Capítulo 1 - Piloto

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O estiloso Jaguar F-Type vermelho estacionou em frente a um local pouco convidativo, ao qual a Srta. Jauregui estava acostumada a frequentar pelos últimos dias. A construção de madeira lembrava muito um estábulo ou galpão antigo, escondido no interior de um grande terreno aparentemente abandonado, mas que recebia uma estranha movimentação no passar dos últimos dias.

A mulher usava os seus cabelos negros bem presos em um rabo de cavalo alto, uma roupa preta de couro justa ao corpo, e um par de luvas da mesma cor. Estava vestida e arrumada perfeitamente ao evento que se iniciava naquela noite, a não ser pelo clássico par de Louboutin em seus pés, que possuíam a sola vermelha como o sangue que estava prestes a ser derramado.

Mais preparada do que nunca deixou o conversível para trás, batendo a porta com força e entrando em direção ao portão dos fundos do galpão, fazendo com que o barulho dos saltos ecoasse contra o piso de concreto. Enquanto destrancava o cadeado que mantinha o local fechado, era possível ouvir grunhidos ininteligíveis vindo do interior do ambiente, as portas se abriram e ela ligou a única lâmpada que iluminava pouco a sala praticamente vazia, revelando somente um homem branco de estatura mediana e cabelos negros, amordaçado e amarrado na cadeira. Seus olhos escuros arregalaram-se de pavor ao ver a mulher, que rondou pelo ambiente como se ele nem estivesse ali, observando as fotos e documentos espalhados sobre uma mesa, que revelavam meses de investigação.

O sujeito ali presente tratava-se de Dominic Johnson, um importante político que ocupou por último o cargo de senador do estado de Nova York, antes de abandonar o cargo no meio do mandato e se exilar em algum lugar protegido das ameaças que havia começado a receber a mais de uma década. Aparentemente, não com muito sucesso. A empresária se aproximou da sua presa fácil e puxou outra cadeira para sentar de frente para ele, sacando o seu revólver calibre 38 da cintura e retirando a mordaça.

– Eu sugiro que você faça silêncio e responda somente quando eu perguntar. – Falou com a voz rouca, deixando a arma visível ao homem que somente acenou com a cabeça enquanto começava a tremer de nervosismo, já pressentindo o seu destino.

Tomada pela ansiedade, logo ela abandonou a cadeira e começou a andar em círculos em volta do homem, elaborando o seu próximo ato.

– Em todos estes anos de investigação eu nunca consegui encontrar nenhuma prova de corrupção contra o senhor, Johnson. Ou será que já tenho intimidade o suficiente para chamá-lo de Dominic? – Brincou, mas sem esboçar nenhum sorriso. – Enfim, continuando. Ou você é muito bom no que faz, ou então é... Realmente honesto. Algo difícil de encontrar nos dias de hoje, não é mesmo?

– Eu sou. Você está com o cara errado, eu sou honesto! Não tem como encontrar nenhuma prova contra mim, eu sempre fiz o melhor pelo meu Estado. – Balbuciou em nervosismo.

– Querido, isso não é o que vem ao caso aqui. Eu não queria estar fazendo isso, mas infelizmente você é só a isca para me fazer chegar aos peixes grandes. – Respondeu antes de sentar novamente de frente para o político. – Mas pensando bem, talvez você seja mais útil vivo, se puder me dizer exatamente o que eu preciso saber. O que você sabe sobre "A Ordem"?

Ele engoliu em seco, como se apesar de toda a presente realidade as coisas ainda tivessem como piorar.

– Então é isto. Eles me acharam, você é a enviada para me matar. – Concluiu.

– Não. Eles não te acharam, eu achei. E quero que você me diga tudo o que sabe sobre eles. Como eu te disse, Dominic... Você não é o principal alvo aqui.

– Eu não sei muita coisa. A Ordem atual não é a mesma de quando eu fiz parte, os principais membros da fundação foram assassinados, e eu estava foragido, como bem sabe.

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