Voltas e as voltas que a vida dá

200 18 9
                                    

-Papai? Papai? - a garotinha gritava pela casa apavorada, ela e o irmão estavam brincando e ele caiu de uma árvore, uma altura considerável.

No auge dos sete anos, os irmão adoravam desafiar tudo que os pais negavam, subir em árvores, nas mais altas delas, era o ápice da teimosia e depois de muita insistência de Lauren, os dois tinham subido, mas Christopher sempre fora uma criança medrosa, que fazia tudo apenas para não ficar por baixo em relação a irmã.

-Hey! - Michael a parou - O que aconteceu? - perguntou preocupado e ela tinha os olhos verdes terrivelmente arregalados pelo medo.

-O Chris - disse sem fôlego - Ele caiu e não acorda - choramingou e foi a vez de Michael arregalar os olhos.

-Vamos até ele - disse sacando o celular e discando para a emergência.

O garoto estava caído e sua cabeça sangrava um pouco, Lauren ficou ainda mais assustada ao ver o sangue. Sangue era sinal que algo muito ruim tinha acontecido, e ela se culpava, sabia do medo dele e mesmo assim insistiu.

Chris foi levado ao hospital e lá concluíram uma pequena concussão, o braço esquerdo quebrado e alguns ralados pelas pernas, podia ter sido pior. Mas a garota já achava ruim o suficiente, então se ofereceu para doar sangue para o irmão, já sabia ler e ao ver o cartaz no hospital, teve a solução para tudo.

-Eu quero doar sangue para o Chris, mamãe - disse chamando a atenção da mulher que a encarou com o cenho franzido - Eu vi ali - apontou para o papel e Clara seguiu em direção lendo, Michael a olhou e sorriu nervosamente.

-Não será necessário, querida - sorriu de um jeito estranho - Ele já está bem.

A garota franziu o olhar, mas sorriu.

-Se um dia ele precisar eu dou meu sangue para ele então - soou orgulhosa de si mesma e Michael encarou a esposa.

-Vamos torcer para que ele nunca precise, meu amor - disse beijando a cabeça da garota.

Lauren dirigia atenta, mas sua cabeça rodava em pensamentos que ela não conseguia controlar, o almoço tinha sido muito agradável, mas ela sabia que nem tudo estava bem.

-Você parece preocupada - Camila disse colocando a mão na nuca dela e ela sorriu, o carinho aliviava a dor de cabeça que ela sentia no momento.

A morena se virou e negou.

-Só estou cansada, Camz - disse a verdade - Fazia algum tempo que não dirigia tanto - explicou e Camila fez um som nasal - Não uso carro na Suécia.

-Se você quiser eu posso dirigir até em casa - a palavra casa saiu meio estranha, uma vez que ela não imaginava mais aquele lugar como sendo sua casa, Lauren a encarou questionadora - Eu não quero ficar lá.

-Eu sei, eu também não - deu os ombros, para ela era mesmo indiferente.

Não era como se tivesse tantas lembranças boas lá, até porque podia sentir a presença de Michael em cada cômodo como uma lembrança de quem foi, e isso era mesmo incômodo.

-Sei que você falou sobre o apartamento, mas - disse suspirando - Acho que vou para a casa do meu pai.

Lauren aproveitou o sinal fechado para encarar a garota intensamente.

-Você não quer ir comigo? - perguntou um pouco insegura.

-Eu só acho que.. você acabou de voltar e nós fazermos isso assim, parece tão precipitado e eu não quero que você se arrependa - disse baixo, a morena segurou a mão dela - Tenho medo que dê errado.

São Francisco Onde histórias criam vida. Descubra agora