pequeno baile e dançou comigo pelo salão e disse que ela nunca me largaria e que eu era a pessoa mais importante na vida dela. Naquele momento pela primeira vez em minha existência eu senti algo porém não sabia o que era e nem procurei me preocupar.

      No ensino médio percebi o quão o mundo mudou desde minha última vida na qual eu vivi épocas de ferramentas e devastação constante uma das épocas que tive mais trabalho pois as pessoas eram mortas constantemente mas desde que nasci de novo as coisas andam mais calmas apesar de alguns conflitos e as pessoas tem sido mais politizadas e lutadoras e a Vi era uma dessas pessoas sempre participou de grupos de debates e um de seus maiores desejos era ser advogada.

      Foi nessa época também que conheci grandes amigos; O Roberto um filho de um fazendeiro que tinha um sotaque bem forte olhos castanhos escuros e um cabelo loiro, uma pele bronzeada por causa dos trabalhos no sol quando ajudava o pai e por isso também ele era bem forte; A Lore uma intercambista que mais tarde acabou vindo morar com os tios no Brasil ela era da África do sul e tinha também um forte engajamento político principalmente na luta dos direitos de negros e mulheres ela tinha a pele escura como a noite olhos como os da minha mãe, um cabelo lindo e bem cacheado e uma aparência digna de uma modelo mas amava macacões e sempre usava; E, por fim o Jorge que vinha de uma família de índios com sua pele morena, cabelo liso e olhos pretos ele era o tipo de pessoa que contava grandes histórias e que vivia a vida ao máximo porém seguindo sempre seus deveres familiares e também ele era o líder do grupo de debates do colégio.

      Tive grandes lições nessa época e vi como a criação dos celestiais evoluía tão bem que fiquei admirado aos poucos essa vida nova acabou que me fez esquecer um pouco o trabalho da minha existência e aproveitar a vida humana ao máximo mesmo eu sabendo que essa aproximação excessiva não era muito permitida eu segui achando que nada de mal poderia acontecer, afinal eu só estava curtindo um pouco mais esse jeitinho livre de ser.