Tem dias que eu acordo me odiando
Me odeio tanto que quero ser outra pessoa
Quero arrancar o meu rosto de mim,
O meu corpo do meu.
Nesse dia, bom senso, nem me chame
Nem fale comigo
Me deixe sozinha em meu quarto
Com meus pensamentos depreciativos.
A essa altura até a coragem foge de mim
E minha cara se recusa a sair de casa
Para que ninguém veja a hediondez estampada no tecido de minha pele.
Nesse dia eu sou a minha própria vilã
Conjugo meu futuro no passado
Ignoro os compromissos
Invento mentiras
Adoeço minha mãe, minha vó e o cachorro que eu não tenho.
Espelho, esconda-se de mim!
Não deixe que eu te aviste
Nem pelo canto dos olhos
Abnego o desgosto relance do meu reflexo.
Nesse dia eu listo todas as coisas que odeio:
1- Eu
2- Eu
3- Eu
Queria poder comprar peças de autoestima
Para me despir de todas as regras sociais
E me vestir sem as amarras que me prendem:
(x) Aparência
(x) Beleza
(x) Perfeição
Nesse dia, o dia vira plural
E o ódio singular
Tem dias que me odeio tanto que odeio esse dia
E tem dias que esse dia é hoje.
G i o O l i v e r c
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Eu (não) escrevi isso pra você!
Poezie"Teus olhos são meus livros. Que livro há aí melhor, Em que melhor se leia A página do amor? [...]" (Machado de Assis) "Eu (não) escrevi isso pra você!" reúne reflexões e poesias que percorrem as veredas dos sentimentos. Embarque pelos versos e se i...
