Capitulo Cinco

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     A única coisa que eu conseguia pensar naquele momento era, quem caralhos é Miguel?

    Fiquei tão absorto, que quando percebi estava sentado no banco do carona e estávamos saindo pelos portões do lote. Finalmente me lembrei que dera um nome fake para Marco, o que me deixou envergonhado pois não achei que iria me encontrar com ele, nunca mais.

-Que tal um pouquinho de musica?- perguntou Marco, enquanto ligava o que parecia ser o radio.

- Por que você simplesmente não aparelha com seu celular e escuta sua playlist?- aquele carro parecia ser todo tecnologico, não fazia sentido nenhum para mim ele ligar o radio.

- Eu sou um cara simples- disse ele, com um carro que provavelmente custa mais que minha casa.- alem disso, eu não sou muito bom com tecnologia.

     Eu o encarei, ele parecia corar um pouco ao admitir isso, o que me deixou abismado e ao mesmo tempo curioso ao ver essa rara espécie de adolescente. Confesso que até achei meio fofo e isso acabou me fazendo cometer um erro gravissimo.

- Bom, eu poderia te ensinar como fazer isso um dia desses- disse sem pensar, por acaso eu era idiota? me arrependi de ter falado isso no segundo em que soltei aquela frase. Marco me encarou por um momento, como se me estudasse com os olhos e ao voltar a encarar a estrada sorriu.

- Seria divertido, por que não me passa o seu numero?- ele disse, eu estava prestes a soltar uma desculpa esfarrapada quando começa a tocar uma musica na radio. 

     Era uma musica que eu conhecia muito bem, Paris in the Rain do Lauv era a minha musica, a nossa musica. Ouvir aquela musica só me fez lembrar de tudo o que aconteceu entre mim e Alice, eu costumava a dizer que era do jeito a musica descreve como eu me sentia quando estava com ela.

     A musica de repente a musica para. Olho  para o radio e vejo a mão de Marco, quando o encaro ele tinha uma expressão perturbada, como se tivesse escutado algo desagradável e então quando ele percebe que eu estou encarando tenta dar um sorriso e falha miseravelmente.

- Foi mal- diz ele- Eu só... estou cansado de musicas de amor.

- Eu te entendo- acabei simpatizando com sua dor, e resolvi ser sincero- eu meio que ainda não superei meu termino, e essas musicas só me fazem lembrar dela...- Marco então sorri com solidariedade. 

- É um pouco mais complicado que isso para mim, basicamente ... eu odeio o amor- ele falou a ultima parte com uma voz fria e olhos inexpressivos, muito mais parecidos com o olhar que ele tinha no primeiro momento em que o vi.

- Me desculpe- soltei quase em um sussurro. Eu não sabia o que dizer naquele momento, sentia que o clima estava pesado e que era por minha culpa, então involuntariamente me desculpei já que não iria suportar ficar em um silencio sufocante.

     Me encolhi um pouco e desviei o olhar para a estrada quando Marco me encarou novamente, eu podia sentir seu olhar sobre mim e aquilo me deixava inquieto. Depois de um agonizante minuto de silencio ele da um enorme suspiro, como se estivesse cansado em manter toda aquela tensão no ar.

-Sabe, você é um cara legal Miguel- diz ele- Eu tenho que admitir, só te segui por que achei que você tinha roubado alguma coisa ou algo do tipo mas... parece que eu estava errado em suspeitar de você.

     Aquilo me fez esquecer completamente que estávamos em um momento de tensão e  acabei por encarar-lo com olhos indignados. Eu sei que com certeza era o cara mais pobre naquela festa isso é meio óbvio, mas não é razão para suspeitar que eu sou um ladrão ou "algo do tipo". 

     Sempre me esforcei para ser uma boa pessoa na qual Alice se orgulharia em se casar, e que pudesse proporcionar o melhor para meus filhos com ela e ter um trabalho digno. Aquela frase me ofendeu horrores.

-Ei!- exclamei

- Eu sei, eu sei- Marcos sorriu- mas pensa comigo; Imagina que você esta na festa de um amigo de infância e então encontra um completo desconhecido em um lugar que ele não deveria estar, e quando você vai falar com ele, ele diz que precisa ir embora e te pergunta a maneira mais rápida de sair ...isso não é estranho? 

     Eu nunca tinha pensado por essa perspectiva, o jeito que Marco me abordou foi até cortes levando isso em consideração eu teria feito um escândalo e provavelmente chamado a policia... Okay talvez eu esteja exagerando, mas eu definitivamente seria mais hostil. Aquilo me fez sentir remorso por ter mentido meu nome e omitido a verdade de marco, ele era um cara legal a pesar de tudo.

-Eu, eu nunca parei para pensar dessa forma- admiti.

-Ah, mas fica pior, quando o completo desconhecido tenta me rejeitar de qualquer jeito sabe?- ele pergunta de forma retórica e me encara com o canto do olho, o que me faz corar e olhar para o outro lado. Eis que eu escuto um risinho vindo do lado do motorista, o maldito só pode estar zoando com a minha cara, então eu o encaro perplexo e irritado.

-Me desculpe- ele diz, segurando mais um riso- é só que... nunca imaginei que sua reação seria tão adorável, então não resisti de te provocar um pouco.

     Nesse momento sinto um leve arrepio na nuca, meu coração acelera um pouco. Qual é a desse cara? ele me irrita mais que o Toby, mas eu só consigo me sentir envergonhado perto dele, e eu odeio isso.

-Isso não tem a menor graça- murmuro

- Foi mal, serio mesmo Miguel-aquilo estava me matando, cada fez que ele me chamava pelo nome falso eu me sentia cada vez pior por mentir para ele. Eu não entendo porque, tipo quem liga eu provavelmente nunca mais vou ver ele na minha vida afinal, somos de mundos completamente diferentes e nunca daria cert... o que diabos eu estou pensando? 

-Hey, não faça essa cara- ele para o carro e olha para mim sorrindo- chegamos.


Eu Odeio o AmorWhere stories live. Discover now