Mas quem, diabos é você?

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O choro ecoou pelos quatro cantos do hospital... Na sala de espera um homem andava de um lado a outro quando parou surpreso.

-Eva...
Podia ser visto a quilômetros de distância por sua face, que o choro, para ele, soou como rouxinóis a cantar alegrando aquela manhã.
Ele entrou na sala, convidado pela enfermeira.
-Senhor...
Passou por ela rapidamente e sorriu ao olhar pra face de sua esposa cansada e sorridente.
-Amor... Ela sussurrou.
Era difícil pra ele falar.
Olhar o rosto daquela mulher era como olhar todos os anjos de luz no céu voando. Era mágico.
-Ei querido... Venha conhecer a nossa princesinha... Princesa Eva.
Ela falava cantando, com a voz rouca e cansada.
Ele se aproximou, limpando o suor da testa de sua esposa. Tinha sido um parto difícil, ela sofreu algumas horas por falta de dilatação.
Olhou para a bebê em sua frente.
Ele nunca quis filhos, nunca quis nenhum vínculo que poderia ser-lhe tirado bruscamente a qualquer momento. E agora ela estava ali...
-Meu Deus... Não haviam palavras para definir aquele sentimento.
Eva chupava a mãozinha esquerda e cheirava a mãe tão forte como se quisesse voltar pra onde julgava não estar preparada pra sair.
-Ei ei... Olha aqui o papai... a voz começou a embargar. -Como ela se parece com Erik...
-Sim... É a cara dele quando bebê... -Onde ele está? Onde está Erik?
Ela ficava nervosa com frequência. Na realidade ele podia jurar que foi esse o motivo pelo qual se apaixonou por Anna.
Quando a viu a primeira vez naquele banco, teve a certeza que não poderia deixar de olhar para aquele rosto novamente.
-Ei... Calma querida. Ele está ali fora, com a Madáh... Está tudo bem.
Ela respirou aliviada.
-Nossos filhos meu bem.
Ele a beijou.
-Sim... Nossas vidas meu amor.
-Com licença... A enfermeira pediu sorrindo da porta. -Que tal levarmos está princesa pra fazemos os exames? O pediatra está aguardando...
Ele olhou para enfermeira e concordou com a cabeça.
-Vá junto Liu, não quero nossos filhos sozinhos. As batidas dela aumentaram​ e ele achou melhor não contraria-la.
Olhou para enfermeira.
-Nao tem problema, o senhor pode nos acompanhar... Vai ser rápido eu prometo.
Suspirou. Ele odiava deixá-la​ sozinha, nem que fosse por um segundo, depois de tudo que ela passou pra dar a luz a sua filha.
-Eu vou voltar tão rápido que você não vai nem perceber.
Anna riu, fazendo uma careta de dor.
-Eu espero que sim.

PRIMMMMMM!
-O sapo Ben!
Todos os dias eu me perguntava por que o sapo bem ainda residia aquela casa.
Era sábado e eu havia esquecido de desligar o despertador. Como não conseguia voltar a dormir decidi levantar.
Visualizei a secretária eletrônica, sim eu tenho uma secretária antiga porém eletrônica. Havia uma mensagem.
Oi Girl... É a Maria... Se lembra ainda? Haha...
Estive pensando em você esses dias... Você mudou o número do celular​?
Bom... Estou com saudades.
Vou dar uma festa no outro fim de semana... E estarei patinando hoje no nosso parque favorito. Bom, era nosso a algum tempo atrás...
Aparece lá. Bjs.
Respirei fundo e me preparei para um longo banho de banheira.
Essa banheira. Tantas histórias dentro dela, leituras, champanhes, amor, risadas.
Acordei menos nostálgica do que o dia anterior. Era como se só precisasse de um dia pra viver tudo aquilo, e no dia seguinte, a vida continuava.
Fiquei pensando no convite de Maria e como poderia ser bom talvez fazer algo diferente, ou melhor, algo igual que não fosse ficar trancada naquele apartamento.
Eu precisava de um hobby. Algo pra conduzir meus pensamentos, só o trabalho não estava ajudando. Precisava de uma vez por todas seguir a minha vida depois do Vincent.
Então lembrei que minha faculdade estava trancada e dentro de uns três meses iria expirar meu prazo para retoma-la sem perder as matérias já realizadas. Eu amava a profissão na qual tinha escolhido trabalhar mas depois do fim do meu relacionamento fiquei sem cabeça para continuar na faculdade.
Vinte e três minutos e já havia conseguido atualizar meu cadastro e marcar minha próxima aula pelo site. Viva a internet.
Estranhamente fiquei muito animada. Às vezes ficava assim depois que a data do término passava. O problema eram só as recaídas.
Eu não era uma pessoa triste... Passei a ser reservada. Da pessoa que todos adoravam ter por perto por ser alegre e divertida, passei a ser a que ninguém mais queria convidar pra nada por ser distante e indiferente. Eu não tinha mais a atenção voltada a eles. Na realidade pouco me importava os assuntos triviais das pessoas, eu foquei em mim e não fiz nada de grandioso com essa prioridade que me dei.

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